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'Guia Michelin' brasileiro deixa gosto de novas estrelas sempre para ano que vem

Depois de cinco edições no país, critérios de avaliação não respondem às incoerências do prêmio

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São Paulo

​"O Brasil é definitivamente uma terra cheia de promessas culinárias", disse Gwendal Poullennec, diretor internacional do "Guia Michelin", antes de anunciar nesta segunda (6) as 18 casas estreladas entre Rio de Janeiro e São Paulo da edição brasileira 2019. 

Da esq. para a dir: Ivan Ralston (Tuju), Geovane Carneiro (D.O.M.), o boneco Bibendum, Gwendal Poullennec ("Guia Michelin"), Felipe Bronze e Cecília Aldaz (Oro), na premiação de casas duas estrelas do guia francês
Da esq. para a dir: Ivan Ralston (Tuju), Geovane Carneiro (D.O.M.), o boneco Bibendum, Gwendal Poullennec (do "Guia Michelin"), Felipe Bronze e Cecília Aldaz (Oro), na premiação de casas duas estrelas do guia francês Michelin - Marília Miragaia/Folhapress

No geral, foi uma noite chocha —mesmo com as doces palavras de Poullennec, que elogiou ingredientes e vinhos nacionais, além do crescente número de restaurantes Bib Gourmand (excelente relação qualidade/preço), uma bem-vinda característica brasileira. 

Neste ano, a publicação ganhou três novos restaurantes com uma estrela (o paulistano Evvai e os cariocas Cipriani e Oteque) e perdeu outros dois —Fasano e Dalva e Dito, em São Paulo, deixaram a lista.

O desânimo com o resultado não vem (ao menos, completamente) de o Brasil ainda não ter seu representante com as famosas três estrelas Michelin, a cotação máxima.

Esta pergunta (afinal, temos um restaurante de cozinha excepcional, segundo um dos mais famosos guias do mundo?) ainda é feita dentro do meio gastronômico brasileiro.

O que fala mais alto é certa falta de lógica com o outro escalão de restaurantes. Entre os duas estrelas, faz falta o paulistano Maní, da chef Helena Rizzo.

E também não se explica a ausência do Aizomê entre os bons japoneses de São Paulo. A chef Telma Shiraishi, aliás, foi nomeada recentemente embaixadora da culinária nipônica pelo governo daquele país. 

O guia gosta de responder que os critérios de avaliação são os mesmos em qualquer cidade do mundo: qualidade do ingrediente, personalidade da cozinha, técnicas de cocção e harmonia de sabores, custo-benefício e regularidade. 

Mas, depois de cinco edições no eixo Rio-SãoPaulo, esses princípios importantes se tornam indecifráveis e um tanto vazios. Como resumir A Casa do Porco, do chef Jefferson Rueda, a apenas um lugar de excelente relação qualidade/preço, o Bib Gourmand?

Talvez uma resposta a todas essas questões seja que a consistência ao longo do tempo tenha um peso importante para a reputação do Michelin —um dos guias de gastronomia e hotéis mais famosos do mundo, que se orgulha de fazer visitas anônimas e trabalhar apenas para o leitor. 

É certo que nenhum guia ou ranking agrada a todos. Mas, no Brasil, a sensação do Michelin é de que a terra prometida sempre fica para o ano que vem. 

São Paulo, com 12 estrelas, e Rio de Janeiro, com seis, são as únicas cidades da América Latina avaliadas pelo "Guia Michelin".

As capitais estão distantes numericamente das mais estreladas do prêmio —como Tóquio, que soma 230 estrelas, Paris, que tem 123, e Nova York, com 76.

São Paulo, no entanto, está na frente de cidades europeias, caso de Lisboa, Estocolmo e Budapeste que, respectivamente, têm 5, 10 e 6 restaurantes estrelados em 2019.

Colaboraram Amanda Lemos, Carolina Moraes, Marina Consiglio e Marjorie Zoppei 

Destaques no Brasil

Duas estrelas
D.O.M. (SP)
Oro (RJ)
Tuju  (SP)

Uma estrela
Cipriani (RJ) - novo
Evvai  (SP)  - novo  
Oteque (RJ)  - novo
Huto (SP)
Jun Sakamoto (SP)
Kan Suke  (SP)
Kinoshita  (SP)
Kosushi  (SP)
Lasai (RJ)
Maní  (SP)
Mee (RJ)
Olympe (RJ)
Picchi  (SP)  
Ryo  (SP)
Tangará Jean-Georges  (SP)

Perderam a estrela
Dalva e Dito
Fasano

Bib Gourmand (bom e barato)
A Baianeira  (SP)
Balaio IMS  (SP)
Barú Marisqueria  (SP)
Corrutela  (SP)
Komah  (SP)
Lilia (RJ)
Pici Trattoria (RJ)

Também integram essa categoria endereços como A Casa do Porco (SP) , Artigiano (RJ), Arturito  (SP) , Jiquitaia  (SP), La Peruana Cevicheria (SP), Manioca (SP) , Miam Miam (RJ), Mocotó e Pomodorino (RJ)

 

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