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Cartas de Celso Furtado compõem um romance de sua geração, diz Rosa Freire

Viúva do economista fala da dimensão literária e dos debates intelectuais na sua correspondência

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Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Geógrafo e mestre pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

Nesta semana, o Ilustríssima Conversa recebe a jornalista e tradutora Rosa Freire D’Aguiar, organizadora de "Correspondência Intelectual: 1949-2004" (Companhia das Letras), coletânea recém-lançada de cartas de Celso Furtado.

Rosa —que foi casada com o economista por mais de 20 anos, até a morte dele, em 2004— conta que encontrou cerca de 10 mil cartas em Paris, trocadas durante o exílio de Furtado, e mais 5.000 no Brasil.

Dessas, cerca de 300 foram incluídas no livro, abrangendo 80 interlocutores —Antonio Callado, Darcy Ribeiro, Fernando Henrique Cardoso, Florestan Fernandes e Raul Prebisch são alguns dos personagens que têm destaque no conjunto da correspondência.

Nas cartas, Furtado e seus correspondentes discutem os rumos do Brasil e do mundo nos anos da ditadura, debatem temas de pesquisa da economia e das ciências sociais, em um laboratório informal de teorias futuras, e falam da dura experiência do exílio.

Rosa Freire D'Aguiar sentada com mão cruzada sobre uma mesa
Retrato de Rosa Freire D'Aguiar, organizadora de 'Correspondência Intelectual', de Celso Furtado - Divulgação

Por tudo isso, Rosa diz que a seleção de cartas compõe uma espécie de romance dessa geração e oferece um novo ângulo para entender a vida e a obra de Celso Furtado.

Eu tenho a impressão que não vai ser fácil a gente sair desse imbrólio em que está o país. [A correspondência] tem um lado um pouco pessimista, às vezes, mas Celso sempre deixava passar um pequeno sopro, acho que para ele mesmo —ele não estava querendo convencer ninguém, não estava dando aula para 30 alunos. No fundo, ele está querendo se ouvir. Ele sabe que vai ser difícil, mas que não pode desistir. Então, ele sempre deixa uma chispa de esperança

Rosa Freire D'Aguiar

jornalista, tradutora e viúva de Celso Furtado

Celso Furtado em entrevista à Folha em 1989 - Niels Andreas - 3.mai.1989/Folhapress

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Fábio Kerche e Marjorie Marona, que fizeram um balanço dos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, Regina Facchini e Isadora Lins França, organizadoras de coletânea sobre direitos LGBTI+ no Brasil, Alessandra Devulsky, autora de livro sobre racismo e colorismo, Idelber Avelar, que discutiu a ascensão do bolsonarismo, Christian Dunker, psicanalista que reconstituiu a história da depressão, Lira Neto, que narrou a saga dos judeus sefarditas até o Recife, Roberto Simon, autor de livro sobre o apoio da ditadura brasileira ao golpe contra Allende, no Chile, Heloisa Buarque de Hollanda, que situou as principais tendências do pensamento feminista contemporâneo, Ilona Szabó, que discutiu as ameaças à democracia no Brasil, Luiz Simas, que apontou os conflitos do Brasil institucional e da brasilidade, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

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