Uma das perguntas feitas pelos jornalistas aos técnicos finalistas
do Grand Prix foi a seguinte: o que é preciso para derrotar Cuba?
Se na teoria até há uma resposta, na prática parece uma questão
quase sem solução. As cubanas venceram o Grand Prix com uma campanha
perfeita: onze jogos, onze vitórias.
Nas duas últimas grandes competições que disputou com o time completo,
a seleção cubana parece ter chegado mais próxima ainda da eficiência
total: em novembro, conquistou a Copa do Mundo também invicta
com onze vitórias. Se vencer os Jogos de Sydney, Cuba entrará
para a história como a única seleção de vôlei a ser campeã olímpica
três vezes seguidas. Mais: será o maior reinado de uma equipe
em uma década: serão três títulos olímpicos e dois mundiais no
período de 1992 a 2000.
O mais notável é que os cubanos estão conseguindo substituir uma
grande geração sem traumas. A experiente Mireya Luis, 33 anos,
continua na equipe, mas na reserva. No seu lugar está Yumilka
Ruiz, uma atacante também de muita eficiência, impulsão e força,
enfim uma quase clone de Mireya.
Ainda tenho uma teoria, que pode até parecer um tanto otimista
demais, mas é a seguinte: de todas as equipes, a que tem mais
chances de vencer Cuba é a brasileira. No ano passado, por exemplo,
as duas seleções se enfrentaram três vezes: em duas delas (nos
Jogos Pan-americanos), deu Brasil.
O jogo veloz brasileiro, com muitas variações de ataque, encaixa
melhor com o de Cuba do que com a Rússia. Há dois anos, o Brasil
não consegue passar pelo paredão russo. Já contra as cubanas também
entram em quadra a rivalidade e o emocional, fatores que acabam
equilibrando mais o confronto.
O que preocupa é a extrema dependência da seleção brasileira de
duas jogadoras: a atacante Virna e a levantadora Fofão. Com uma
delas machucada, o time cai muito. E Raquel até foi bem no lugar
de Virna no Grand Prix. No caso de Fofão é pior. Não dá para pensar
na possibilidade de o time jogar sem ela.
Com a mesma eficiência de Fofão no país, apenas Fernanda Venturini,
que deixou a seleção. Havia outras opções: Carol e Gisele, mas
o técnico Bernardinho convocou Kátia. Uma escolha arriscada. Outro
problema é o passe, fundamento essencial para o Brasil colocar
em ação sua principal arma: a variação de ataque.
A boa nova foi a atacante Erika, que deu um show de bola. Foi
a dona do melhor saque da competição. Só ontem contra a China
conseguiu sete aces.
Também foi a segunda maior pontuadora, atrás apenas da russa Chachkova,
e ficou entre as dez primeiras colocadas no ataque, defesa e recepção.
O Grand Prix, última competição antes dos Jogos de Sydney, revelou
que não há novidades no mundo do vôlei feminino: Cuba, Rússia,
Brasil e, um pouco mais abaixo, China, são as grandes forças.
Já a Itália mostrou mais uma vez que é muito irregular e ficou
em sétimo lugar no Grand Prix. Apesar disso, as italianas, da
mesma maneira que a Coréia do Sul e Croácia, têm time para fazer
uma pequena surpresa em Sydney como, por exemplo, vencer as chinesas.
NOTAS:
Surpresa
*A seleção masculina italiana tropeçou no Memorial Ruffini, quadrangular
que reuniu Espanha, Coréia do Sul e Iugoslávia. Jogando em casa,
os italianos perderam para a Iugoslávia (3 sets a 2) e para a
Espanha (3 sets a 1). Só conseguiram ganhar da Coréia e ficaram
em terceiro lugar. Para piorar a situação, o atacante Giani voltou
a sentir uma contusão no joelho.
Hilma
* A atacante Hilma, que havia acertado jogar mais dois anos na
Turquia, teve de mudar de rumo. A equipe turca perdeu o patrocínio
e rompeu o contrato com a atleta. Hilma, que não quer atuar no
Brasil, vai jogar na Itália. Ela deverá defender o Spezzano, time
que subiu para a série principal do Campeonato Italiano.
Bye, bye
*O técnico Doug Beal deverá deixar a seleção dos Estados Unidos
depois da Olimpíada. Segundo ele, não se pode permanecer por muito
tempo com o mesmo grupo. Beal vai quer descansar um pouco e depois
trabalhar em um clube italiano.