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19/01/2007
-
14h03
da Folha Online
O Corpo de Bombeiros interrompeu nesta sexta-feira as buscas a possíveis vítimas do desabamento nas obras da estação Pinheiros do metrô (na zona oeste de São Paulo) e, uma semana depois do acidente, aguarda orientação da Polícia Civil sobre a retomada dos trabalhos.
Seis corpos foram retirados dos escombros. Familiares do office-boy Cícero Augustino da Silva, 60, que desapareceu no dia 12 --quando ocorreu o acidente--, dizem acreditar que ele também tenha sido soterrado.
A polícia ainda investiga o paradeiro de Silva. O delegado-geral da Polícia Civil, Mário Jordão Toledo Leme, afirmou que não há provas de que o office-boy esteja sob a terra. "Mas também não podemos descartar essa possibilidade."
Ele apresentou um requerimento no Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) para que as operadoras Vivo e Claro forneçam com rapidez dados dos últimos telefonemas de Silva. A polícia também solicitou informações das ERBs (Estações Rádio-Base), de onde as ligações são feitas.
Havia a suspeita de que o office-boy fosse um dos ocupantes do microônibus soterrado. No entanto, não foi localizado no veículo. Na manhã desta sexta, o capitão do Corpo de Bombeiros Mauro Lopes disse à reportagem que as buscas só podem prosseguir caso haja uma "informação precisa" sobre a vítima.
"Tínhamos a informação de seis vítimas [soterradas] e achamos as seis vítimas. Ele [o office-boy] não estava no microônibus", afirmou.
As equipes, porém, permanecem no local do acidente. Após o resgate da sexta vítima, na noite de quinta-feira (18), os bombeiros passaram a acompanhar a limpeza do terreno, feita pelo Consórcio Via Amarela --responsável pelas obras. As duas cadelas farejadores que auxiliavam a localização de vítimas foram retiradas da área do desabamento.
O coordenador da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) Dawton Gaia afirmou que já foram elaborados dois planos para interditar a pista sentido Castello Branco da marginal Pinheiros para o período de desmontagem da grua que permanece nas margens da cratera. Ele disse que solicitou ao Consórcio Via Amarela que a operação ocorra em um domingo, quando o volume de tráfego é menor.
O comandante da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, disse esperar que a retirada do equipamento --de 32 metros de altura e 120 toneladas-- ocorra em 48 horas, a partir desta sexta.
Vítimas
O último corpo resgatado foi o do funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31. Foi o sexto corpo retirado dos escombros.
Alambert e outras três pessoas estavam no microônibus soterrado. Os outros ocupantes eram o motorista do lotação, Reinaldo Aparecido Leite, 40, o cobrador, Wescley Adriano da Silva, 22, e a bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37.
Também morreram em conseqüência do desabamento a aposentada Abigail de Azevedo, 75, e o motorista de caminhão Francisco Sabino Torres, que trabalhava nas obras da linha 4-Amarela do metrô.
As famílias dos passageiros do microônibus da Transcooper serão indenizados em R$ 100 mil pela cooperativa. A empresa diz que as indenizações são referentes a danos morais e materiais. Já as famílias do motorista e do cobrador receberão R$ 29 mil cada uma.
Desalojados
As cerca de 120 pessoas desalojadas com o acidente ainda devem esperar alguns dias para voltar para suas casas. Elas permanecem em hotéis.
De acordo com a Defesa Civil, os imóveis residenciais que estão interditados só serão liberados após o desmonte da grua e nova vistoria.
O consórcio Via Amarela afirmou que as vítimas serão ressarcidas.
Causas
O governador José Serra (PSDB) confirmou que o Metrô suspendeu os pagamentos, ao Consórcio Via Amarela pelas obras. O motivo seria uma inviabilidade técnica para medir o trecho que desabou. "À medida que essa obra já não existe, não se poderia pagar a medição dela. E as faturas chegam misturadas. Houve a suspensão para fazer essa separação."
O canteiro de obras que desabou no último dia 12 era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis. O que desmoronou havia sido inaugurado há cerca de um ano, segundo informações do governo do Estado. O acidente ampliou o buraco, que passou a ter cerca de 80 metros de diâmetro.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, afirmou que as conseqüências do acidente poderiam ser reduzidas, caso um plano de contingência tivesse sido elaborado. O plano deveria prever o isolamento das áreas afetadas pelas obras do metrô.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológica) foi acionado pelo governo estadual para fazer um laudo sobre as causas do acidente.
No fim de semana, o Consórcio Via Amarela responsabilizou a chuva das últimas semanas pelo desabamento. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), responsabilizou as chuvas e o processo de engenharia pelo acidente. Ele, porém, não apontou culpados. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO, da Folha Online
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O Corpo de Bombeiros interrompeu nesta sexta-feira as buscas a possíveis vítimas do desabamento nas obras da estação Pinheiros do metrô (na zona oeste de São Paulo) e, uma semana depois do acidente, aguarda orientação da Polícia Civil sobre a retomada dos trabalhos.
Seis corpos foram retirados dos escombros. Familiares do office-boy Cícero Augustino da Silva, 60, que desapareceu no dia 12 --quando ocorreu o acidente--, dizem acreditar que ele também tenha sido soterrado.
Danilo Verpa/Folha Imagem |
Equipes retiram dos escombros microônibus soterrado em obra do metrô |
A polícia ainda investiga o paradeiro de Silva. O delegado-geral da Polícia Civil, Mário Jordão Toledo Leme, afirmou que não há provas de que o office-boy esteja sob a terra. "Mas também não podemos descartar essa possibilidade."
Ele apresentou um requerimento no Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais) para que as operadoras Vivo e Claro forneçam com rapidez dados dos últimos telefonemas de Silva. A polícia também solicitou informações das ERBs (Estações Rádio-Base), de onde as ligações são feitas.
Havia a suspeita de que o office-boy fosse um dos ocupantes do microônibus soterrado. No entanto, não foi localizado no veículo. Na manhã desta sexta, o capitão do Corpo de Bombeiros Mauro Lopes disse à reportagem que as buscas só podem prosseguir caso haja uma "informação precisa" sobre a vítima.
"Tínhamos a informação de seis vítimas [soterradas] e achamos as seis vítimas. Ele [o office-boy] não estava no microônibus", afirmou.
As equipes, porém, permanecem no local do acidente. Após o resgate da sexta vítima, na noite de quinta-feira (18), os bombeiros passaram a acompanhar a limpeza do terreno, feita pelo Consórcio Via Amarela --responsável pelas obras. As duas cadelas farejadores que auxiliavam a localização de vítimas foram retiradas da área do desabamento.
O coordenador da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) Dawton Gaia afirmou que já foram elaborados dois planos para interditar a pista sentido Castello Branco da marginal Pinheiros para o período de desmontagem da grua que permanece nas margens da cratera. Ele disse que solicitou ao Consórcio Via Amarela que a operação ocorra em um domingo, quando o volume de tráfego é menor.
O comandante da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, disse esperar que a retirada do equipamento --de 32 metros de altura e 120 toneladas-- ocorra em 48 horas, a partir desta sexta.
Vítimas
O último corpo resgatado foi o do funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31. Foi o sexto corpo retirado dos escombros.
Victor R. Caivano/AP |
Equipes trabalham em cratera deixada pelo desabamento nas obras da linha 4 do metrô |
Alambert e outras três pessoas estavam no microônibus soterrado. Os outros ocupantes eram o motorista do lotação, Reinaldo Aparecido Leite, 40, o cobrador, Wescley Adriano da Silva, 22, e a bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37.
Também morreram em conseqüência do desabamento a aposentada Abigail de Azevedo, 75, e o motorista de caminhão Francisco Sabino Torres, que trabalhava nas obras da linha 4-Amarela do metrô.
As famílias dos passageiros do microônibus da Transcooper serão indenizados em R$ 100 mil pela cooperativa. A empresa diz que as indenizações são referentes a danos morais e materiais. Já as famílias do motorista e do cobrador receberão R$ 29 mil cada uma.
Desalojados
As cerca de 120 pessoas desalojadas com o acidente ainda devem esperar alguns dias para voltar para suas casas. Elas permanecem em hotéis.
André Porto/Folha Imagem |
As cadelas farejadoras dos bombeiros, Anny e Dara (ao fundo), auxiliam as buscas |
De acordo com a Defesa Civil, os imóveis residenciais que estão interditados só serão liberados após o desmonte da grua e nova vistoria.
O consórcio Via Amarela afirmou que as vítimas serão ressarcidas.
Causas
O governador José Serra (PSDB) confirmou que o Metrô suspendeu os pagamentos, ao Consórcio Via Amarela pelas obras. O motivo seria uma inviabilidade técnica para medir o trecho que desabou. "À medida que essa obra já não existe, não se poderia pagar a medição dela. E as faturas chegam misturadas. Houve a suspensão para fazer essa separação."
O canteiro de obras que desabou no último dia 12 era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis. O que desmoronou havia sido inaugurado há cerca de um ano, segundo informações do governo do Estado. O acidente ampliou o buraco, que passou a ter cerca de 80 metros de diâmetro.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, afirmou que as conseqüências do acidente poderiam ser reduzidas, caso um plano de contingência tivesse sido elaborado. O plano deveria prever o isolamento das áreas afetadas pelas obras do metrô.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológica) foi acionado pelo governo estadual para fazer um laudo sobre as causas do acidente.
No fim de semana, o Consórcio Via Amarela responsabilizou a chuva das últimas semanas pelo desabamento. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), responsabilizou as chuvas e o processo de engenharia pelo acidente. Ele, porém, não apontou culpados. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO, da Folha Online
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