STF branco reflete racismo estrutural do Brasil, diz Flavia Rios

Para professora, Lula erra ao criar obstáculos à indicação de mulher negra e conceito de identidade é mal compreendido

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Eduardo Sombini
Eduardo Sombini

Doutor em geografia pela Unicamp, é repórter da Ilustríssima

Branquitude, democracia racial, interseccionalidade, mestiçagem, raça —os termos usados no debate étnico-racial são complexos, têm histórias longas e podem ser objeto de interpretações disputadas.

Para ajudar leitores interessados a navegar por esse universo, Flavia Rios, Marcio André dos Santos e Alex Ratts organizaram o recém-publicado "Dicionário das Relações Étnico-raciais Contemporâneas" (Perspectiva).

O livro tem 55 verbetes, escritos por mais de 70 especialistas, que dão uma visão geral da trajetória acadêmica de cada expressão, seus principais autores e as críticas mais comuns que recebem.

Convidada do episódio desta semana, Rios discute o conceito de identidade, um dos termos mais controversos do debate atual, e diz que as ações afirmativas foram umas das políticas mais eficientes de inclusão social das últimas décadas no país.

Mulher negra com camisa branca e blusa vermelha
Retrato de Flavia Rios, coorganizadora de 'Dicionário das Relações Étnico-raciais Contemporâneas' - Wanezza Soares/Divulgação

Ela diz estar convencida que o racismo pode ser entendido como estrutural no Brasil —em contraposição à interpretação de Muniz Sodré, qualificado por ela como um grande intelectual— e que a composição majoritariamente branca do STF (Supremo Tribunal Federal) é um sintoma desse fenômeno.

Para ela, Lula erra ao criar obstáculos à indicação de uma mulher negra à corte e perde a chance de acompanhar o debate global sobre a representação de grupos racializados em instâncias de poder.

O Ilustríssima Conversa está disponível nos principais aplicativos, como Apple Podcasts, Spotify e Stitcher. Ouvintes podem assinar gratuitamente o podcast nos aplicativos para receber notificações de novos episódios.

O podcast entrevista, a cada duas semanas, autores de livros de não ficção e intelectuais para discutir suas obras e seus temas de pesquisa.

Já participaram do Ilustríssima Conversa Bruno Paes Manso, autor de obra sobre os valores difundidos por facções criminosas e igrejas pentecostais, Gabriela Leal, antropóloga que pesquisa cultura hip-hop e grafitti, Antônio Bispo dos Santos, pensador quilombola que propõe o conceito de contracolonização, Luiz Marques, que discutiu por que este decênio é decisivo para lidar com a catástrofe climática, Bela Gil, que defendeu a remuneração do trabalho realizado por donas de casa, Javier Montes, escritor espanhol que se debruçou sobre a vida da dançarina e naturista Luz del Fuego, Paulo Arantes, professor de filosofia da USP para quem Lula terá sucesso se frear a extrema direita, Eliane Brum e Maria Rita Kehl, convidadas do episódio comemorativo dos cinco anos do podcast, João Moreira Salles, autor de livro sobre o modelo predatório de ocupação da Amazônia, Ailton Krenak, que abordou a tragédia do povo yanomami, entre outros convidados.

A lista completa de episódios está disponível no índice do podcast. O feed RSS é https://folha.libsyn.com/rss.

Erramos: o texto foi alterado

O termo racializados foi grafado incorretamente como radicalizados em versão anterior deste texto.

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