Retrospectiva Folhinha 2023: ano teve menino na rampa da posse, perdas e celebração

No ano do 60º aniversário do caderno, crianças viram início de uma guerra e fim das máscaras, e ganharam desafios semanais

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São Paulo

Na última semana do ano, a Folhinha traz uma lista com acontecimentos de 2023 que viraram notícia porque foram importantes para os adultos e para as crianças. Nesta retrospectiva, há fatos legais como o fim da emergência sanitária global da Covid-19, que liberou todo mundo do uso de máscaras faciais de proteção, mas também mortes de pessoas famosas e anônimas, que entristeceram os brasileiros.


Posse

No primeiro dia do ano, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin se tornaram presidente e vice-presidente da República ao tomarem posse de seus cargos –em outras palavras, eles começaram em seus novos empregos.

Lula já tinha sido presidente outras duas vezes, em 2003 e 2007. Desta vez, ele disputou as eleições com o então presidente Jair Bolsonaro. Lula foi eleito ao receber 50,9% dos votos válidos no segundo turno, contra 49,1% do adversário. Foi a primeira vez que um presidente perdeu uma disputa pela reeleição no país.

BRASÍLIA, DF, BRASIL, 01-01-2023: O presidente Lula, com a primeira dama Janja, o vice-presidente Geraldo Alckmin e sua esposa Lu Alckmin, na subida da rampa do palácio do Planalto, durante cerimônia de posse em Brasília; o menino Francisco, então com 10 anos, foi convidado do presidente - Eduardo Anizelli/Folhapress

Na cerimônia de posse, Lula e Alckmin subiram a rampa ao lado de suas mulheres e também de pessoas escolhidas para representar a diversidade da sociedade brasileira, como o influencer que luta contra o capacitismo Ivan Baron, e o menino Francisco, então com 10 anos.

Filho único por parte de mãe, irmão mais velho de quatro jovens por parte de pai, ele mora com os pais em um sobrado em uma rua sem saída da zona leste de São Paulo. "Virei até nome no Google, tá lá na busca", disse ele à Folhinha em janeiro.

Invasão em Brasília

Uma semana depois da posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 8 de janeiro, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes, em Brasília. Era um domingo, e os manifestantes golpistas entraram na Esplanada dos Ministérios, invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o STF.

Encorajadas por atos antidemocráticos e pelo discurso golpista do ex-presidente durante as eleições, as pessoas vieram em grande parte de um acampamento montado na frente do Quartel-General do Exército.

Os atos de vandalismo se espalharam: vidros foram quebrados, móveis eram atirados para fora do prédio, computadores e monitores foram jogados no chão. No STF, os manifestantes depredaram o Plenário onde acontecem as sessões de julgamento. Espalharam documentos e arrancaram cadeiras do chão. Uma mangueira de incêndio foi usada para inundar o local.

As forças de segurança conseguiram desocupar os prédios públicos invadidos na praça dos Três Poderes, usando para isso muitas bombas de efeito moral e spray de pimenta. Para investigar os ataques, foi criada uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

Litoral norte

No dia 18 de fevereiro, um sábado, chuvas fortes caíram no litoral norte de São Paulo. Em menos de 24 horas, o acumulado de chuvas ultrapassou os 600 mm (milímetros) em alguns lugares. Nesse cálculo, 1 mm de chuva equivale a 1 litro de água por metro quadrado. Isso significa que choveu 600 litros de água para cada metro quadrado.

As áreas mais atingidas foram entre Bertioga (683 mm) e São Sebastião (627 mm). Esses índices pluviométricos (relativos à chuva) foram dos maiores já registrados no país em curto período e em uma situação que não fosse decorrente de um ciclone tropical.

O resultado foi um rastro de destruição. De acordo com a Defesa Civil do estado, 65 pessoas morreram, e centenas foram desalojadas e desabrigadas. Quase todas as mortes aconteceram na Vila do Sahy, uma comunidade formada por migrantes nordestinos atraídos pela oferta de trabalho nas residências de veranistas, restaurantes e pousadas da região.

Desafios de Matemática

A edição de 15 de abril da Folhinha trouxe uma novidade: a estreia dos Desafios de Matemática, uma parceria da Folha com o Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada). Desde então, toda semana as crianças encontram no jornal propostas de passatempos divertidos e que estimulam o raciocínio.

Imagem dos Desafios de Matemática da Folhinha - Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada)

O leitor já foi desafiado, por exemplo, a descobrir a chave correta para abrir cadeados, levar o fazendeiro para a outra margem do rio, e até ajudar dois feiticeiros a ficar invisíveis. Na versão impressa da Folhinha, um QR code leva o leitor à home da Folhinha, onde é publicada a resposta à brincadeira.

Fim da emergência global sanitária

No dia 5 de maio, depois de mais de três anos e quase 7 milhões de mortes, a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que a Covid-19 não era mais uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (Espii).

Tudo havia começado em janeiro de 2020, quando a cidade chinesa de Wuhan tinha identificado um novo tipo de coronavírus circulando. Naquela época, ainda se acreditava que o risco de transmissão entre humanos era baixo —o que ficou claro ser um engano pouco tempo depois.

Foi uma época de isolamento social e escola pela internet. Quando as aulas presenciais foram autorizadas, todo mundo usava máscara e não dava para abraçar os amigos nem brincar perto uns dos outros. Com o desenvolvimento da vacina, a situação foi mudando até chegar ao fim da emergência.

Coroação

Com a morte da rainha Elizabeth 2ª, em setembro de 2022, seu filho Charles 3º se tornou o sucessor do trono. A festa de sua coroação aconteceu no dia 6 de maio, em Londres, na Inglaterra.

Uma carruagem puxada por seis cavalos e seguida por cerca de 200 pessoas levou Charles e sua mulher Camilla do Palácio de Buckingham até a Abadia de Westminster. Desde 1066, 39 monarcas foram coroados nesta abadia; Charles foi o 40º.

Rita Lee

No dia 8 de maio, a cantora Rita Lee morreu em sua casa, em São Paulo. Rita foi a maior estrela do rock brasileiro e surgiu durante um movimento musical chamado tropicalismo com sua banda Os Mutantes, na década de 1960. Ela estava doente desde 2021, quando foi diagnosticada com câncer de pulmão.

SÃO PAULO - SP - 16.04.2011 - A cantora Rita Lee abre a Virada Cultural 2011 com show no palco Julio Prestes, no centro de São Paulo - Danilo Verpa/Folhapress

Rita é autora de músicas como "Ovelha Negra", "Agora Só Falta Você", "Doce Vampiro" e "Desculpe o Auê". Além disso, ela também escreveu livros para crianças. Entre os mais conhecidos estão "Amiga Ursa" e "Dr. Alex" (editora Globinho).

A cantora foi velada no Planetário do parque Ibirapuera.

"Onde Vivem os Monstros"

Em 23 de maio, a BBC –a principal corporação de rádio e TV britânica– divulgou uma lista com os 100 maiores livros infantis de todos os tempos. Na primeira posição está "Onde Vivem os Monstros" (Companhia das Letrinhas, 48 páginas, R$ 64,90), do escritor e ilustrador Maurice Sendak.

No livro, o menino Max é mandado para cama sem jantar. Sua mãe não gostou do seu comportamento depois que ele vestiu sua roupinha de monstro e deu uma causada pela casa. No quarto, Max então vê crescer uma floresta e brotar um oceano, e sobe em um barquinho que viaja por um ano até chegar ao lugar que os monstros habitam.

Ilustração de "Onde Vivem os Monstros", de Maurice Sendak
Ilustração de 'Onde Vivem os Monstros', de Maurice Sendak - Reprodução

Os monstros fazem festa (de um jeito monstruoso) com a chegada de Max, até que ele manda todo mundo se calar. É assim que ele vira o rei dos monstros. "Onde Vivem os Monstros" foi lançado 60 anos atrás.

Espaço Folhinha

Entre os dias 8 e 11 de junho, durante o feriado de Corpus Christi, a Folhinha participou da Feira do Livro, na praça Charles Miller, em São Paulo. O estande Espaço Folhinha teve decoração que lembrava um picadeiro de circo, e foi todo pensado e produzido para crianças e suas famílias.

São Paulo, SP, Brasil, 09-06-2023: Kiusam de Oliveira, autora de 'Tayó em Quadrinhos', conversa com a editora da Folhinha e Folhateen Marcella Franco, no Espaço Folhinha, na Feira do Livro - Gabriel Cabral/Folhapress

Na programação, teve conversa com autores famosos como Kiusam de Oliveira, Ilan Brenman e o colunista da Folhinha Marcelo Duarte, leitura de Antonio Prata, contação de histórias, palhaçaria e pocket show de Hélio Ziskind.

Submarino

Em junho, o submersível Titan começou aquela que seria sua última viagem: cinco homens a bordo queriam visitar os destroços do navio Titanic, que afundou na madrugada de 15 de abril de 1912 depois de bater em um iceberg. No dia 18 de junho de 2023, o Titan perdeu contato com a superfície.

A Guarda Costeira dos EUA informou ter encontrado destroços no oceano e mais tarde confirmou que eles eram do submersível Titan. Pelo estado em que os materiais estavam, entende-se que tenha acontecido a perda de pressão do veículo, o que teria provocado uma implosão e levado à morte dos passageiros.

Onda de calor

O Brasil enfrentou uma onda de calor na primeira quinzena de novembro. No dia 13, a cidade de São Paulo registrou temperatura de 37,4°C, de acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Antes disso, a maior marca no mesmo local é de outubro de 2014, com 38,4°C.

Os meteorologistas explicam que a situação aconteceu por um bloqueio de pressão atmosférica, por mudanças climáticas e pelo El Niño, que causa aquecimento acima da média no oceano Pacífico, perto da linha do Equador. Ele muda a circulação dos ventos e leva umidade e águas mais quentes da costa das Américas para Ásia e Oceania.

A principal característica da onda de calor é impedir a chegada de frentes frias às áreas afetadas.

O calorão fez os paulistanos correrem para comprar ventiladores e ar condicionado, cujo preço subiu mais de 5% naquele período.

Aniversário da Folhinha

Em 8 de setembro, a Folhinha soprou velinhas em seu aniversário de 60 anos. O caderno infantil da Folha nasceu pelas mãos de Mauricio de Sousa e da editora Tia Lenita, que em 1963 imaginaram que seria legal ter uma parte do jornal que fosse só das crianças, com passatempos e informações.

Sob o título "60 anos de Folhinha de S.Paulo, ilustração mostra duas pessoas, uma mulher e um homem, sentados em cadeiras de escritório na cor azul. A mulher é a criadora do suplemento, Helena Miranda de Figueiredo, a Tia Lenita. Ela aparece do lado esquerdo da cena, usa calça vermelha, blusa rosa e azul, com grafismos em amarelo, e sapatos de salto roxos. No pescoço, um lenço vermelho. Os cabelos são curtos e brancos. Está de óculos, também vermelhos e com um brinco prateado redondo com uma pedra vermelha no centro. O homem é Maurício de Sousa. Está no lado direito da cena, com calças e sapatos marrons, camisa polo amarela e cinto preto. Com a mão esquerda segura um lápis verde. No centro da cena, entre os dois, está uma grande prancheta de desenho na cor azul. Em cima dela, o exemplar da primeira edição da Folhinha. A manchete é "O menino que foi medir o pescoço da girafa". Apoiados na mesa de desenho estão Mônica e Cebolinha, dois dos principais personagens do cartunista, empresário e escritor brasileiro Maurício de Sousa.
Ilustração especial da Mauricio de Sousa Produções para a edição de aniversário de 60 anos da Folhinha - Mauricio de Sousa Produções

Para celebrar a data, a Folhinha ganhou edição especial em formato tabloide, com mais páginas, e também o filme especial "Folhinha 60", produzido pelo TV Folha e disponível no canal da Folha no Youtube.

Guerra

Desde o dia 7 de outubro, o mundo assiste preocupado a mais uma guerra. Desta vez, o conflito acontece no Oriente Médio, desde que uma organização terrorista chamada Hamas lançou uma ofensiva sobre Israel.

Como resposta, o premiê israelense Binyamin Netanyahu declarou a guerra e, logo depois, foram feitos bombardeios aéreos contra o território palestino, onde o Hamas concentra sua autoridade. Milhares de pessoas já perderam suas coisas, casas e até suas vidas dos dois lados do confronto.

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