Consultores ajudam idosos a equilibrar a vida financeira

Profissionais têm atuação diferente do assessor de investimentos e podem ganhar até R$ 20 mil por mês

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São Paulo

A função dos consultores financeiros tem ganhado protagonismo com o debate sobre a relevância da educação financeira e de seu ensino desde a infância, inclusive entre o público que tem mais de 60 anos.

Entre os idosos, as demandas partem tanto de quem busca lidar melhor com o dinheiro e usufruir do patrimônio acumulado ao longo da vida quanto de quem precisa controlar gastos e readequar o padrão de vida.

"Há três perfis de clientes: aquele que está endividado, com consignados e empréstimos, e não dorme direito. Outros são bem-sucedidos e querem fazer a transição aos filhos. O terceiro tem bens e recursos, mas não sabe lidar direito com eles", afirma Emerson Santos, CEO da Finex Brasil.

Retrato de Emerson, um homem branco com cabelos curtos, pretos e lisos; ele veste camisa branca e blazer preto; sorrindo, ele está sentado à mesa de seu escritório
Emerson Santos (33), consultor financeiro e CEO da Finex Brasil - Bruno Santos/Folhapress

Seja no escritório, seja a domicílio, a consultoria para pessoas idosas prioriza os encontros presenciais, enquanto os clientes das demais faixas etárias costumam ser atendidos a distância, em consultas online que duram duas horas, afirma Santos.

Há cerca de dois anos, ele presta serviço para a empresária e corretora de imóveis Marilene Gomes de Souza, 64, que fundou uma imobiliária com a filha. Os atendimentos acontecem semanalmente, abordando uma pauta específica.

"Comecei a dar mais valor ao dinheiro e às conquistas. Esse recurso, se bem direcionado, torna possível resolver as coisas. Com uma pessoa especializada auxiliando, fica mais fácil", diz Marilene, que também é artista plástica.

"Quando falamos do cliente que é idoso, precisamos analisar que tudo vai ficar mais complicado conforme ele envelhece. Além disso, ainda temos muito preconceito, etarismo com o idoso no mercado de trabalho", afirma o consultor de estratégia Edson S. Moraes, que também é mestrando em ciências do envelhecimento pela Universidade São Judas Tadeu.

O planejador financeiro Edson Del Araujo explica que, geralmente, o objetivo dos clientes idosos ao buscar uma consultoria não é planejar a aposentadoria. "Alguns precisam de uma sobrevida, ou seja, não têm mais renda. Então, fazemos uma análise de até quando o dinheiro que possuem vai durar. Assim, adaptamos o seu custo de vida."

Del Araujo conta que, ao atender adultos de 30 a 40 anos, questiona esses clientes sobre a preparação financeira dos pais que são idosos. "Muitas vezes, uma simples troca de convênio médico por um plano que prevê um percentual menor de reajuste já melhora a condição de vida", afirma ele.

À mesa de um escritório, estão sentados Marilene (à esquerda) e Emerson (à direita), que conversam; ela é uma mulher branca, com cabelos lisos e loiros na altura do ombro; ela veste blazer com estampa de onça; Emerson é um homem branco, com cabelos curtos, lisos e pretos, e veste camisa branca e terno preto
O consultor financeiro Emerson Santos (à dir.), CEO da Finex Brasil, atende a empresária e consultora imobiliária Marilene Gomes de Souza no escritório da Finex - Bruno Santos/ Folhapress

A média salarial desse profissional é alta. De acordo com o site Glassdoor, que agrega informações sobre salários, cargos e empresas, esse profissional pode faturar R$ 24,5 mil por mês.

"É claro que essa faixa varia, pois depende do conhecimento técnico do profissional, do tipo de cliente e do serviço prestado", afirma Santos, da Finex.

Na prática, os consultores lidam com aspectos comportamentais e educacionais do cliente. "O meu trabalho é aconselhar, incentivar que a pessoa desenvolva uma consciência financeira. É um processo de educação mesmo. A saúde financeira de uma pessoa é tão importante quanto a física e a mental", afirma Moraes.

O ideal é que o profissional conheça e tenha experiência no mercado. Formações ligadas à gestão, como administração, economia e contabilidade, são recomendadas.

A profissão não é oficialmente regulamentada ou representada por conselho ou órgão de classe.
Há cursos que capacitam o consultor, como certificações da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e a CFP (Certified Financial Planner), que avaliza os planejadores financeiros.

O consultor financeiro se diferencia do assessor de investimentos, que tem outro papel e é regulado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). "O assessor entende o mercado financeiro. Poderá indicar onde investir, em quais produtos e soluções", explica Marcelo Malta, da Arcani Investimentos.

Não há um portal que certifique consultores, como é o caso da CVM para os assessores de investimentos.
O interessado em contratar uma consultoria deve pesquisar as avaliações das empresas e dos profissionais para encontrar aqueles que se adequem ao seu perfil.

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