Festivais de música costumam gerar impacto socioambiental negativo. A emissão de poluentes no processo logístico, o consumo de energia e água, e a barreira social imposta pelo alto preço dos ingressos são alguns exemplos.
Só em termos de lixo gerado, a última edição do Rock in Rio terminou com 378,9 toneladas de resíduos, segundo dados da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana).
O The Town quer romper com esse ciclo, diz Roberta Medina, vice-presidente de reputação de marca da Rock World —empresa que realiza o The Town e o Rock in Rio.
"Neste novo festival continuamos o compromisso de ser um agente ativo da geração de impactos positivos para o planeta", afirma a executiva.
Com relação à emissão de carbono, a companhia divulgou que fez o cálculo da pegada carbônica e que trabalha na mitigação das emissões.
Para fazer diferente, a Rock World colocou em prática em 5 ações desde a fase de montagem do evento. Confira as principais iniciativas dos organizadores do festival e principais parceiros a seguir:
1.RECICLAGEM DE AÇO
Todo o aço usado na construção dos palcos é reciclável e poderá ser reutilizado na fabricação de outros produtos. A iniciativa é resultado de uma parceria com a Gerdau.
Serão cerca de 330 toneladas do produto utilizado em estruturas fixas e temporárias, o que equivale a mais de 400 carros populares.
A produção deste tipo de aço também contribui para o trabalho de catadores de e cooperativas de reciclagem.
"Este aço usa mais de 70% de matéria-prima reciclável na sua produção, o que impacta a vida de mais de 1 milhão de trabalhadores", explica o CEO da Gerdau, Gustavo Werneck.
2.MELHORIA HABITACIONAL EM FAVELA
A Gerdau também se juntou à ONG Gerando Falcões para apoiar o projeto Favela 3D. A iniciativa estima impactar 290 famílias com reforma de casas e praças, na Favela do Haiti, na zona leste de São Paulo.
Entre os resultados já alcançados, 67% dos espaços da comunidade foram revitalizados e 28% das moradias receberam melhorias como reformas de banheiro, troca de portas, janelas e outros itens.
"Queremos deixar um legado para a população, contribuindo em frentes como habitação e educação", afirma Pedro Torres, diretor de comunicação e relações institucionais da Gerdau.
Além disso, a frente de atuação garantiu abastecimento de água para 100% das casas térreas da comunidade e 62 caixas d’água instaladas. Uma horta comunitária também foi implantada.
O projeto na comunidade também recebe apoio da Fundação Grupo Volkswagen, da prefeitura e do governo de São Paulo.
3.GESTÃO DE RESÍDUOS
Outra frente de sustentabilidade é a gestão de resíduos. Recipientes descartáveis de plástico foram praticamente banidos do festival, uma decisão dos fabricantes de bebidas que patrocinam o evento.
Nesta ação, Coca-cola, Heineken e Redbull criaram copos retornáveis para uso dos visitantes durante os cinco dias de evento.
Para dar certo, as empresas concorrentes fizeram acordo com a Braskem, gigante da indústria de plásticos, que ficou responsável para montagem de pontos de higienização dos copos.
Nestes locais, os visitantes podem girar uma roleta e ganhar brindes exclusivos, como mochilas e ingressos para outros dias do festival. As premiações são um incentivo à ação de consumo consciente.
Os idealizadores estimam que o uso de copos retornáveis pode evitar até 10 toneladas de lixo durante todo o festival.
"A gente acredita muito no engajamento do público nessa gestão da retornabilidade para gerar um menor impacto", afirma Katielle Haffner, head de sustentabilidade, relações públicas e comunicações da Coca-Cola Brasil.
4.CAPACITAÇÃO DE JOVENS PARA O MERCADO
O Instituto Heineken, braço social do fabricante da cerveja oficial do evento, se comprometeu a qualificar 60 moradores de favelas com cursos de audiovisual em parceria com a Cufa (Central Única das Favelas).
A empresa convidou os alunos para visitar o The Town.
O valor arrecadado com a venda de Heineken 0.0 ao longo dos cinco dias do festival será destinado a capacitação de jovens pré-selecionados pela agência de audiovisual Favela Films, responsável pela estruturação e gestão do curso.
Com a duração de três meses, o curso de quatro turmas terá início neste mês, contendo módulos com introdução à inteligência artificial e seu uso no audiovisual.
A iniciativa tem também como objetivo conscientizar os jovens para o consumo responsável.
"Já temos uma parceria de longa data estabelecida com o Rock in Rio e, a cada ano, avançamos nossa presença refletindo nossa estratégia de colocar ESG no centro do negócio", afirma Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos do Grupo Heineken.
"Queremos que esses estudantes mostrem suas narrativas mais legítimas sobre a favela e seus valores", diz Kalyne Lima, presidente da Cufa nacional, sobre o projeto, que deve ser ampliado com novas turmas.
Em paralelo, o Favela 3D, projeto executado pela Gerando Falcões, também prevê cursos de preparação para o mercado de trabalho a jovens de 16 a 20 anos.
Aulas de educação financeira e sobre competências socioemocionais, completam esta proposta de qualificação profissional.
5.ATENDIMENTO A VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA
Além do público de comunidades, as iniciativas de impacto no The Town também abrangem outras populações vulnerabilizadas.
O Instituto Desvelando Oris, fundado pela advogada e comunicadora Juliana Souza, montou um espaço para atender eventuais vítimas de violência no festival —episódios de racismo, violência contra a mulher, capacitismo e outros.
"Oferecemos um treinamento para os funcionários que atuam no The Town sobre como atender a vítimas destes crimes e sobre as consequências de infração das leis correlatas", diz Juliana, que decidiu criar o instituto após presenciar diversos casos de violência em shows.
Além da orientação jurídica às vítimas, a plantão do instituto também oferece atendimento psicológico por meio de uma equipe multidisciplinar.
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