Terapia ocupacional, pouco conhecida, tem atuação ampla no cuidado de idosos

Profissionais aliam cuidados físicos e mentais na recuperação dos pacientes

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São Paulo

Os terapeutas ocupacionais estão em evidência desde o fim da fase aguda da pandemia. Eles intervêm na reabilitação de pacientes, atuação que, num país em envelhecimento, abarca cada vez mais os idosos.

No Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, a demanda por esses profissionais cresceu de 30% a 40%. São várias as frentes de atuação, do aspecto físico ao mental, o que é visto como atrativo para quem está na área.

Carolina Polloni de Donato, terapeuta ocupacional do Residencial Israelita Albert Einstein e atua na reabilitação e tratamento de idosos
Carolina Polloni de Donato, terapeuta ocupacional do Residencial Israelita Albert Einstein e atua na reabilitação e tratamento de idosos - Lucas Seixas/Folhapress

"Eu sinto que esse conhecimento mais amplo que temos na terapia ocupacional permite que a abordagem com o paciente seja mais completa e também mais efetiva, podendo trabalhar bem em conjunto com várias áreas, especialmente a fisioterapia e a psicologia", afirma Carolina de Donato, 29, que trabalha no Residencial Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Donato afirma que um terapeuta ocupacional pode, por exemplo, ajudar uma pessoa a voltar a comer sozinha.

Para dar conta das diversas possibilidades de atuação, na graduação há aulas de sociologia, introdução à psicologia e bioquímica, conta Leonardo Gabarra, 20, estudante da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).



"Não sabemos para onde o mercado de trabalho vai nos levar logo ao sairmos da graduação. O aprofundamento em um dos campos é muito importante, mas isso pode ser feito em uma pós-graduação ou especialização."

É o caso de Donato, que, formada em 2015, fez pós-graduação em terapia ocupacional aplicada à neurologia no próprio Albert Einstein, onde trabalha hoje. Segundo ela, o cuidado de pessoas idosas têm semelhanças com o de pacientes de quadros neurológicos, como a necessidade de cultivar resiliência para recuperar certas habilidades.


Ela conta que, em 2020, durante a pandemia, pôde aliar seu trabalho no residencial a um talento. Participante de grupos de palhaços que visitam hospitais, Donato idealizou um programa de televisão interno para entreter os idosos durante os períodos de isolamento.

Atualmente, no estado de São Paulo, quatro universidades públicas têm graduação na área: USP, Unifesp, Unesp e UFSCar. A duração média do curso presencial é de quatro anos. Nos processos seletivos, a concorrência é baixa.

No caso da USP, são sete candidatos por vaga, no programa oferecido na capital paulista. Em Ribeirão Preto, no interior, o número cai para quatro.

Nas particulares, na maioria dos casos, a formação é parcial ou completamente a distância e tem a mesma duração.

Carolina Polloni de Donato, terapeuta ocupacional do Residencial Israelita Albert Einstein e atua na reabilitação e tratamento de idosos
Carolina Polloni de Donato, terapeuta ocupacional do Residencial Israelita Albert Einstein e atua na reabilitação e tratamento de idosos - Lucas Seixas/Folhapress

Gabarra conta que sempre quis fazer o curso, mas diz acreditar que há muito desconhecimento em relação à área. Segundo ele, muitas vezes as pessoas não sabem do que se trata, quando conta que cursa terapia ocupacional.

Para Donato, essa falta de conhecimento leva a uma redução no investimento na formação desses profissionais, apesar da demanda.

"Apesar de muita gente não conhecer a área, hoje a lei obriga que haja um terapeuta ocupacional em cada UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e em hospitais psiquiátricos", afirma ela.

Carolina explica que, nas UTIs, a presença do profissional é importante para auxiliar a recuperação gradual dos pacientes e a readaptação a tarefas como caminhar, se alimentar e mesmo respirar, que ficam prejudicadas após a internação.

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