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Agência impede que Boeing aumente produção de 737 Max e deve afetar aéreas

FAA também decidiu que modelos 737 Max 9 passarão por série de inspeções antes de liberação

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Washington, Seul e Paris | Reuters

A indústria aeroespacial enfrenta transtornos cada vez maiores devido à explosão de uma parte da fuselagem de um avião da Boeing operado pela Alaska Airlines, em 5 de janeiro, depois que os reguladores dos Estados Unidos congelaram aumentos na produção do jato 737 Max, levantando preocupações sobre os planos de crescimento de companhias aéreas e fornecedores em todo o mundo.

A FAA (Agência Federal de Aviação Civil, na sigla em inglês) anunciou a intervenção sem precedentes nos cronogramas de produção na noite de quarta-feira (24), em uma decisão que também viu o fim da suspensão parcial do modelo Max 9 uma vez que as inspeções foram feitas.

A agência disse que o pedido significava que a Boeing poderia continuar produzindo jatos Max no ritmo mensal atual, mas não poderia aumentar esse ritmo. A agência não ofereceu nenhuma estimativa de quanto tempo a limitação irá durar e não especificou o número de aviões que a Boeing pode produzir a cada mês.

Montagem de aviões da Boeing 737 Max, em Renton, nos Estados Unidos
Montagem de aviões da Boeing 737 Max, em Renton, nos Estados Unidos - Jason Redmond - 13.fev.2017 / Reuters

As ações da Boeing recuaram mais de 5% nos EUA, assim como também mostravam queda os papéis de fornecedores como Spirit AeroSystems, esta empresa é a responsável por fabricar o painel que explodiu durante o voo, e Howmet Aerospace. Em Londres, os papéis do fornecedor britânico Senior também eram negociados em baixa.

A capacidade de retomar os voos foi um alívio para as companhias norte-americanas Alaska Airlines e United Airlines, que usam o Max 9, que foram forçadas a cancelar milhares de voos e pretendem começar a retomar o serviço com os aviões na sexta-feira (26) e no domingo (28), respectivamente.

Mas os especialistas dizem que a resposta da FAA aos controles de qualidade "inaceitáveis" após a perda de uma tampa de porta a 16 mil pés (4.876 m) em 5 de janeiro poderá atrasar algumas entregas de novos aviões às companhias aéreas e prejudicar os fornecedores que já se recuperam de uma crise anterior do Boeing 737 Max e da pandemia.

Esse efeito cascata começou a surgir nesta quinta-feira, quando a Southwest Airlines, uma cliente fiel da Boeing, alterou seus planos de frota para 2024, dizendo que esperava receber menos entregas de aeronaves 737 Max.

A Boeing está buscando aumentar a produção de sua família 737 Max para acompanhar a demanda e preencher uma lacuna no mercado de jatos com a fabricante europeia de aviões Airbus.

Analistas expressaram preocupação de que um escrutínio extra das fábricas da Boeing após a ruptura dos plugues das portas do 737 Max 9 moderasse os aumentos de produção do Max 8, uma importante fonte de dinheiro para a Boeing e muitos fornecedores.

"Os problemas de garantia de qualidade que vimos são inaceitáveis", disse o administrador da FAA, Mike Whitaker, em um comunicado anunciando o congelamento de qualquer expansão na produção do MAX até que os problemas fossem resolvidos. "É por isso que teremos mais pessoal no local, examinando e monitorando de perto as atividades de produção e manufatura."

A Boeing disse que continuará a cooperar "total e transparentemente" com a FAA e seguiria a orientação da agência ao tomar medidas para fortalecer a segurança e a qualidade.

Em outubro, o CEO da Boeing, Dave Calhoun, disse que a empresa planejava atingir a produção de 38 aviões Max por mês até o final de 2023.

O último cronograma master do 737 da Boeing, que define o ritmo de produção para os fornecedores, previa que a produção aumentaria para 42 jatos por mês em fevereiro, 47,2 em agosto, 52,5 em fevereiro de 2025 e 57,7 em outubro de 2025, informou a Reuters em dezembro.

No entanto, o ritmo de produção da própria Boeing pode ficar atrás do cronograma master do fornecedor.

Calhoun enfrentou perguntas de senadores sobre o incidente da Alaska Airlines em uma série de reuniões na quarta-feira, no Capitólio. A presidente do Comitê de Comércio do Senado, Maria Cantwell, disse que realizaria audiências para investigar a causa raiz dos lapsos de segurança da Boeing.

"O público aéreo norte-americano e os trabalhadores das linhas da Boeing merecem uma cultura de liderança na Boeing que coloque a segurança à frente dos lucros", afirmou Cantwell.

Calhoun disse que a Boeing restauraria a confiança do público em seus aviões.

Planos de linha de produção

A decisão da FAA pode impactar os planos de construção de uma nova linha 737 Max em Everett, Washington, até meados de 2024, após o fim da produção do icônico 747 da Boeing na enorme fábrica.

A linha, prevista para ser a quarta linha do 737 no geral e a primeira fora da fábrica de Renton, também no subúrbio de Seattle, é necessária para atender à forte demanda.

A Boeing não quis comentar sobre qualquer impacto potencial na linha Everett.

Uma vez acusada de ser muito branda com a Boeing, a FAA reforçou a supervisão desde que os acidentes anteriores do Max levaram ao encalhe mundial, mas a intervenção de quarta-feira abre um novo território, disseram especialistas.

Analistas da Jefferies disseram que a suspensão da expansão da FAA parecia "restritiva" e carecia de um cronograma definitivo.

"Essas ações provavelmente pressionarão qualquer aumento de produção no curto prazo, mas parecem estar mais relacionadas ao timing", acrescentaram.

Algumas companhias aéreas podem ser afetadas "significativamente" por qualquer congelamento no aumento da produção, disse uma fonte sênior da indústria, embora muitas na indústria já tenham levado em conta alguns atrasos à medida que as empresas aeroespaciais continuam a se recuperar da pandemia.

A United, por exemplo, tem 100 entregas de 737 Max programadas para este ano, de acordo com um documento regulatório de outubro.

O anúncio da FAA ocorreu horas depois de a Boeing entregar seu primeiro 737 Max a uma companhia aérea chinesa desde março de 2019, encerrando um congelamento de quase cinco anos e concedendo uma trégua às tensas relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

Reportagem de Valerie Insinna, David Shephardson, Lisa Barrington e Tim Hepher; com reportagens adicionais de Rajesh Kumar Singh, Sophie Yu e Abhijith Ganapavaram

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