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Estou aqui a pensar sobre o falecido
técnico Wanderley Luxemburgo e a desconfiança que tive
desde a primeira entrevista daquele senhor quando assumiu o cargo
de técnico da seleção brasileira. Havia muito
blá-blá-bla sobre os integrantes da comissão
técnica. Todos profissionais de sucesso. Do preparador
físico até a psicóloga. O que vimos? Um time
morto em campo sem fôlego para enfrentar 9 jogadores. E a psicóloga?
Será que alguém lembrou dela na volta ao Brasil? Ela
deve ter sido contratada apenas para aumentar a arrogância do
nosso treinador. Chega de técnico que fala bonito. Que fala
inglês. Que usa terno. Que faz tipo ao mexer nos óculos
cada vez que aparece na TV. Quero um técnico que fale a língua
dos jogadores. Que fale só sobre futebol. Que não invente
a roda. Faça o óbvio. Só isso.
João
Carlos Parra, Curitiba, PR
Luxemburgo
errou de fato ao tentar ser o que não é. Fugiu de suas
origens e fez sua carreira vendendo uma imagem de modernidade. Fez
tanto tipo e está quase tendo sua vida destruída pelos
erros grosseiros que cometeu ao longo de sua trajetória. Porém
não sou contra técnico que usa terno, que fala bonito,
que sabe inglês, que tem óculos. Há vários
com esse perfil que não são hipócritas, que não
incorporam um personagem. Sobre a Suzy Fleury, ela pouco parece ter
acrescentado e, pior, mostrou descontrole emocional após a
saída de Sydney.
Tenho
uma tese para o que ocorre no Brasil. Mesmo no esporte, em que a parte
física é muito importante, o intelecto é fundamental.
O fato de a maioria dos atletas brasileiros não terem uma boa
base educacional contribui e muito para o baixo desempenho do nosso
país. Não é à toa que o vôlei é
um esporte que consegue mais medalhas. Você acha realmente que,
se os jogadores da seleção de futebol tivessem o mesmo
nível intelectual dos da seleção de vôlei,
teria acontecido aquilo? Um abraço.
Ewerton,
Ibitiara, Chapada Diamantina, BA
Não
tenho como afirmar isso. Mas, se jogadores intelectuais tivessem sucesso
sempre, países sem analfabetismo, como Dinamarca, Noruega,
Suécia e Holanda, tinham ganho Copas do Mundo (e Garrincha,
um semi-analfabeto, não seria invejado por todo mundo com seu
talento). O Brasil ganhou quatro Copas com jogadores até menos
instruídos do que os que temos hoje. Mesmo o vôlei, com
jogadores mais instruídos, decepcionou em Sydney, perdendo
ouros certos na areia e um bronze quase garantido na quadra no masculino.
Torço para que os jogadores de futebol sejam mais instruídos
como torço para que todo o povo brasileiro seja também.
E-mail:
rbueno@folhasp.com.br
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