Candidatas à Câmara por SP, MG e RJ estacionam em ranking de popularidade digital

Folha divulga desempenho nas redes de candidatos a deputado; incentivos ainda não se refletiram para mulheres

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Rio de Janeiro

A série de incentivos à participação de mulheres nas eleições deste ano ainda não se refletiu em termos de popularidade das candidatas à Câmara dos Deputados nas redes sociais, em comparação com os homens que concorrem aos mesmos cargos.

Mesmo com cotas no número de candidaturas e nas verbas do fundo eleitoral, elas continuam sendo poucas no topo dos rankings de desempenho digital em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, dominados majoritariamente pela direita.

A classificação foi criada pela Quaest Consultoria e Pesquisa e é divulgada mensalmente pela Folha. O chamado Índice de Popularidade Digital (IPD), que varia de 0 a 100, ajuda a medir a temperatura diária da corrida eleitoral no país.

Deputada federal Carla Zambelli (PL), segunda colocada no ranking de popularidade digital em SP, discursa a apoiadores de Bolsonaro no 1º de Maio, na avenida Paulista - Eduardo Knapp - 1.mai.22/Folhapress

Foram analisados, no último mês, os perfis no Facebook, no Instagram e no Twitter de 2.268 dos 3.726 concorrentes nos três estados, que têm 169 das 513 cadeiras na Casa. O restante não foi encontrado ou tinha redes sociais fechadas para o público.

As mulheres representam apenas um quinto ou menos dos 50 candidatos mais bem colocados nesses locais, sendo que elas correspondem a um terço do total de postulantes —porcentagens que não mudaram em relação ao mês anterior.

Em São Paulo são 11 nessa lista. Carla Zambelli agora perdeu o primeiro lugar para Eduardo Bolsonaro, ambos deputados federais pelo PL. Nesta semana a parlamentar foi obrigada pela Justiça a remover publicações contra a jornalista Vera Magalhães.

Em compensação, a influenciadora digital e musa do Botafogo Juju Ferrari (Avante) ultrapassou o também deputado Tiririca (PL) e alcançou o terceiro lugar. Depois dela, porém, a próxima mulher só aparece em 17º: Marina Silva, novamente pela Rede.

No Rio de Janeiro, a candidata mais bem colocada vem em oitavo. É a youtuber e apresentadora Antônia Fontenelle (Republicanos), envolvida em diversas polêmicas na internet, como a exposição do caso de estupro da atriz Klara Castanho.

Antes dela há um batalhão de homens liderado pelo ex-policial Gabriel Monteiro (PL), que teve o mandato de vereador cassado em agosto, após ser denunciado por suspeita de assédio e importunação sexual contra uma ex-assessora e investigado por outros crimes. No último dia 11, Monteiro desistiu da candidatura.

É em Minas Gerais, porém, que as mulheres ficam mais para trás no ranking. Elas são apenas 14% do top 50 e só surgem a partir da 17ª posição, com a vereadora de Belo Horizonte Duda Salabert (PDT), a primeira transgênero a concorrer ao Senado em 2018.

Depois vêm a deputada federal Greyce Elias, pelo Avante (20º), e a jornalista Lis Macedo, pelo PTB (21º). Quem continua liderando no estado é o deputado federal André Janones (Avante), que desistiu da Presidência. Aécio Neves (PSDB) subiu do 40º para 7º lugar.

O baixo desempenho das mulheres acontece apesar de leis e resoluções do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) nos últimos anos que buscam incentivar a participação delas e da população negra na política e melhorar a representatividade dessas parcelas da sociedade.

Por lei, mulheres precisam corresponder a 30% das candidaturas registradas por um partido —percentual que foi atingido pela primeira vez em uma eleição geral em 2014, com 31,2%, e atingiu recorde neste ano, com 33,7%.

A verba do fundo eleitoral também tem que ser destinada a elas nessa mesma proporção (nunca menos de 30%). Um levantamento feito pela Folha, no entanto, mostrou que nenhuma das dez maiores legendas do país havia cumprido a determinação até a véspera do prazo, em 12 de setembro.

Nos rankings do IPD publicados agora, é possível buscar o político por nome ou partido e ver como ele evoluiu durante a campanha. No caso da Câmara, é considerada a média móvel do mês anterior do índice, calculado por um algoritmo de inteligência artificial que processa 139 variáveis das três redes sociais.

São monitoradas cinco dimensões: presença digital (perfis ativos), fama (seguidores e alcance), engajamento (comentários e curtidas), mobilização (compartilhamentos) e valência (proporção de reações positivas e negativas).

O jornal também divulga mensalmente a evolução dos IPDs dos candidatos à Presidência e aos governos de sete estados: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

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