Diego
Medina
|
|
‘‘Da última vez que nos vimos eu já tinha cabelos brancos?’’ Foi o que perguntou Zac Pomilio, um dos responsáveis por selecionar adversários para Acelino Freitas, o Popó, ao comentar de forma bem-humorada, no início da semana, o fato de até então o rival de Acelino Freitas, o Popó, não estar definido.
O drama de Pomilio, que conheci ao cobrir a última luta de Popó, em junho, terminou anteontem, quando a rede de TV a cabo Showtime definiu o argentino Carlos Ríos para ser o oponente do baiano no próximo dia 23, conforme esta Folha noticiou ontem.
Pomillio, que à época ainda não tinha cabelos grisalhos, explicou que uma das maiores dificuldades para encontrar e definir adversários para o brasileiro é o fato de haver uma multidão de pessoas envolvidas na carreira de Popó, que tem dois promotores (Arthur Pelullo e Frank Warren), um agente internacional (Ricardo Maldonado) e dois empresários (Ruy Pontes e Geraldo Brandão).
Para complicar mais ainda a situação, as redes de TV a cabo (HBO, no passado, e Showtime, agora) que negociam com o boxeador também têm o poder de vetar ou indicar adversários.
‘‘É uma loucura, tenho de satisfazer todas as partes interessadas! Se arrumo um que agrada Pelullo, vem o Maldonado e veta o ‘candidato’, ou vice-versa. Se agrada aos dois, é a vez de a TV não aceitar’’, reclama Pomilio.
Vale lembrar que o relacionamento entre os envolvidos na carreira do brasileiro não é o mais amistoso. Após o pugilista baiano ganhar notoriedade no torneio internacional Boxcino, Pontes e Pelullo brigaram. Pontes alegou que Pelullo abandonou Popó até meses antes da disputa do cinturão da Organização Mundial.
O norte-americano, por sua vez, alegou que Pontes teria exigido que os cheques pelos combates fossem nominais a ele, e não a Popó, que ficaria sem saber quanto estava ganhando de bolsa.
Resultado: Pontes não conversa mais com Pelullo. Para fazer o meio-campo, entraram na história Maldonado e Warren.
Quer dizer, todas as decisões têm de passar por pelo menos seis pessoas antes de chegar ao pugilista (executivos das TVs norte-americanas-Pelullo-Warren-Maldonado-Pontes-Brandão-Popó), uma baita burocracia.
A lentidão na troca de informações explica, em parte, o fato de a transmissão da luta de Popó com Ríos ter de ficar perdida em meio à programação olímpica, um desastre de marketing, que não deve ter agradado à Globo. Segundo esta coluna apurou, a emissora teria até aconselhado Pontes a programar a apresentação para antes ou para após os Jogos.
O próprio Pontes chegou a considerar a possibilidade, mas teve de voltar atrás. É bem provável que ao tentar intervir a decisão já estivesse definida no exterior.
E isso não é bom para ninguém. Ríos terá só duas semanas para treinar, o público não vê o melhor espetáculo possível, Pontes perde agilidade para acomodar os interesses locais e os cabelos de Pomilio vão embranquecendo.
NOTAS
Passado
Eder Jofre será um dos campeões homenageados na convenção do Conselho Mundial de Boxe, em outubro.
Presente 1
O retorno de Edson do Nascimento, o Xuxa, aos ringues foi antecipado para a próxima quinta-feira, no Guarujá (SP). Na mesma programação, Alexandre Silva tenta o título latino da OMB contra o argentino Rafael Martínez.
Presente 2
A edição de setembro do ranking independente feito por jornalistas (e que compara os campeões das diferentes entidades) está disponível na versão on line desta coluna.
Futuro
Por causa da Olimpíada, a versão impressa desta coluna só retorna em quatro semanas. Nesse período ela estará acessível só na versão on line.
E-mail: eohata@folhasp.com.br
Leia
mais:
Leia
as colunas anteriores:
|