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Diego
Medina
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Na NBA,
às vezes não há nada mais chato que um jogo
equilibrado, disputado, que chegue indefinido aos minutos finais.
Isso mesmo. Quanto melhor, mais desagradável ao torcedor.
O paradoxo se explica pelo chamado "overcoaching", a participação
obsessiva (ou invasiva) do técnico nos momentos mais críticos
do espetáculo.
Quem acompanhou os playoffs do último campeonato norte-americano,
especialmente as séries entre Los Angeles Lakers e Portland
e entre o time californiano e o Indiana, vai se recordar.
Um período de 12 minutos de tempo de jogo no cronômetro
chegava a durar uma hora, graças a pedidos de tempo e orientações
para que os atletas travassem o relógio com faltas. Cada
ataque ou defesa era minuciosamente desenhado. A quadra transformava-se
em uma prancheta.
Xiii, você pode estar pensando, lá vem outro colunista
reclamar dos treinadores, lembrar que quem ganha o jogo é
o craque...
Não, não pretendo referendar no basquete o discurso
que tomou conta do futebol. Pelo contrário, penso que a tática
tornou-se fundamental para vencer.
Mas é preciso perguntar onde está a inteligência
de uma estratégia que tira o fluxo e a beleza do esporte
e que, em último instância, esvazia a arquibancada.
Em menos de três meses no cargo, o vice-presidente de Operações
da NBA, Stu Jackson, chegou a esse diagnóstico.
Embora não fira o regulamento, o "overcoaching"
aliena o fã e, por isso, deve ser considerado antijogo e
combatido, propôs ele em reunião de cúpula em
julho.
A liga norte-americana já vinha no embalo de mudanças,
mas não hesitou em radicalizá-las.
Na temporada 99/00, a NBA mudou as regras a fim de coibir o uso
das mãos no jogo de corpo da defesa e de garantir "imunidade
total" aos atletas que se deslocassem para receber a bola.
O jogo ganhou muita velocidade. A produção de pontos
aumentou 6%, de 183,2 para 195 por partida _dez times registraram
médias centenárias, nove a mais do que em 1999. E
o aproveitamento dos arremessos também subiu, de 43,7% para
44,9% _depois de 16 anos de declínio sucessivo (em 1984,
a pontaria era de 49,2%).
Desta vez, os cartolas trabalharam para destravar os jogos.
As equipes terão direito a pedir seis tempos técnicos
ao longo da partida, um a menos _três, e não quatro,
no último período de jogo; dois, e não três,
na prorrogação e assim por diante.
Com algumas exceções, a duração desses
intervalos também vai cair, de 100 para 60 segundos.
Mas a mais importante novidade ocorre quando um atleta sofre falta
quando tem o caminho livre para a cesta. Antigamente, ele recebia
o direito de chutar dois lances livres. Agora, vai arremessar apenas
uma vez. Mas sua equipe manterá a posse de bola.
A alteração procura desestimular o "efeito Shaquille
O'Neal": os times agrediam jogadores com mau desempenho nos
lances livres para recuperar rapidamente a posse de bola e ampliar
as chances de se recuperar no placar.
Alguns críticos temem a descaracterização do
basquete, acham que a NBA arrisca-se demais com a revolução
permanente. A gente vai poder conferir a partir do dia 31.
NOTAS
Mudanças 1
Reprograme o controle remoto. Depois de quase uma década, as partidas
da NBA deixam a programação da TNT. No leilão que a liga realiza
a cada dois anos, a PSN apostou mais alto e arrebatou os direitos.
Baseada em Miami, a emissora pretende usar o basquete como "tampão"
da grade dominical _dependendo do horário do futebol italiano,
os jogos poderão ser exibidos até com "delay". Os fiéis da bola
laranja que se acostumaram a varar as noites de segunda e quarta-feira
à frente da TV ficaram órfãos.
Mudanças 2
Na TNT, era possível acompanhar a narração original, em inglês.
Na PSN, nem com a tecla SAP vai dar para evitar os bordões de
Marco Túlio Reis.
Mudanças 3
Oito dos 29 times da liga norte-americana vão estrear treinadores.
O destaque é o legendário Isiah Thomas, que assumiu o Indiana,
atual vice-campeão.
Mudanças 4
Quase cem atletas trocaram de equipe na pré-temporada. Prometo
analisar o perde-ganha nas próximas semanas.
E-mail:
melk@uol.com.br
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03/10/2000 - O jogo das porcentagens
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