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Descrição de chapéu Guia do MBA sustentabilidade

Executivos contam o que aprenderam no MBA em sustentabilidade

"Curso te faz questionar seu propósito", diz presidente da Tia Sônia Alimentos

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São Paulo

Os cursos de especialização em administração de empresas (MBAs, na sigla em inglês) existem no Brasil pelo menos desde a década de 90. Nos últimos anos, com o aumento dos esforços corporativos para reduzir impactos ambientais negativos, cresceu a procura por cursos deste tipo que tenham foco em ESG (governança corporativa, ambiental e social, na sigla em inglês).

Os programas ensinam a medir o impacto de negócios no meio ambiente e nas comunidades do entorno. Também indicam estratégias para adequação das estruturas corporativas aos princípios ESG.

Confira abaixo três depoimentos de quem já fez um curso do tipo.

Marcos Fenício, presidente da empresa Tia Sônia Alimentos - Felipe Iruatã/Folhapress

'Aprendi a levar para a empresa uma cultura de compartilhamento e interação com a comunidade'

Marcos Fenício, 57, presidente da Tia Sônia Alimentos, maior produtora de granola do Nordeste

Já acreditei no economista Milton Friedman, que dizia que a única responsabilidade social de uma empresa é dar lucro aos acionistas. Hoje penso diferente, mas percorri um longo caminho para chegar até aqui.

Nos anos 1990, eu era naturalista, meio hippie, e resolvi fazer uma viagem para Machu Picchu, no Peru. Preocupada com a viagem longa e sabendo da minha dieta vegetariana, minha mãe, dona Sônia, preparou seis quilos da sua granola caseira —que distribuí entre amigos e para quem mais encontrasse nas montanhas do Peru. As pessoas iam à loucura.

De volta, decidi transformar a granola em produto e comercializar. Comecei com um capital de R$ 40, emprestado pela minha mãe. Dei sorte porque o programa Malhação, da Rede Globo, falava de açaí com granola e a procura cresceu. Hoje somos a terceira maior produtora de granola do Brasil.

De lá para cá fiz vários cursos até que, em 2017, entrei no Executive MBA da Fundação Dom Cabral, que aborda os temas ESG de forma transversal. Foi transformador.

O MBA te leva a questionar seu propósito e a se perguntar se os funcionários estão conseguindo realizar os sonhos deles dentro da empresa, se podem ser eles mesmos e se têm permissão de errar. Te ensina a levar para dentro da empresa uma cultura de compartilhamento e interação com a comunidade.

Por isso, em 2019, a Tia Sônia fundou uma pequena escola na zona rural de Vitória da Conquista (BA), que funciona como creche de manhã, oferece reforço escolar à tarde e alfabetização de adultos à noite. Dois anos depois, apadrinhamos duas escolas municipais. Acompanhamos o desempenho dos alunos dessas escolas e ajudamos a arrecadar dinheiro entre empresários para aqueles que desejam cursar o ensino médio em instituições particulares.

Também em 2019 aderimos à associação Capitalismo Consciente e, três anos depois, entramos no Sistema B –uma aliança de empresas com compromisso de geração de impactos positivos para a sociedade e para o meio ambiente.

Patrícia Bittencourt, gerente de sustentabilidade e ESG do Secovi, em seu apartamento em São Paulo - Lucas Seixas/Folhapress

'Lidero iniciativa para reduzir emissões no setor de construção'

Patrícia Bittencourt, 54, gerente de sustentabilidade do Secovi, sindicato das incorporadoras do estado de São Paulo

Nasci no Rio de Janeiro e moro em São Paulo (SP) há 12 anos. Engenheira mecânica formada pelo Centro Federal de Educação Tecnológica, trabalhei por dois anos na construtora Odebrecht. Saí de lá na esteira da Operação Lava Jato, que levou a empresa a fechar muitos postos de trabalho.

Estou desde 2015 no Secovi, o sindicato das incorporadoras imobiliárias de São Paulo. No início, atuava na área de qualidade, segurança e meio ambiente do sindicato. Com alguns anos de experiência acumulada, comecei a contemplar a ideia de cursar um curso com foco em ESG. "Será que é o que eu já faço com outro nome?", pensava.

Fiz primeiro um MBA de gestão de projetos, a convite de uma empresa associada, e gostei. Em 2021, entrei na pós-graduação em Sustentabilidade e ESG da Fundação Instituto de Administração (FIA), que tem vínculo com a Universidade de São Paulo.

Foi um curso de primeira linha. Meus colegas trabalhavam em multinacionais como Saint Gobain, Hewlett Packard, Claro, Minerva e Marfrig. Era comum ver os professores comentando em programas de televisão.

Tivemos aulas de ética, economia, regulação, relações de trabalho, políticas públicas, direito ambiental, conformidade, engajamento com stakeholders e estratégias de sustentabilidade. Deu tão certo que fui chamada pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para integrar a comissão que elaborou a primeira norma da entidade sobre ESG, no ano passado.

Também fui promovida a gerente de sustentabilidade do Secovi. Hoje lidero a iniciativa da entidade para reduzir as emissões de carbono no setor, que reúne 70 empresas.

Gabriela Xavier, gerente de segurança de produtos da Artemyn, uma empresa do grupo Imerys - Lucas Seixas/Folhapress

'Desenvolvi minha capacidade de liderança'

Gabriela Xavier, 28, gerente de segurança de produtos da mineradora Imerys

Sou formada em farmácia na faculdade Anhembi Morumbi, em São Paulo (SP), e sempre quis atuar em laboratório. Mas, no meio da graduação, me apaixonei pela área regulatória. No último ano de faculdade, entrei em uma consultoria da área chamada Intertox.

Minha líder saiu de licença-maternidade e eu cuidei sozinha do setor. Foi difícil, um dos principais desafios da minha carreira, mas foi aí que tive minha curva de crescimento. Terminei a faculdade e encarei dois desafios: um trabalho novo na indústria química Dupont e uma pós-graduação em engenharia de alimentos.

Em 2022, entrei no MBA em ESG e Inovação da PUC Minas. Tínhamos uma matéria para cada letra da sigla. No "E", de ambiental (em inglês), aprendemos métodos de medição do impacto das empresas no meio ambiente. No "S", de social, como transformar realidades e diminuir desigualdades. No "G", de governança, como estruturar uma empresa para perseguir as metas de sustentabilidade. Mas não foi só isso.

Aprendi a desenvolver minha capacidade de liderança e a ter mais domínio sobre mim mesma. Tomada de decisões, resolução de conflitos, inteligência emocional, tudo isso estava no pacote. Agora estou na Imerys, uma mineradora multinacional baseada na França.

Quero contribuir com os esforços ESG que já existem na empresa, como as ações de reflorestamento e de interação com comunidades indígenas que vivem perto de nossas minas de caulim no Pará.

ESG não é mais o futuro, é o presente. Tanto sociedades quanto empresas têm que mudar a relação com o ambiente, e essa virada de cultura tem que ser compartilhada com a alta liderança das companhias, do contrário as coisas não andam.


Executive MBA
Onde Fundação Dom Cabral
Modalidade Híbrido com parte presencial em Nova Lima (MG) ou em São Paulo (SP); aulas semanais em dias variados conforme a turma
Duração 18 meses, 1.500 horas (500 horas presenciais e 1.000 horas online)
Preço R$ 125 mil (MG) e R$139,9 mil (SP)
Próxima turma Março de 2024 (MG) e abril de 2024 (SP)

MBA em ESG e Inovação
Onde
PUC Minas
Modalidade Online com aulas semanais às segundas e quartas
Duração 12 meses, 444 horas
Preço R$ 10,5 mil
Próxima turma Abril de 2024

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