Grito dos Excluídos pede prisão de Bolsonaro, critica Tarcísio e pressiona Lula

Movimentos sociais e políticos fazem atos no 7 de Setembro por mais direitos em 26 estados

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São Paulo

Movimentos sociais e partidos de esquerda saíram às ruas do país para o Grito dos Excluídos, realizado no 7 de Setembro para denunciar mazelas e reivindicar direitos. Em São Paulo, manifestantes pediram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticaram o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na concentração na avenida Paulista, participantes levaram cartazes com uma montagem de Bolsonaro atrás das grades e usaram os discursos para defender punição ao ex-mandatário, hoje inelegível, citando corrupção no caso do escândalo das joias e a conspiração golpista com ameaça às eleições.

Mulher segura cartaz com pedido de prisão de Bolsonaro no Grito dos Excluídos, na avenida Paulista - Eduardo Knapp/Folhapress

O presidente Lula (PT) também foi citado em falas na praça da Sé, com cobranças para atender a demandas do campo progressista e cumprir promessas de campanha. No local, representantes de entidades sindicais também atacaram Tarcísio pela política de privatizações.

O 29º Grito dos Excluídos —que começou em 1995 por iniciativa de alas da Igreja Católica e de movimentos populares— tinha atos previstos em 26 estados, segundo a organização. O tema oficial da edição foi "Vida em primeiro lugar", com o lema "Você tem fome e sede de quê?".

Racismo, letalidade policial, desemprego, desigualdade social, aumento da população de rua, violência contra a mulher e a comunidade LGBTQIA+ e morosidade nos programas de habitação e reforma agrária foram outros problemas apontados nas mais de 80 mobilizações agendadas pelo Brasil.

A pauta da prisão de Bolsonaro foi incentivada pela CMP (Central de Movimentos Populares), uma das entidades que puxaram os atos, e incorporada por outros grupos nas ruas. A CMP convocou a concentração na avenida Paulista, com passeata até a região do parque Ibirapuera.

O grupo saiu em caminhada empunhando bandeiras de partidos e movimentos, tocando instrumentos e entoando gritos de guerra ligados aos temas do protesto. Representantes da Marcha Mundial das Mulheres cantavam em coro uma rima que terminava com "Bolsonaro na cadeia".

Manifestantes saíram da avenida Paulista em direção ao Monumento às Bandeiras, nas proximidades do parque Ibirapuera (zona sul) - Eduardo Knapp/Folhapress

Para o coordenador nacional da CMP, Raimundo Bonfim, só a inelegibilidade do ex-presidente não basta. Ele diz que o político precisa ser punido, ainda, pelas omissões durante a pandemia de Covid-19.

Segundo Bonfim, que atua na organização do Grito dos Excluídos desde a primeira edição, o apoio dos movimentos sociais contribuiu para a vitória de Lula em 2022 e, por isso, há a expectativa de que o governo atenda a demandas mais urgentes para avançar rumo a um estado de justiça social.

Ele, que é filiado ao PT, cita a necessidade de investimentos em programas como Minha Casa, Minha Vida, Farmácia Popular, Bolsa Família e Mais Médicos. Bonfim também fez pressão pela taxação de grandes fortunas, briga que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está tentando comprar.

Um dos cartazes no ato pedia espaço para os excluídos no Orçamento do país, além de "milicianos na cadeia" e "bilionários no imposto de renda". Outro clamava por "mulher negra no STF" e "fora, Lira, Aras e Campos Neto" —mirando Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, o procurador-geral Augusto Aras e o presidente do Banco Central.

Representantes de MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), CUT (Central Única dos Trabalhadores), UNE (União Nacional dos Estudantes) e FLM (Frente de Luta por Moradia), entre outras organizações, participaram das atividades.

Na praça da Sé, local com alta concentração de população em situação de rua, foi oferecido café da manhã para pessoas sem moradia. Nas falas, militantes repudiaram ações de Tarcísio como o plano de privatização da Sabesp e a concessão dos serviços de trem e metrô para a iniciativa privada.

O governador foi associado a Bolsonaro, seu padrinho político. Membros de partidos como PT, PSOL, PCB e UP se manifestaram contra Tarcísio, falando em combate ao neoliberalismo e ao fascismo e identificando o bolsonarismo como risco à democracia e ao Estado democrático de Direito.

Lula também foi alvo de recados, com o de que seu governo está aquém do esperado no avanço de pautas da esquerda e faz concessões em excesso a forças oposicionistas.

Uma faixa pregada no caminhão de som exibia contrariedade com o arcabouço fiscal, aprovado pelo governo do PT, e com a tese do marco temporal para as terras indígenas, que coloca em risco a posse. Houve pedidos de revogação da reforma trabalhista e apelos pela queda da taxa de juros.

Gritos de "cadeia para Bolsonaro" e "nada de anistia" eram ouvidos na praça, no centro da cidade.

O ato na Sé também teve declarações de solidariedade ao padre Julio Lancellotti, que lidera um trabalho de ajuda à população de rua e é constante alvo de ameaças —na mais recente, há alguns dias, ele recebeu um bilhete chamando-o de defensor de bandidos e dizendo que seus dias de reinado irão acabar.

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