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23/10/2008 - 18h45

Governos europeus mobilizam trilhões de dólares contra a crise

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da Folha Online

Depois de prejuízos de bilhões de dólares em bancos europeus e com algumas das principais economias da Europa levadas à recessão, ou bem perto de uma, os governos do continente se mobilizaram para tentar conter, em alguns casos, o avanço da crise financeira global sobre a economia real e, em outros, reverter o estrago já provocado.

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A mobilização envolve valores consideráveis. Tomados em conjunto, levando em conta apenas as ajudas vindas da europa ao setor financeiro, o total passa de US$ 2 trilhões. Mesmo esse volume todo de dinheiro, no entanto, pode não ser o bastante para estabilizar a economia global. O mercado financeiro, pelo menos, não se deixou impressionar: mesmo com tudo o que já foi feito desde o dia 15 de setembro --quando o banco Lehman Brothers quebrou nos EUA dando novo fôlego à crise--, os mercados oscilam entre ganhos modestos e perdas históricas.

A quebra do Lehman é um dos pontos culminantes na trajetória da crise desde meados do ano passado, quando a inadimplência nas hipotecas de risco nos EUA atingiu níveis críticos. A desconfiança de que todo o volume de dinheiro movimentado na forma dessas hipotecas pudesse virar pó levou o BNP Paribas a congelar em agosto de 2007 cerca de 2 bilhões de euros em fundos. Foi a partir daí que o termo "subprime" entrou para o vocabulário do mercado financeiro.

O problema

O mercado imobiliário dos EUA viveu um "boom" logo após a crise das empresas "pontocom", em 2001. A expansão no mercado imobiliário acabou por chegar a um nicho ainda não explorado: o de clientes 'subprime', que envolvia um risco maior de inadimplência --e, por isso mesmo, à promessa de retornos mais altos.

Instituições americanas e estrangeiras, interessadas em retornos mais altos compraram esses títulos "subprime" das companhias hipotecárias e permitiram que uma nova quantia em dinheiro fosse emprestada, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Esse sistema gerou uma cadeia de venda de títulos.

Em um mercado financeiro cada vez mais integrado --efeito da globalização nos últimos anos--, o efeito do não-pagamento de um empréstimo na ponta (quem toma o empréstimo) gera um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. Isso cria uma desconfiança generalizada que se espalha por praticamente todas as categorias de crédito. O resultado é uma relutância cada vez maior por parte das instituições financeiras em oferecer crédito, e o reflexo dessa desconfiança é a paralisia em curso nos mercados financeiros.

O funcionamento desse mecanismo levou diversas instituições financeiras européias à beira do abismo. O Northern Rock, uma das principais instituições hipotecárias britânicas, sofreu com a crise já em fevereiro, um prenúncio do que estava por vir. Diversas outras vieram a seguir, todas atingidas pelos efeitos do mecanismo triturador posto em movimento pelas hipotecas "subprime" nos Estados Unidos: UBS, BNP Paribas, Fortis, Bradford & Bingley, HBOS, Hypo Real Estate, Glitnir, Landsbanki, Kaupthing, Dexia, Unicredit e ING.

Com tantas baixas, provocando perdas históricas nos mercados europeus, algumas economias européias não resistiram. O premiê britânico, Gordon Brown, e o presidente do Banco da Inglaterra (BC britânico), Mervyn King, já reconheceram que será difícil evitar a recessão no Reino Unido.

Na França, o BC do país (ligado ao Banco Central Europeu) já informou que o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 0,1% no terceiro trimestre de 2008, depois de uma baixa de 0,3% no segundo trimestre. Dois trimestres consecutivos de PIB negativo formam o padrão considerado pelos economistas como indicador de recessão. Antes da França, a Irlanda já havia obtido o duvidoso título de primeiro país da zona do euro a entrar em recessão: o PIB irlandês no segundo trimestre teve uma contração de 0,5%, depois de uma contração de 0,3% no primeiro.

Ajudas

Os EUA começaram a discutir um pacote de ajuda a instituições financeiras antes da Europa, mas foram os europeus que tomaram a dianteira em termos de ação. O governo britânico elaborou um amplo pacote de 500 bilhões de libras (US$ 807 bilhões), com a liberação de 50 bilhões de libras (US$ 80,7 bilhões) para uma estatização parcial do setor bancário. Só dias depois é que os EUA iriam autorizar o primeiro saque, de US$ 250 bilhões, da reserva de US$ 700 bilhões aprovada pelo Congresso para comprar papéis de bancos, a fim de evitar mais quebras.

Além do Reino Unido, a Alemanha também aprovou um pacote, de 500 bilhões de euros (US$ 644 bilhões, no câmbio de hoje) preparado pelo governo para ajudar os bancos do país. O plano de resgate tem como objetivo incentivar os créditos interbancários e a compra de pacotes de ações dos bancos privados por um total de 80 bilhões de euros (US$ 103 bilhões) para reforçar o capital das instituições. Antes disso, em uma medida mais pontual, o governo alemão, em parceria com outros bancos privados, fecharam um pacote de 50 bilhões de euros (cerca de US$ 64 bilhões) para salvar o Hypo.

O governo da Suécia também já agiu e disponibilizou cerca de US$ 203 bilhões para ajudar o sistema financeiro do país. A França, por sua vez, já ajudou algumas de suas instituições bancárias mais importantes com uma injeção de 10,5 bilhões de euros, parte de um pacote de 360 bilhões de euros (cerca de US$ 464 bilhões).

Coordenação

O FMI (Fundo Monetário Internacional) e diversos governo europeus vêm pedindo coordenação --entre Europa e países de outros continentes, bem como entre os próprios países europeus-- para combater a crise em curso. O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, já disse em diversas ocasiões a necessidade de uma ação ágil e coordenada entre os países é necessária para enfrentar a crise financeira.

Uma dessas ações coordenadas foi a que adotaram o Federal Reserve (Fed, o BC americano), o Banco do Canadá e quatro bancos centrais da Europa --Banco da Inglaterra (BC britânico), BCE (Banco Central Europeu), Sveriges Riksbank (da Suécia) e SNB (Banco Nacional da Suíça, na sigla em inglês)--, ao reduzir em 0,5 ponto percentual suas taxas de juros, na tentativa de reativar o sistema mundial de crédito.

O Parlamento Europeu já aprovou uma proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy: uma resolução que apóia a idéia de promover o governo econômico da Europa. Os eurodeputados destacaram que as políticas macroeconômicas européias devem apresentar "uma resposta rápida e estreitamente coordenada para ajudar à recuperação do crescimento econômico mundial".

Já foram realizados também encontros do G7 (grupo dos sete países mais ricos) e do G20 financeiro (grupo dos principais ministros de economia e presidentes de bancos centrais) para tentar concentrar esforços para debelar a crise.

Comentários dos leitores
Nivaldo Lacerda (112) 01/02/2010 17h30
Nivaldo Lacerda (112) 01/02/2010 17h30
Nao se deixem enganar pela propaganda, os EUA quebraram pois o governo nao teve controle dos especuladores, eles ficaram milionarios correndo riscos com dinheiro do imposto.
O Brasil nao teve problemas porque os bancos nao precisaram correr risco nenhum tiveram lucro usando dinheiro do governo com alto juros aprovado pelo governo, mas como os custos em geral estao crescendo muito impulsionado por propagandas suspeitas, quem pode quebrar no Brasil e a classe media pois nao terao $$ para pagar o alto custo dos servicos de crecdito brasileiro.
Portanto olho vivo nao se deixem individar por propagandas enganosas...a coisa pode quebrar, temos que ter o pe no cha.
sem opinião
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JOSE MOTTA (110) 01/02/2010 15h32
JOSE MOTTA (110) 01/02/2010 15h32
OS GRANDES SETORES, NACIONAIS OU ESTRANGEIROS), BANCOS, ESTATAIS (PETROBRAS, BANCO DO BRASIL, CAIXA ECONOMICVA FEDERSAL), AMBEV, AUTOMOTIVA, ALIMENTCIA, E MUITAS OUTROS, NESSE PÁIS MANDAM E DESMADAM, GANHAM QUANTO QUEREM. QUESTIONA-SE, SERÁ QUE UM PAIS DO PRIMEIRO MUNDO TERIAM TANTO LUCRO ASSIM SEM DAR NADA EM TROCA PARA A POPUÇÃO? E A PETROBRAS,O SOGAN "O PETROLEO É NOSSO", NOSSO DE QUEM? TEMOS UM DAS GASOLINAS MAIS CARA DO MUNDO. E O CAIXA PRETO DA PETROBRAS? VIVA O LULA. sem opinião
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Olmir Antonio de Oliveira (124) 29/01/2010 22h40
Olmir Antonio de Oliveira (124) 29/01/2010 22h40
A respeito da volta da cobrança do ipi. É por demais conhecida a alta carga trkibutária brasileira, assim como esta redução de preços, aos trabalhadores de salários baixos e buscando melhorias que possam lhes dar mais capacidade de consumo, a não repassar a volta da taxação do ipi seria uma retribuição aos beneficios recebidos, um empenho em prol de ganhos de escala. Consumidor brasileiro que paga preços altos quando comparado aos praticados em diversos países, históricamete tem sido assim. No pós estouro de manada, crise no país da maior econômia do mundo e diversos outros paises, muitas industrias tiveram boas vendas e lucros aqui, graça ao interese do consumidor brasileiro, esta hora, a da volta do ipi, seria oportuno que os industriais continuassem praticando os preços atuais, beneficiando o consumidor, e permitido que esles possam ter bons lucros em ganho de escala, dada as pespectivas, e nivel de poder econômico do consumidor. Certo é que mesmo sem majoração dos preços, mesmo assim os preços ainda estarão maiores ao praticado em muitos outros países, inclisive aos de origem de algumas industrias, lá estão tendo quedas de vendas e até enfretam falta de rentabilidade...... 2 opiniões
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