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Domingo, 8 de outubro de 2000

O COLUNISTA RESPONDE


Rodrigo Bueno
     

‘‘Estou aqui a pensar sobre o ‘‘falecido’’ técnico Wanderley Luxemburgo e a desconfiança que tive desde a primeira entrevista daquele senhor quando assumiu o cargo de técnico da seleção brasileira. Havia muito blá-blá-bla sobre os integrantes da ‘‘comissão técnica’’. Todos profissionais de sucesso. Do preparador físico até a psicóloga. O que vimos? Um time morto em campo sem fôlego para enfrentar 9 jogadores. E a psicóloga? Será que alguém lembrou dela na volta ao Brasil? Ela deve ter sido contratada apenas para aumentar a arrogância do nosso treinador. Chega de técnico que fala bonito. Que fala inglês. Que usa terno. Que faz tipo ao mexer nos óculos cada vez que aparece na TV. Quero um técnico que fale a língua dos jogadores. Que fale só sobre futebol. Que não invente a roda. Faça o óbvio. Só isso.’’
João Carlos Parra, Curitiba, PR

Luxemburgo errou de fato ao tentar ser o que não é. Fugiu de suas origens e fez sua carreira vendendo uma imagem de modernidade. Fez tanto tipo e está quase tendo sua vida destruída pelos erros grosseiros que cometeu ao longo de sua trajetória. Porém não sou contra técnico que usa terno, que fala bonito, que sabe inglês, que tem óculos. Há vários com esse perfil que não são hipócritas, que não incorporam um personagem. Sobre a Suzy Fleury, ela pouco parece ter acrescentado e, pior, mostrou descontrole emocional após a saída de Sydney.



‘‘Tenho uma tese para o que ocorre no Brasil. Mesmo no esporte, em que a parte física é muito importante, o intelecto é fundamental. O fato de a maioria dos atletas brasileiros não terem uma boa base educacional contribui e muito para o baixo desempenho do nosso país. Não é à toa que o vôlei é um esporte que consegue mais medalhas. Você acha realmente que, se os jogadores da seleção de futebol tivessem o mesmo nível intelectual dos da seleção de vôlei, teria acontecido aquilo? Um abraço.’’
Ewerton, Ibitiara, Chapada Diamantina, BA

Não tenho como afirmar isso. Mas, se jogadores intelectuais tivessem sucesso sempre, países sem analfabetismo, como Dinamarca, Noruega, Suécia e Holanda, tinham ganho Copas do Mundo (e Garrincha, um semi-analfabeto, não seria invejado por todo mundo com seu talento). O Brasil ganhou quatro Copas com jogadores até menos instruídos do que os que temos hoje. Mesmo o vôlei, com jogadores mais instruídos, decepcionou em Sydney, perdendo ouros certos na areia e um bronze quase garantido na quadra no masculino. Torço para que os jogadores de futebol sejam mais instruídos como torço para que todo o povo brasileiro seja também.



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rbueno@folhasp.com.br



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