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vestibulinho
30/10/2003
Prova é ruim e ilegal, dizem especialistas

Especialistas em educação afirmam que, além de não ser adequado para crianças que saem do ensino infantil, o vestibulinho desrespeita a lei brasileira.

Eles dizem também que a pressão e a ansiedade causadas pela prova se devem em grande parte à atitude dos pais, que querem ver os filhos realizarem seus "sonhos" pessoais e, quando isso não acontece, ficam frustrados, fazendo com que a criança se sinta responsável pela decepção.

A seleção por meio de um vestibulinho é uma prática existente apenas no Brasil, afirma Elvira Souza Lima, pesquisadora em desenvolvimento humano com especialização em infância e consultora internacional em educação.

Segundo ela, o problema são as pressuposições dos exames. "Muitas vezes, a escola avalia coisas que ainda não foram desenvolvidas em uma criança."

A exigência da alfabetização, por exemplo, reduz as atividades próprias da infância, que são substituídas por um processo de aprendizado forçado. "Às vezes, o que se espera da criança é muito. Isso pode criar um sentimento de que ela não está conseguindo acompanhar, o que traz insegurança e é prejudicial", diz.

Os pais contribuem com a pressão. Eles acabam coagindo os filhos a passar no exame da escola desejada, na opinião de Lima.

Ana Maria Mello, psicóloga, pós-graduada em educação e diretora da creche da USP de Ribeirão Preto (SP), afirma que a exigência do vestibulinho é ilegal.

Ela lembra que a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) estabelece que a avaliação, na educação infantil, seja feita só pelo acompanhamento e registro do desenvolvimento do aluno, sem o objetivo de promoção.

A avaliação é compartilhada por Sylvia Gouvêa, relatora do parecer do CNE, e pelo presidente da Câmara de Educação Básica do conselho, Francisco Aparecido Cordão. "Estamos acabando com um absurdo que nunca deveria ter existido." Segundo ele, as escolas têm de escolher critérios de seleção menos discriminatórios, agressivos e competitivos.

Para Mello, a exposição da criança muito cedo a uma disputa por uma escola de status e de qualidade prejudica o seu desenvolvimento. Ela diz que o caráter discriminatório do vestibulinho fica claro no fato de ele não levar em conta deficiências físicas ou mentais de alguns estudantes.

A proibição é um bom "puxão de orelha" nos pais, diz Hebe Tolosa, presidente da Apaesp (Associação de Pais de Alunos do Estado de São Paulo). "Canso de receber mães que buscam aulas particulares para o filho entrar numa escola mais por status do que por qualidade. Elas não se dão conta de que, com isso, podem estar gerando um transtorno", afirma.

As informações são da Folha de S. Paulo.

   
 
 
 

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