Era Outra Vez

Literatura infantojuvenil e outras histórias

Era Outra Vez - Bruno Molinero
Bruno Molinero
Descrição de chapéu Livros

Editora Nós lança PequeNós, com livros infantis de Valter Hugo Mãe e Virginia Woolf

Selo nasce com cinco títulos e faz aposta em autores brasileiros contemporâneos, como Marcia Tiburi e Rodrigo Ciríaco

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Quem entrar numa livraria nos próximos dias vai encontrar uma novidade nas prateleiras para crianças. Não são apenas livros novos, mas uma editora nova. A Nós acaba de lançar o seu selo de infantis, chamado PequeNós.

O projeto não é bem uma surpresa e já havia sido divulgado há um ano, em abril de 2022. Mas é só agora que ele sai do forno e chega aos leitores, após reorganizações para cumprir cronogramas de editais de compra governamental que adquiriram os primeiros títulos do novo selo.

Ilustração de Alexandre Rampazo para "O Menino, o Assovio e a Encruzilhada", da PequeNós
Ilustração de Alexandre Rampazo para "O Menino, o Assovio e a Encruzilhada", da PequeNós - Divulgação

São eles "Vovó Virou Semente", de Rodrigo Ciríaco e Priwi; "Sarauzim", uma antologia organizada também por Ciríaco, mas com ilustrações de Isabela Santos; "De Galo em Galo", de Paulo Netho e Ana Lasevicius; e as novas edições de "O Menino, o Assovio e a Encruzilhada", de Afonso Borges e Alexandre Rampazo, e "A Avó Adormecida", do italiano Roberto Parmeggiani e do português João Vaz de Carvalho, que migram para a editora. Eles estão em pré-venda e custam de R$ 50 a R$ 66.

"Quando eu criei a Nós, desenhei um projeto de literatura brasileira contemporânea e de literatura infantojuvenil contemporânea", conta Simone Paulino, editora e fundadora da casa. "Tanto que nosso primeiro Jabuti foi com um infantil", continua ela, referindo-se a "A Divina Jogada", de José Santos e Eloar Guazzelli, que ficou em terceiro lugar na categoria infantil de 2016.

Embora "A Divina Jogada" não esteja mais no catálogo, os outros infantojuvenis da Nós ganharão novas edições e estarão sob o guarda-chuva PequeNós —são os casos de "Zumbi Assombra Quem?", de Allan da Rosa e Edson Ikê, e de "O Mundo de Arturo", da mesma dupla Parmeggiani e Vaz de Carvalho, por exemplo.

Segundo Paulino, o catálogo era para ser até maior. "Era a ideia, mas veio esse grande tsunami na vida brasileira, primeiro o governo Bolsonaro e depois a pandemia. Tinha vários projetos, mas segurei todos, porque fazer livro infantil é muito caro. É o dobro do investimento para produzir um livro normal."

Ilustração de Isabela Santos para "Sarauzim", da PequeNós
Ilustração de Isabela Santos para "Sarauzim" - Divulgação

O fio condutor do novo selo pode ser visto na diferença entre os dois livros recém-lançados que têm avós nos títulos.

"Vovó Virou Semente" brota da pandemia e apresenta a relação entre a matriarca e sua neta, que se separam por causa do coronavírus e são ilustradas a partir de certo ponto com máscaras. Como a avó trabalha como empregada doméstica, porém, ela continua saindo de casa —e a partir daí aparece o luto, a ausência e os buracos que muitas famílias tiveram que enfrentar.

Já "A Avó Adormecida" também trabalha com a falta, mas apresenta um neto cuja avó dorme o dia inteiro, faz tempo. Antes disso, ela vinha tendo comportamentos estranhos, como colher flores para fazer bolo e dizer que tinha vontade de ir à Lua. Até que ela parte para uma viagem sem volta. Ao contrário de "Vovó Virou Semente", aqui não há ônibus, bolinhos de chuva e jardins. A leveza é construída a partir de príncipes encantados, pipas e limonadas.

De um lado, está uma típica periferia brasileira. De outro, o flerte com contos de fadas, num registro mais europeu. "Esses dois mundos já mostram um pouco da ideia. Queremos dialogar com os clássicos e produzir livros ilustrados altamente sofisticados, mas sem deixar de olhar a produção brasileira. É o equilíbrio entre a avó italiana e a avó da periferia que morre de coronavírus", conta Paulino.

No segundo semestre deverão ser lançados mais duas obras. Um infantil de Marcia Tiburi, "Marina e os Monstros", e um de Virginia Woolf, "A Viúva e o Papagaio". Com planos de ter seis novos títulos por ano, o selo publicará mais para frente outra edição de Woolf, "A Cortina da Tia Bá", e um de Valter Hugo Mãe, ainda com nome não divulgado.

"A ideia é convocar alguns autores da Nós que nunca escreveram para crianças para entrar nessa aventura também", afirma Paulino —lembrando que a editora recebeu o Jabuti de melhor livro do ano em 2022 por "Também Guardamos Pedras Aqui", com poemas de Luiza Romão, e lançou romances premiados, caso de "O Peso do Pássaro Morto", de Aline Bei.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.