Descrição de chapéu Folha ESG sustentabilidade

Investidores desafiam Goldman, Wells Fargo e BofA em votação de planos climáticos

Credores sofrem pressão relativa a emissões, pois os acionistas vão contra recomendações dos conselhos

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Attracta Mooney Aime Williams
Londres e Washington

Uma onda crescente de investidores apoiou as demandas por planos de mudança climática do Goldman Sachs, Wells Fargo e Bank of America (BofA) nesta semana, enquanto os credores enfrentam pressões contínuas sobre o papel que desempenham no financiamento do aquecimento global.

Três em cada dez acionistas votantes, incluindo alguns dos maiores investidores do mundo, apoiaram a resolução na quarta-feira (26) para que o Goldman estabeleça um plano de transição de risco climático que descreva como ele alinha suas atividades de financiamento com as metas de redução de gases do efeito estufa.

Isso ocorreu apesar da recomendação do conselho de que os investidores votassem contra a proposta.

Operação do Goldman Sachas na Bolsa de Nova York (Nyse). Em uma parede de madeira envernizada, há o logo do Goldman Sachs, dentro de uma moldura dourada e quadrada. No cômodo, estão dois homens calvos, um de cabelos brancos e outro de fios pretos.
Operação do Goldman Sachas na Bolsa de Nova York (Nyse). O banco apresentou números piores do que os esperados pelo mercado no balanço do primeiro trimestre - Michael M. Santiago/AFP via Getty Images

O Wells Fargo divulgou na quinta (27) que quase 31% dos acionistas também votaram a favor de uma resolução do plano de transição na reunião anual de quarta.

Da mesma forma, no Bank of America, números preliminares mostraram que 28,5% dos acionistas que votaram foram a favor de uma resolução equivalente, também contra a recomendação do conselho.

A dissidência significativa dos acionistas é geralmente considerada um voto contra uma recomendação da administração com pelo menos 20% das ações votadas.

O nível de apoio às resoluções é um sinal das crescentes demandas dos bancos sobre o financiamento de empresas e projetos intensivos em carbono.

O fundo de petróleo da Noruega, maior fundo soberano do mundo, apoiou as resoluções do plano de transição no Bank of America, Wells Fargo e Goldman Sachs, assim como o Legal and General Investment Management, maior gestora de ativos do Reino Unido. A LGIM disse que também apoiaria as resoluções do plano de transição para JPMorgan Chase e Morgan Stanley nas próximas reuniões de acionistas.

O Institutional Shareholder Services, influente consultor por procuração usado por grandes investidores para orientar as decisões de votação nas reuniões anuais, recomendou aos acionistas que apoiassem as resoluções do plano de transição esta semana. Ainda não emitiu seu conselho para o JPMorgan e o Morgan Stanley.

Em seu pedido de procuração, o Bank of America disse que está "comprometido em alcançar emissões líquidas zero" em suas "operações, cadeia de suprimentos e atividades financeiras antes de 2050" e ser "transparente" sobre seu progresso.

O banco acrescentou que definiu e divulgou metas de redução de emissões para 2030 associadas a atividades de financiamento relacionadas à fabricação de veículos, energia e geração de energia, e se comprometeria a definir e divulgar metas de redução de emissões de atividades de financiamento "para outros setores-chave de alta emissão" até abril de 2024.

O Goldman Sachs disse que a transição "para uma economia mais sustentável será um esforço de décadas que exigirá inovação e investimento significativos em toda a economia". "O papel do Goldman Sachs é ajudar nossos clientes a descobrir as enormes oportunidades à frente enquanto navegam pela complexidade dessa transição", afirmou.

Apesar de os votos não terem o apoio da maioria, Danielle Fugere, presidente da As You Sow, que apresentou as resoluções aos bancos americanos, disse que o grupo estava "feliz em ver uma demonstração tão forte de apoio dos acionistas".

No entanto, resoluções ambientais, sociais e de governança (ESG) adicionais apresentadas aos investidores do banco geralmente receberam um nível menor de apoio do investidor.

Uma outra resolução focada nos direitos indígenas no Citigroup, que levou a uma guerra verbal entre o banco e uma ordem de freiras sobre o financiamento de uma empresa envolvida em oleodutos, recebeu apoio de cerca de 31%, mas isso foi ligeiramente menor que numa resolução semelhante no ano passado.

Falando sobre a proposta na reunião anual do banco, John Dugan, presidente do Citi, disse: "Estamos comprometidos em respeitar os direitos humanos onde quer que façamos negócios".

As votações sobre questões ESG nesta semana ocorreram em meio às pressões sobre os próprios gestores de ativos nos EUA por seu papel no chamado capitalismo "woke" [com consciência social].

Alguns fundos de pensão e estados republicanos, liderados pelo governador da Flórida, Ron DeSantis, provocaram uma reação contra a consideração de questões ambientais, sociais e de governança nas decisões de investimento.

Refletindo as opiniões nitidamente opostas sobre o assunto, Daniel Firger, fundador da Great Circle Capital Advisors, consultoria com sede nos Estados Unidos focada em estratégias de investimento líquido zero, apresentou o contra-ataque.

"Os investidores fariam bem (...) ao tentar ignorar a retórica excêntrica da guerra cultural vinda de um pequeno quadro de agentes políticos de direita financiados por combustíveis fósseis disfarçados de benfeitores da governança corporativa", disse ele.

De acordo com a Insightia, que acompanha a votação da AGM, no passado apenas sete resoluções climáticas ou ambientais em todo o mundo que não foram apoiadas pela administração tiveram o apoio de pelo menos 28% das ações votadas.

Apenas uma dessas resoluções recebeu mais de 50% de apoio de um banco sem o apoio da administração, mostram os dados. Em 2019, pouco mais da metade dos acionistas apoiou uma resolução pedindo que o Standard Bank Group da África do Sul adote e divulgue uma política de empréstimos para projetos de energia a carvão e operações de mineração de carvão.

Em 2020, 49,6% dos acionistas apoiaram uma resolução pedindo que o JPMorgan informasse se estava alinhando seus empréstimos com a meta do acordo de Paris de manter o aquecimento global abaixo de 2°C e, idealmente, abaixo de 1,5°C.

Os 60 maiores bancos do mundo forneceram US$ 673 bilhões em financiamento para combustíveis fósseis no ano passado, de acordo com dados coletados por uma coalizão de grupos ativistas, organizada pela entidade sem fins lucrativos Rainforest Action Network [Rede de Ação pela Floresta Tropical].

O JPMorgan foi o segundo maior credor mundial de combustíveis fósseis em 2022, mostra o relatório, seguido pelo Wells Fargo e pelo Bank of America.

Beau O'Sullivan, estrategista do grupo ativista Bank on our Future, disse que a pressão sobre os bancos pelo financiamento da mudança climática "não vai acabar, com certeza".

"Você verá isso se acelerar agora. O que vemos nesses planos de transição é fundamental", disse ele.

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