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A
mentira do pessimismo
No mais atual e profundo retrato da realidade social brasileira,
lançado semana passada pelo IBGE, o crônico pessimismo
sobre o destino do país aparece simplesmente como sintoma
de ignorância.
Assim como o otimismo exagerado vendido pelos governantes
não se confirma nos números e, na maioria das
vezes, é consequência de demagogia e empulhação,
a versão, frequentemente difundida, de que vamos de
mal a pior é uma mentira, uma manipulação
primária.
A ladainha pessimista pega, digamos, melhor: afinal, o cidadão
vive o presente de dificuldades e, no geral, tem dificuldades
de sistematizar as lentas conquistas passadas, sem capacidade
de comparar.
O problema é que, no final, cai em descrédito
uma das maiores conquistas do brasileiro: a democracia, conquistada
depois de anos por uma geração na resistência
aos militares.
Os números do IBGE mostram um fato inexorável:
melhoram sem parar as condições de vida do brasileiro,
que conta cada vez mais com educação, saúde
e dinheiro no bolso.
Em poucos anos, menos de dez, a seguir esse ritmo, estará
praticamente erradicado o analfabetismo infantil.
Compare: em 1978, apenas 3% passavam os 11 anos de estudos.
Hoje, já são 19%.
Com a desvalorização da moeda, a renda caiu_
mas, se comparamos com o início do Plano Real, há
uma elevação de 21%.
Sei que, como de costume, muitos leitores vão imaginar
que essa coluna é governista, afinal dizer que o país
melhorou é sinônimo de puxa saco.
Pensem o que quiserem. O fato é que a democracia está,
a duras penas, funcionando.
Não está, aqui, esse ou aquele governo. Também
é manifestação de ignorância, como
fizeram ministros de Fernando Henrique Cardoso, faturar em
cima dos dados do IBGE.
O avanço social ocorre, em larga medida, não
pelos investimentos federais. Mas pelo trabalho de governadores
e prefeitos nos mais variados mandatos _ e, ao mesmo tempo,
é fruto de uma população cada vez mais
informada e exigente.
Sei muito bem que esses números merecem uma tímida,
muito tímida comemoração. Afinal, a julgar
pelo nosso potencial, nossa riqueza por habitante, poderíamos
estar muito, muito mesmo, melhor do que estamos.
Avançamos, mas, comparativamente, estamos socialmente
bem pior do que nações ainda mais pobres economicamente.
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