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Segunda-Feira, 28 de agosto de 2000

Reinado cubano

Cida Santos
     

Diego Medina
 


Uma das perguntas feitas pelos jornalistas aos técnicos finalistas do Grand Prix foi a seguinte: o que é preciso para derrotar Cuba? Se na teoria até há uma resposta, na prática parece uma questão quase sem solução. As cubanas venceram o Grand Prix com uma campanha perfeita: onze jogos, onze vitórias.

Nas duas últimas grandes competições que disputou com o time completo, a seleção cubana parece ter chegado mais próxima ainda da eficiência total: em novembro, conquistou a Copa do Mundo também invicta com onze vitórias. Se vencer os Jogos de Sydney, Cuba entrará para a história como a única seleção de vôlei a ser campeã olímpica três vezes seguidas. Mais: será o maior reinado de uma equipe em uma década: serão três títulos olímpicos e dois mundiais no período de 1992 a 2000.

O mais notável é que os cubanos estão conseguindo substituir uma grande geração sem traumas. A experiente Mireya Luis, 33 anos, continua na equipe, mas na reserva. No seu lugar está Yumilka Ruiz, uma atacante também de muita eficiência, impulsão e força, enfim uma quase clone de Mireya.

Ainda tenho uma teoria, que pode até parecer um tanto otimista demais, mas é a seguinte: de todas as equipes, a que tem mais chances de vencer Cuba é a brasileira. No ano passado, por exemplo, as duas seleções se enfrentaram três vezes: em duas delas (nos Jogos Pan-americanos), deu Brasil.

O jogo veloz brasileiro, com muitas variações de ataque, encaixa melhor com o de Cuba do que com a Rússia. Há dois anos, o Brasil não consegue passar pelo paredão russo. Já contra as cubanas também entram em quadra a rivalidade e o emocional, fatores que acabam equilibrando mais o confronto.

O que preocupa é a extrema dependência da seleção brasileira de duas jogadoras: a atacante Virna e a levantadora Fofão. Com uma delas machucada, o time cai muito. E Raquel até foi bem no lugar de Virna no Grand Prix. No caso de Fofão é pior. Não dá para pensar na possibilidade de o time jogar sem ela.

Com a mesma eficiência de Fofão no país, apenas Fernanda Venturini, que deixou a seleção. Havia outras opções: Carol e Gisele, mas o técnico Bernardinho convocou Kátia. Uma escolha arriscada. Outro problema é o passe, fundamento essencial para o Brasil colocar em ação sua principal arma: a variação de ataque.

A boa nova foi a atacante Erika, que deu um show de bola. Foi a dona do melhor saque da competição. Só ontem contra a China conseguiu sete aces.

Também foi a segunda maior pontuadora, atrás apenas da russa Chachkova, e ficou entre as dez primeiras colocadas no ataque, defesa e recepção.

O Grand Prix, última competição antes dos Jogos de Sydney, revelou que não há novidades no mundo do vôlei feminino: Cuba, Rússia, Brasil e, um pouco mais abaixo, China, são as grandes forças.

Já a Itália mostrou mais uma vez que é muito irregular e ficou em sétimo lugar no Grand Prix. Apesar disso, as italianas, da mesma maneira que a Coréia do Sul e Croácia, têm time para fazer uma pequena surpresa em Sydney como, por exemplo, vencer as chinesas.



NOTAS:


Surpresa
*A seleção masculina italiana tropeçou no Memorial Ruffini, quadrangular que reuniu Espanha, Coréia do Sul e Iugoslávia. Jogando em casa, os italianos perderam para a Iugoslávia (3 sets a 2) e para a Espanha (3 sets a 1). Só conseguiram ganhar da Coréia e ficaram em terceiro lugar. Para piorar a situação, o atacante Giani voltou a sentir uma contusão no joelho.


Hilma
* A atacante Hilma, que havia acertado jogar mais dois anos na Turquia, teve de mudar de rumo. A equipe turca perdeu o patrocínio e rompeu o contrato com a atleta. Hilma, que não quer atuar no Brasil, vai jogar na Itália. Ela deverá defender o Spezzano, time que subiu para a série principal do Campeonato Italiano.


Bye, bye
*O técnico Doug Beal deverá deixar a seleção dos Estados Unidos depois da Olimpíada. Segundo ele, não se pode permanecer por muito tempo com o mesmo grupo. Beal vai quer descansar um pouco e depois trabalhar em um clube italiano.


E-mail: cidasan@uol.com.br

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