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Terça-Feira, 19 de setembro de 2000


Muralha da China

Melchiades Filho
     

O mercado norte-americano de esporte está saturado para o basquete. A solução, recomendada pelos estudos de impacto econômico encomendados pela NBA, é cruzar as fronteiras da América do Norte.

Este espaço já discutiu várias estratégias da NBA para estender seus domínios: liga-irmã na Europa, jogos de exibição, clínicas itinerantes com craques mundialmente conhecidos etc. E já deixou claro que a prioridade dos cartolas é conquistar a Ásia.

Mas, apesar de todos os esforços, ainda falta, na avaliação dos dirigentes, um atleta que simbolize a quebra de gelo, que funcione como porta-voz da política de “boa-vizinhança” e que, de quebra, atraia para as quadras a rica e numerosa comunidade oriental que vive nos EUA.

Na Olimpíada-2000, a NBA encontrou seu homem.
A maioria das pessoas não consegue fitar um jogador de basquete nos olhos. Ming Yao, 20 anos completados na semana passada, também. A menos que se abaixe.

Com 2,27 m, ele é o mais alto atleta do torneio olímpico. Para tocar no aro da cesta, a 3,05 m do chão, não precisa tirar os pés do solo.

Ao lado de Wang Zhizhi, 2,13 m, e Menk Bater, 2,10 m, forma o trio mais entrevistado, procurado e comentado em Sydney.

Filho de dois ex-jogadores de basquete _a mãe tem 1,88 m; o pai, 2,08 m_, Ming praticava pólo aquático na infância. Mas, com quase 1,90 m, conseguia ficar de pé no fundo da piscina que as crianças usavam. O jogo perdeu a graça, e os treinadores resolveram dispensar o garoto.

Ming foi, então, encaminhado para um médico de crescimento. Tão logo saíram os resultados do exame de ossatura, indicando que passaria de 2,20 m, obrigaram-no a trocar de esporte. Aos 13 anos, já treinava basquete em uma academia de esportes administrada pelo Exército.

No começo do ano, quando os “olheiros” começaram a garimpar talentos nos torneios preparatórios para a Olimpíada, a NBA recebeu um primeiro relatório sobre o potencial do gigante. “Bom reboteiro, veloz para sua altura, mãos boas para o arremesso”, dizia o texto.

Em abril, Ming foi convidado pelo Nike Hoop Summit, que reúne anualmente um grupo de jovens talentos de todo o mundo (os brasileiros Guilherme e Diego participaram das duas últimas edições). Seria a oportunidade de a NBA checar de perto as habilidades do chinês.

Mas a Associação de Basquete da China vetou a viagem, sob o argumento de que o pivô era imprescindível à preparação do time para os Jogos de Sydney. Da mesma forma que já havia brecado um teste de Wang Zhizhi, astro do time do Exército, no Dallas Mavericks.

A NBA não quis, então, perder mais tempo. As rondas diplomáticas para liberar Ming já estão acontecendo em plena Vila Olímpica. A China hoje tem 200 milhões de jogadores de basquete federados. Entre eles, Ming é o salvador.


NOTAS

Ásia

A Muralha da China virou poeira na estréia diante do “Dream Team” 4 (72 x 119). O trio conseguiu só 20 pontos, 9 rebotes, 3 assistências e 3 tocos _e 13 faltas.

África
A terceira partida das brasileiras, amanhã, será a oportunidade de ver em quadra um dos reforços prometidos pelo Vasco para o Estadual 00/01. Trata-se da ala-pivô senegalesa Astou Ndiaye-Diatta, ruim de arremesso, mas boa de rebote.

Américas
O ala-pivô argentino Rubens Wolkowyski fechou contrato de dois anos com o Seattle. É o terceiro latino-americano na NBA _o cubano Lazaro Borrell (Seattle) e o dominicano Felipe Lopez (Washington) são os outros.




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