Por que o 11 de Setembro nunca terminou no Afeganistão

Simone Duarte reconstitui memórias de pessoas atingidas pela Guerra ao Terror e discute fim da ocupação americana no país

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Geógrafo e mestre pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

A jornalista Simone Duarte, convidada desta semana do Ilustríssima Conversa, já se apresentou muitas vezes dizendo "você não me conhece, mas já ouviu a minha voz".

Isso porque, na manhã de 11 de setembro de 2001, ela entrou ao vivo de Nova York no plantão da TV Globo para narrar o atentado terrorista que começava a ganhar forma.

À época chefe da Redação da emissora na cidade, Duarte descreveu o caos depois do choque dos aviões contra as Torres Gêmeas —os contornos do que estava por vir foram se tornando nítidos ao longo da transmissão, quando houve a confirmação de que o Pentágono também tinha sido atingido e os prédios do World Trade Center desabaram.

No livro "O Vento Mudou de Direção: o Onze de Setembro que o Mundo Não Viu" (Fósforo), a jornalista decidiu se voltar para as consequências desse dia trágico na vida de sete pessoas de outros pedaços do mundo, onde o 11 de Setembro nunca terminou.

Simone Duarte, com cabelos escuros na altura do ombro, segura um livro. Há uma estante de livros atrás
Retrato de Simone Duarte, autora de "O Vento Mudou de Direção' - Fernando Donasci/Divulgação

Ahmer, menino-bomba treinado pelo Talibã paquistanês, Gawhar, médica afegã que se arrepende de ter fugido do país e ido morar na Áustria, e Baker Atyani, jornalista para quem Osama bin Laden anunciou que estava planejando um ataque contra os Estados Unidos, são alguns dos personagens cujas memórias dos anos da Guerra ao Terror o livro reconstitui.

Neste episódio, a autora fala sobre a tentativa de humanizar os outros da história do 11 de Setembro, menos conhecidos no Ocidente, e sobre a necessidade de quebrar os estigmas que ainda cercam o mundo islâmico.

Simone Duarte também discutiu os resultados da ocupação americana no Afeganistão e o que pode acontecer no país com a volta do Talibã ao poder depois da retirada das tropas dos Estados Unidos.

É como se uma vida perdida no World Trade Center valesse mais que uma vida perdida no Iraque, no Afeganistão ou no Paquistão. Acho isso muito triste. A Guerra ao Terror é o 11 de Setembro que o mundo não viu. Quantas pessoas morreram e tiveram que sair de suas casas? Quantas pessoas moram em um país que não é o seu e estão separadas das suas famílias? Isso é muito duro. A gente tem que resgatar essa humanidade e olhar o outro de maneira diferente

Simone Duarte

jornalista e escritora

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Natalia Viana, que discutiu a politização das Forças Armadas, Camila Rocha, pesquisadora da nova direita brasileira, Antonio Sérgio Guimarães, que recuperou a história do antirracismo no Brasil, Eugênio Bucci, que defendeu que redes sociais extraem o olhar de seus usuários, Rafael Mafei, autor de livro sobre a história do impeachment no Brasil, Kauê Lopes dos Santos, que debateu a economia política de Gana, Rosa Freire D’Aguiar, organizadora de coletânea de cartas de Celso Furtado, Fábio Kerche e Marjorie Marona, que fizeram um balanço dos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, Regina Facchini e Isadora Lins França, organizadoras de livro sobre direitos LGBTI+ no Brasil, Alessandra Devulsky, autora de livro sobre racismo e colorismo, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.