Descrição de chapéu Televisão

Folha indica as melhores séries de 2023, segundo críticos e jornalistas; veja

Seleção inclui fim de 'Sucession', os hits 'Cangaço Novo' e 'O Urso' e produções da HBO, Globoplay, Netflix e Prime Video

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Cenas das séries 'Succession', 'Cangaço Novo', 'Treta' e 'DNA do Crime'

Cenas das séries 'Succession', 'Cangaço Novo', 'Treta' e 'DNA do Crime' Divulgação

São Paulo

O ano de 2023 na televisão e no streaming ficará marcado por "Succession" e "Cangaço Novo". Os dramas "O Urso" e "Treta" também se sobressaíram no ano, bem como as comédias "Only Murders in the Building" e "Na Mira do Júri".

Esta, pelo menos, é o resultado da seleção de séries e minisséries feita pelo quadro de especialistas da Folha. O grupo de sete profissionais, todos envolvidos na cobertura de televisão e streaming, foi convidado a escolher os cinco melhores programas que assistiram no ano.

Cenas das séries 'Succession', 'Cangaço Novo', 'Treta' e 'DNA do Crime'
Cenas das séries 'Succession', 'Cangaço Novo', 'Treta' e 'DNA do Crime' - Divulgação

O resultado leva em conta produções nacionais e internacionais que foram exibidas pela primeira vez em um canal de televisão ou em uma plataforma de streaming nos últimos 12 meses. Os profissionais também puderam escolher entre séries e minisséries de ficção e documentais.

Entre as plataformas, a HBO Max e o Star+ dominam a lista com seis produções diferentes indicadas, seguidas de perto pela Netflix e o Globoplay, ambos com cinco programas na lista.

Beatriz Izumino
Editora-adjunta de Impresso

Reservation Dogs
(Disponível no Star+)
Ao longo de três temporadas, Sterlin Harjo levou sua série de uma história sobre quatro adolescentes em luto tentando achar um lugar no mundo fora de sua reserva indígena para a história de uma comunidade que é maior que a soma de suas partes. Delicada, engraçadíssima e altamente específica, é um excelente palco para seu elenco de jovens atores —Devery Jacobs, D'Pharaoh Woon-A-Tai, Lane Factor e Paulina Alexis—, e grandes veteranos, incluindo os lendários Graham Greene e Wes Studi.

O Urso
(Disponível no Star+)
Um salto qualitativo em relação à primeira temporada, já ótima. Fortalece os protagonistas Carmy (Jeremy Allen White) e Sydney (Ayo Edebiri) juntos e separados, e esbanja dos convidados especiais sem deixá-los sufocar os coadjuvantes, que brilham sempre que há oportunidade. Pontos extras por saber contar uma história em capítulos, não como um "filme de dez horas".

Alguém em Algum Lugar
(Disponível na HBO Max)
Uma das grandes vantagens do chamado "peak TV" é haver espaço para todo tipo de show, inclusive os que colocam os holofotes em pessoas como Bridget Everett e Jeff Hiller, atores pouco conhecidos, mas cuja capacidade de gerar empatia é imensa. Nesta segunda temporada, a amizade de Sam (Everett) e Joel (Hiller) é testada, abrindo caminho para momentos de vulnerabilidade e explosões de alegria.

Succession
(Disponível na HBO Max)
Aterrissagem cravada, nota dez de dez, nunca mais quero ver um Roy na minha frente. O hype em torno da série era tão forte que dá aquela vontade de odiar, mas aí vem um episódio atrás do outro tão bem escrito que não há como resistir.

Perry Mason
(Disponível na HBO Max)

Uma pena que foi cancelada, bem agora que estava descobrindo como colocar seu herói, o advogado Perry Mason (Matthew Rhys), em seu ambiente natural —o tribunal. A segunda temporada teve um bom mistério tipicamente Los Angeles noir, uma boa história paralela para a assistente Della Street (Juliet Rylance), e Hope Davis como uma ricaça excêntrica que faz pilates. Melhor que isso só a trilha sonora de Terence Blanchard.


Guilherme Luis
Repórter da Ilustrada

Os Outros
(Disponível no Globoplay)
Adriana Esteves melhora qualquer obra em que toca. Aqui ela faz uma mãe superprotetora que perde os escrúpulos na tentativa de proteger o filho de um vizinho mal-intencionado. A briga é só a fagulha de um incêndio que inflama ao longo de 12 capítulos instigantes dirigidos pelo olhar aguçado de Luísa Lima.

Treta
(Disponível na Netflix)
Steven Yeun e Ali Wong materializam a ansiedade, raiva e os maus sentimentos que permeiam nossas vidas hoje numa batalha incessante que começa em uma briga boba de trânsito. Rápida, sagaz e incômoda, "Treta" acerta com o pior lado do ser humano.

Velma
(Disponível na HBO Max)
Grata surpresa, a nova série adulta do universo de "Scooby-Doo" brilha por abusar do sangue, piadas de teor sexual e de um texto debochadíssimo. A animação conta a história de origem da trupe de investigadores, com um relacionamento lésbico entre Velma e Daphne.

Entre Estranhos
(Disponível no Apple TV+)
A melhor série do ano mergulha no complexo universo do transtorno dissociativo de identidade sem te contar que está fazendo isso. O que antes parecia uma trama sem pé nem cabeça de investigação, vira um drama intrincado sobre uma mente que está fragmentada e que não é compreendida pela sociedade do fim dos anos 1970. Danny, o protagonista, é o papel da vida de Tom Holland.

Only Murders in the Building
(Disponível no Star+)
A deliciosa comédia ganha a adição de Meryl Streep e Paul Rudd, que catapultam o já excelente elenco formado por Steve Martin, Martin Short e Selena Gomez. Sem soar repetitiva e com novos dramas, "Only Murders" prova, em seu terceiro ano, que seus personagens ainda têm muito a xeretar.


Leonardo Sanchez
Repórter da Ilustrada

A Queda da Casa de Usher
(Disponível na Netflix)
Cheio de referências inteligentes, prova que Mike Flanagan é dos nomes mais interessantes das séries hoje em dia.

The Last of Us
(Disponível na HBO Max)
Conquistou mesmo quem torce o nariz para os videogames, com uma história de zumbi que é cheia de vida.

Cangaço Novo
(Disponível no Prime Video)
Metralhou muita série e filme de ação importados, com uma produção, roteiro e, em especial, elenco explosivos.

Succession
(Disponível na HBO Max)
Não decepcionou com um final tão bem escrito quanto suas temporadas anteriores, e que deu material para seu elenco brilhar.

Companheiros de Viagem
(Disponível no Paramount+)
Deixou os corredores do poder mais sexy e coloridos do que nunca, sem abandonar um roteiro de peso.


Luciana Coelho
Secretária-assistente de redação da Folha

Treta
(Disponível na Netflix)
Um roteiro frenético bem serzido, interpretações finamente calibradas por Ali Wong e Steven Yeun e um argumento atual que embala sentimentos tão universais quanto perenes: nosso laço com o outro.

Succession
(Disponível na HBO Max)
Luxo silencioso é esta intriga familiar novelesca que terminou brilhando: matéria-prima de primeira (o roteiro), execução impecável (o elenco) e a perfeição sem arroubos que só obras duradouras têm.

O Urso
(Disponível no Star+)
Esta dramédia sobre o peso das relações adultas passada na cozinha de um restaurante ganhou densidade e estrelas no elenco, mas são seus momentos mais singelos que fazem dela uma das coisas mais bacanas escritas no ano. Isso e aquele trem emocional que nos atropela no episódio 6.

The Last of Us
(Disponível na HBO Max)
Nunca transformar um game em série deu tão certo, talvez porque a química entre Pedro Pascal e Bela Ramsey, repleta em seus silêncios, seja ainda mais intensa que a ação-zumbi-distópica que hipnotiza o espectador.

A Nova Vida de Toby
(Disponível no Star+)
Imagine se Nelson Rodrigues fosse uma mulher americana e escrevesse hoje. Pronto. É isso o que o livro/roteiro da jornalista Taffy Brodesser-Akner entrega e Claire Danes, Jesse Eisenberg e Lizzy Caplan tornam crível e comovente.


Mauricio Stycer
Jornalista, crítico de TV e colunista da Folha

Cangaço Novo
(Disponível no Prime Video)
A melhor produção brasileira do ano, criada por Mariana Bardan e Eduardo Melo. Por meio da história de três irmãos, cujos pais foram assassinados em 1998, a série desenvolve um drama em que os mundos da política e da (falta de) polícia se cruzam na fictícia Cratará, no sertão do Ceará. Tudo temperado pelo campo da fé, que mobiliza almas e inspira ações. Com direção de Fábio Mendonça e Aly Muritiba, a série extrai muito de sua força da qualidade técnica, notável nas cenas de ação, fruto dos muitos recursos investidos na produção, e de uma dupla de atores, Alice Carvalho e Allan Souza Lima, em estado de graça.

A Vida pela Frente
(Disponível no Globoplay)
Ainda que possa ser etiquetada como uma "série adolescente", consegue dialogar com públicos de todas as idades. Criada pela atriz Leandra Leal, narra uma história passada em 1999, inspirada em situações que viveu, viu ou ouvir falar na sua adolescência. A série se distingue de produções brasileiras recentes no seu esforço de não entregar tudo de bandeja. O bom roteiro e a direção cuidadosa convidam o espectador a pensar, imaginar e, em última instância, sentir o que os jovens personagens estão vivenciando. O trio de protagonistas, Flora Camolese, Nina Tomsic e Jaffar Bambirra tem desempenhos impressionantes.

DNA do Crime
(Disponível na Netflix)
Maior investimento da Netflix em uma produção brasileira, até hoje, a série de ação opõe o crime organizado à Polícia Federal. Dirigida por Heitor Dhalia, a produção avança muito ao traçar um retrato complexo da PF, a verdadeira protagonista da série, fugindo da bajulação "chapa branca" de produções recentes. Com a ajuda de técnicos e know how americano, as cenas de assaltos, perseguição e violência brutal estão entre as melhores já filmadas por aqui. Thomás Aquino brilha muito como Sem Alma, um criminoso impiedoso.

Galvão: Olha o que Ele Fez
(Disponível no Globoplay)
Foi preciso que Galvão Bueno deixasse de ser o principal narrador da Globo para que ganhasse uma série documental à altura de suas contradições. A produção é abertamente uma homenagem ao narrador que foi a voz da Globo por 41 anos, mas vai além da reverência. Em momentos significativos, os diretores Gustavo Gomes e Sidney Garambone expõem o protagonista como uma figura incontrolável e desrespeitosa com os colegas de trabalho. Galvão reclamou do resultado: "Eu acho que eles exageram um pouco em uma parte… No quarto episódio parece que sou meio monstro mesmo".

Últimas Férias
(Disponível no Star+)
Drama e suspense policial, protagonizado por um grupo de adolescentes em uma ilha quase deserta. O gênero, batidíssimo em Hollywood, ganha uma cor brasileira nesta produção muito bem dirigida por Daniel Lieff. A história se passa no Paraná e gira em torno da viagem de sete adolescentes para comemorar o fim do ciclo colegial e a entrada na universidade. As relações entre eles, bem costurada pelo roteiro, se mostra complexa e não previsível. Lara Tremouroux e Stella Rabelo se destacam no bom elenco.


Teté Ribeiro
Repórter especial da Folha

Na Mira do Júri
(Disponível no Prime Video)
Nunca, em meus piores pesadelos, eu imaginaria que um reality show fosse parar na lista de melhores séries do ano, mas não dá para lembrar de 2023 sem pensar em Jury Duty. Feito como se fosse um documentário para engambelar o único personagem que não sabia que todo o julgamento era fake, a série foi uma das mais divertidas e hipnotizantes do ano.

Only Murders in the Building
(Disponível no Star+)
Steve Martin, criador e um dos protagonistas desta maravilha, anunciou que iria se aposentar depois da 2ª temporada. Por sorte nossa, mudou de ideia e voltou para a 3ª temporada, e ainda trouxe com ele Meryl Streep e Paul Rudd, que se juntaram a Tina Fey, Amy Ryan e Cara Delevigne, convidados especiais dos episódios dos anos passados.

Beckham
(Disponível na Netflix)
Um jogador de futebol e uma cantora pop se casam, têm quatro filhos, ficam mais famosos do que nunca e passam a frequentar desde a família real inglesa até os desfiles da New York Fashion Week. Podia ser uma história trash, mas não é. Tem todos os elementos de um novelão das nove misturado com um reality desses de família rica, menos a doçura e a maneira desarmada e honesta dos protagonistas, que desconcertam e cativam a audiência.

Vale o Escrito
(Disponível no Globoplay)
Apesar do Globoplay e suas chatices, é hipnotizante acompanhar a saga das famílias tradicionais do jogo do bicho no Rio de Janeiro, a "contravenção", como eles mesmos falam, cheios de orgulho. E como a história chega até os dias de hoje, com depoimentos do bicheiro foragido Bernardo Bello, procurado por ser mandante de inúmeros crimes, a trama da série continua nas notícias dos jornais. E, no ano que vem, vou assistir aos desfiles das escolas de samba na Sapucaí mais de olho nos patronos que nas rainhas da bateria.

Cangaço Novo
(Disponível no Prime Video)
Dinorah e Ubaldo Vaqueiro são os dois melhores personagens de 2023, na série brasileira mais ousada e viciante em vários anos. Mas os nomes dos companheiros de Dinorah, e depois associados a Ubaldo, quando ele se torna o líder dos cangaceiros, é das melhores coisas que eu já vi. Meu favorito é o Duzentos. Tomada, Moeda e Tirolesa empatam no segundo lugar.


Tony Goes
Crítico e colunista da Folha

Divisão Palermo
(Disponível na Netflix)
Para melhorar a própria imagem, a polícia de Buenos Aires monta uma divisão desarmada para vigiar o pacífico bairro de Palermo. Todos os integrantes pertencem a alguma minoria: há uma cadeirante, um deficiente visual, um anão e até mesmo um judeu. Mas as piadas não são capacitistas nem racistas, pelo contrário: vêm quase todas de um traço majoritário da hu manidade, a estupidez.

O Faz Nada
(Disponível no Star+)
Um crítico de gastronomia argentino leva uma vida de príncipe, até que a empregada que cuidou dele por décadas morre subitamente. Ele então contrata uma jovem migrante paraguaia, a contragosto, mas aos poucos eles começam a se dar bem. Em crise profissional, o crítico finalmente termina seu livro e convida para o lançamento um grande amigo, vivido por Robert De Niro.

Fim
(Disponível no Globoplay)
Enquanto as novelas claudicam na TV aberta, as séries brasileiras florescem no streaming. O páreo duríssimo incluiu "Cangaço Novo", "DNA do Crime" e "Os Outros", mas a que atingiu maior densidade dramática foi a adaptação do romance de Fernanda Torres sobre um grupo de amigos, da adolescência à morte. Num elenco impecável, destacam-se Marjor ie Estiano e Bruno Mazzeo.

Na Mira do Júri
(Disponível no Prime Video)
Uma mistura improvável de julgamento e reality show. Um rapaz é convocado a integrar um júri, sem saber que o caso é falso e que todos os demais – jurados, advogados, réu, acusador, guardas – são atores. Entre eles está James Marsden, de "X-Men", fazendo uma caricatura de si mesmo. Será que a premissa é falsa e o verdadeiro tapeado é o espectador? N&at ilde;o importa. É divertido demais.

The Other Two
(Disponível na HBO Max)
Um casal de irmãos tenta há anos engatar uma carreira no showbiz: ele, como ator, e ela, como bailarina, cantora, o que pintar. A dinâmica da família muda completamente quando o irmão caçula se torna, de uma hora para a outra, um influenciador com milhões de seguidores, e até a mãe ganha seu próprio programa de TV. Três temporadas, uma mais dolorosa e engraçada que a outra.

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