Popularidade digital: Lula supera Bolsonaro no 2º turno, mas ambos derrapam em debate

Petista ficou à frente em 10 dos primeiros 14 dias de campanha, seguido de perto pelo presidente

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Rio de Janeiro

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem superado Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais na maior parte da corrida presidencial de segundo turno, seguido de perto pelo rival, aponta o Índice de Popularidade Digital (IPD).

O petista se desempenhou melhor na internet em 10 dos 14 dias que sucederam a primeira votação. No domingo (16), porém, quando ocorreu o primeiro debate eleitoral em que ficaram frente a frente sozinhos, os dois derraparam nas redes.

Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) participam de primeiro debate do segundo turno presidencial, neste domingo (16), na sede da Band TV em São Paulo - Nelson Almeida/AFP

Lula marcou 79,68 contra 77,06 do presidente no indicador, que vai de zero a cem e é calculado diariamente pela empresa Quaest —o que representou uma queda brusca para ambos.

Mesmo com a exposição do debate, anunciado como a maior live jornalística no YouTube já vista no Brasil, Bolsonaro atingiu seu pior nível no índice desde 3 de setembro, e Lula, desde 24 de setembro.

Os dois adversários disputam o topo do ranking de popularidade digital dos presidenciáveis desde o início do ano, se alternando no primeiro lugar de acordo com os acontecimentos da campanha.

Bolsonaro liderou durante quase todo o mês de setembro, mas foi perdendo espaço para o ex-presidente na reta final. Após o primeiro turno, só ultrapassou o petista pontualmente, nos dias 3, 4, 6 e 7 de outubro.

Não está claro o que provocou a queda de Lula nessas datas, mas ela ocorreu próxima a ataques polêmicos que dominaram a internet nas últimas semanas e depois foram levados por ambos os candidatos no horário eleitoral na televisão.

No dia 4, um dos assuntos mais comentados do Twitter foi um vídeo que voltou a circular do presidente discursando a maçons pré-campanha de 2018, que gerou uma corrente de decepção e uma contracorrente de justificativas em sua defesa.

Já no dia 5, opositores resgataram uma gravação antiga de Bolsonaro dizendo a um jornalista do New York Times que quase comeu um índio durante uma cerimônia canibal, em visita a uma comunidade indígena em Roraima. Lula levou o vídeo à TV, removido pelo TSE (Trribunal Superior Eleitoral (TSE).

Outras polêmicas recentes, porém, não parecem ter gerado ônus nem bônus aos rivais em termos de popularidade digital.

Os dois permaneceram estáveis na última quarta (12), por exemplo, quando bolsonaristas associaram a sigla "CPX", bordada num boné usado pelo petista em campanha no Complexo do Alemão, a grupos criminosos do Rio. As letras significam "complexo", conjunto de favelas.

Também não surtiu efeito nas redes o alvoroço causado na mesma data pelo presidente em missa em Aparecida (SP), onde recebeu recados desfavoráveis de representantes da Igreja Católica e aplausos e vaias de eleitores.

Na sexta (14), o presidente ainda variou pouco no IPD após dizer a um podcast que "pintou um clima" com "menininhas de 14 e 15 anos", durante um encontro que teve com adolescentes venezuelanas no Distrito Federal. O vídeo virou munição para adversários o acusarem de pedofilia.

O IPD é publicado mensalmente pela Folha e ajuda a medir a temperatura da corrida eleitoral. Ele é calculado desde 2018 por meio de um algoritmo de inteligência artificial que coleta e processa 152 variáveis dos sites Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Wikipedia e Google.

São monitoradas seis dimensões: presença digital (perfis ativos), fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamentos), valência (proporção de reações positivas e negativas) e interesse (volume de buscas).

A conta inclui também os resultados de eleições passadas, com o acompanhamento de milhares de candidaturas, e é atualizada a cada pleito.

No primeiro turno, o indicador mostrou quadros próximos aos resultados das urnas. Apontou, por exemplo, maior aproximação de Bolsonaro a Lula, assim como Simone Tebet (MDB) à frente de Ciro Gomes (PDT).

A correlação entre o desempenho dos candidatos nas redes sociais e nas urnas chegou a 99% na disputa presidencial e ficou acima de 82% em seis das sete disputas estaduais analisadas, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O IPD foi criado para fazer esse tipo de prognóstico, diferentemente das pesquisas de intenção de voto realizadas por institutos tradicionais como Datafolha e Ipec —que não têm como objetivo antever o resultado do pleito, mas medir como o eleitor, no momento das entrevistas, pretende agir.

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