Brasil é horrível para fazer cinema, diz Ivan Cardoso, lenda do underground

Afastado dos longas por falta de financiamento, diretor é tão imprevisível quanto seus filmes

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O cineasta e fotógrafo Ivan Cardoso em seu apartamento, no Rio Eduardo Anizelli/Folhapress

Claudio Leal

Jornalista e mestre em teoria e história do cinema pela USP

[RESUMO] Artista com fama de maldito, principal fotógrafo da contracultura brasileira, expoente da fusão de humor e terror, Ivan Cardoso é tão imprevisível quanto seus filmes: tem medo de fantasmas e filmes de horror, cuida do irmão com necessidades especiais, juntou FHC, seu primo, e Zé do Caixão numa sessão de exorcismo no Planalto, chora ao falar do cão morto e de Caetano e vai todos os domingos ao Jockey de paletó e chapéu.

Os voos desorientados de um morcego assustavam Ivan Cardoso. "Estou vivendo uma situação ridícula", desabafou o cineasta, por telefone, pedindo socorro a uma amiga. Dali a pouco, ela tourearia o morcego até o basculante do banheiro. O visitante noturno, porém, se escondeu em outro aposento, para amanhecer como uma "borboleta enorme na boca" da cachorra de Cardoso, segundo anunciou a diarista. Só então ele descobriu que o morcego era uma mariposa.

A fobia seria natural se não fosse ele o mestre do vampirismo no cinema brasileiro. "Eu morro de medo de morcego. Nos festivais, sou conhecido por me assustar com filmes de terror. Dou pulos na cadeira", confessa Cardoso, em seu apartamento em Copacabana.

Sua sala de visita está decorada com manequins de zumbis e vampiros. Grandes espelhos cobrem as janelas, anulam a paisagem do Rio de Janeiro e duplicam a fantasmagoria do espaço. A certa altura, sentimos a palpitação de quem embarca em um trem-fantasma de parque de diversões. Tudo parece exigir um grito. Máscaras de terror, cobras najas e aranhas caranguejeiras de mentirinha. Nos tabuleiros de xadrez, caveiras e mãos decepadas substituem o rei, o bispo e a torre.

O cineasta dorme em sossego em seu quarto e circula com alegria entre os monstros de estimação. Em outra contradição curiosa, ele teme a aparição de almas penadas. "No dia em que encontrar um espírito, eu morro", garante Cardoso, a poucos meses de completar 70 anos.

Em 2008, quando seus pais receberam o diagnóstico de Alzheimer, o cineasta assumiu a guarda de seu irmão especial, Fernando, de 55 anos. A dedicação quase exclusiva à família alterou sua vida de solteiro. "Tive que me reinventar", ele se emociona. Os pais morreram em 2014. A responsabilidade não afetou, porém, sua excentricidade. Para continuar no emprego, o cuidador do irmão exigiu que um caixão deixasse de decorar a sala.

Nascido no Rio, em uma família de militares e políticos —dentre estes o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, seu primo—, o cineasta ignorou os familiares fardados e virou um soldado da contracultura. Há 50 anos, Cardoso estreou com o super-8 "Nosferato no Brasil" (1971), no qual o poeta tropicalista Torquato Neto vive um vampiro em visita ao Rio.

No cinema underground, suas referências estéticas abrangiam a poesia concreta, Zé do Caixão, os filmes B americanos, a tropicália, as chanchadas, as histórias em quadrinhos, o samba de malandro, Hélio Oiticica e os experimentos cinematográficos de Rogério Sganzerla e Julio Bressane. Seus enquadramentos e movimentos de câmera faziam do cinema um ato bárbaro.

Cardoso travou um diálogo poético com os seus mestres da música, do cinema, da literatura e das artes plásticas, como exemplificam os curtas-metragens "Moreira da Silva" (1973), "O Universo de Mojica Marins" (1978), "H.O." (1979), "À Meia-Noite com Glauber" (1997), "Hi-Fi" (1999) e "O Colírio do Corman Me Deixou Doido Demais" (2020).

Por estímulo do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, um de seus melhores amigos, ele investiu em filmes de múmia. "Uma múmia no Brasil! Isto é cinema", disse o diretor americano Samuel Fuller a Cardoso, em Barcelona.

A partir dos anos 1980, o cineasta marginal aprofundou o "terrir", o terror com humor, e desdobrou a colaboração com o roteirista R.F. Lucchetti nos filmes "O Segredo da Múmia" (1982), "As Sete Vampiras" (1986) e "O Escorpião Escarlate" (1990).

"Considero Ivan um dos grandes criadores do cinema no Brasil, de alta qualidade artística e expressiva. Ele fez um trabalho também de muito valor, que é o de colador de objetos, artefatos, como artista plástico", avalia Julio Bressane, que o convocou para a equipe técnica de três longas.

Na adolescência, Cardoso elegeu Oiticica, Torquato e Zé do Caixão como sua santíssima trindade. "Eu me digo filho do Hélio com Zé do Caixão. Aprendi a ser artista com Hélio. A minha postura artística, ética, estética. Ele era uma mistura de macaca de auditório com Haroldo de Campos, um superintelectual. Embora Hélio fosse uma bonecaça, nunca me assediou. Tinha uma injustificada admiração por mim. Ele se alimentava com chocolate, chantilly, pipoca e batata frita. Era antiecológico. Não tinha nenhuma preocupação de preservação ambiental."

Comprado pelo MoMA, em Nova York, e pelo Reina Sofía, em Madri, "H.O.", uma obra-prima de 13 minutos sobre o criador da instalação "Tropicália", virou seu carro-chefe em museus, galerias e festivais internacionais. Na casa de Oiticica, ele conheceu Torquato, outro de seus inventores.

"Torquato me lançou como artista. Ele não tinha o tipo do Nosferato, mas eu precisava, além dos meus atores, de nomes famosos. Sempre fui marqueteiro. De fato, qual outro filme super-8 brasileiro é tão famoso quanto ele? Nenhum. Além de Torquato, escalei Scarlet Moon, símbolo da mulher moderna."

Zé do Caixão foi seu mestre mais longevo. Cardoso se orgulha de ter oferecido a ele o primeiro baseado. "Quero falar com Deus", repetia Mojica, sedento por maconha. No computador do Dracula’s Club, como chama seu gabinete, Cardoso põe um depoimento em que seu pai cinematográfico o unge como herdeiro.

"É Ivan Cardoso fazendo seu terrir e eu fazendo o meu terror. Mas quem pode dizer que Ivan não possa ser o sucessor que eu tanto, realmente, procuro? [...]. Estamos no Terceiro Mundo. Não adianta. Só se reconhece alguém depois de morto. Quem sabe, depois de morto, todo o mundo irá gritando: ‘Ivan Cardoso! Ivan Cardoso!’", brada o diretor de "À Meia-Noite Levarei sua Alma" (1964).

"O cineasta brasileiro que eu amo mais é o Mojica. E o Glauber", Cardoso conta. "As unhas do Zé do Caixão são o bigode de Salvador Dalí. Como ele fodia com aquelas unhas? Fiquei amigo de Rogério Sganzerla para falar sobre Mojica. Aqui no Rio, eu não tinha informações sobre ele."

Em 19 de fevereiro de 2020, aos prantos com a morte de Mojica, Cardoso correu para comprar uma passagem no primeiro voo para São Paulo. No teatro do MIS (Museu da Imagem e do Som), ele encontrou um velório fiel à estética do terror. Entre as mãos do morto, uma rosa vermelha. Em cima do caixão, um Cristo crucificado. As unhas mitológicas estavam cortadas.

Cardoso abraçou Liz Marins, filha de Mojica, e pediu para fotografar o ídolo sem o véu fúnebre. Virando-se outra vez para Liz, quis também tirar o véu de um segredo. Como as unhas imensas eram conservadas? "Ele passava cola Super Bonder", ela revelou.

Horas depois, na porta da Cinemateca Brasileira, ele se lembrou de uma visita com Mojica ao recém-empossado FHC, em 1995. No Palácio do Planalto, a mãe de Glauber, Lúcia Rocha, tentou proibir a entrada da namorada de Mojica. "Ela é menor de idade. Não pode", protestou. "Eu sei disso. Mas estou aqui com uma carta dos pais dela dando autorização para viajar comigo, desde que não deixe de frequentar a escola", tranquilizou Mojica.

No Planalto, Cardoso pediu autorização ao primo FHC para Zé do Caixão se vestir a caráter. O diretor retornou de capa e cartola à roda e anunciou que faria uma sessão de exorcismo para "tirar assombrações do Palácio, trocar energia positiva e abençoar o Real".

Todos os amigos mortos sitiam a memória de Cardoso. São fantasmas cheios de cores. Nas paredes de sua casa há fotos de artistas como Raul Seixas, Oiticica, Tunga e Wilson Grey.

Pela extensão e radicalidade de seu trabalho, Cardoso é o mais importante fotógrafo da contracultura brasileira. Na "Navilouca", a revista de poesia vanguardista editada por Torquato e Waly Salomão, ele emplacou nada menos que 54 fotografias. Em 1972, viajou à capital paulista para retratar Décio Pignatari e os irmãos Augusto e Haroldo de Campos. Nascia a sua aliança com a poesia concreta.

"Nossa receptividade para esse cinema alternativo do Rogério Sganzerla, depois do Julio Bressane, nos aproximou muito da área de especulação experimental cinematográfica. Ivan, mais jovem, foi logo recebido com muito entusiasmo por nós. Considero Ivan uma das figuras mais relevantes dessa poética cinematográfica experimental", avalia o poeta Augusto de Campos, homenageado no curta "Hi-Fi".

"Com Glauber, a gente não teve contato", admite Campos. "Eles eram uma frente alternativa em relação ao cinema novo, que caminhava numa linha mais de comunicação, retórica, dentro de técnicas modernas, eisensteinianas, um cinema que de todo modo se colocava numa posição de vanguarda, mas mais centralizadora, enquanto o de Bressane, Rogério e Ivan era uma espécie de cinema marginal."

Em 11 de janeiro de 1972, na coluna Geleia Geral, de Torquato, Cardoso atacou os diretores do cinema novo, recortando frases de Oiticica, Bressane, Sganzerla, Pignatari e Mojica, além de suas próprias sentenças. "Não me arrependo, pois graças a isso virei amigo de Glauber. Ele quebrou o pau comigo. Hélio reclamou com Glauber, que se justificou: ‘Não brigamos. Tivemos uma conversa de cangaceiros’. Depois disso, apresentei meus curtas na casa dele. Glauber gostou deles."

A alma de polemista não baixou a guarda. "O Brasil é um país condenado ao horror", repete Cardoso, como um bordão. "O cinema brasileiro não existe. Aqui tem uma incoerência. Quanto mais o cineasta filmar é pior. Glauber filmou pouco, eu filmei pouco. Os bons filmam pouco. Os que filmam muito logo descobrem que não sabem filmar. Ninguém sabe filmar aqui. É muito ruim."

Pergunto se não está pegando pesado. Ele admite —e, claro, sobe o tom. "Bruno Barreto falou que o Brasil é o único país que produz mais filmes do que o mercado comporta. Eu odeio Bruno Barreto, mas estou citando ele. Quem é o diretor bom? O cinema brasileiro é um jogo de cartas marcadas. Glauber Rocha já morreu. Rogério Sganzerla também. O resto é pastorinha de ovelha."

"A gente nasceu aqui. Isso já é um problema grande. Meus filmes são até muito brasileiros. Não consigo esconder isso. Para cinema, é um lugar horrível. O melhor cinema brasileiro é o da Boca do Lixo. Só no Brasil para aceitar banqueiro como cineasta. Só filma quem tem grana", ele critica, em uma referência aos diretores Walter Salles e João Moreira Salles, filhos do banqueiro Walther Moreira Salles. "Eu queria ser banqueiro quando era criança. Banqueiro é muito melhor que cineasta. Eu só faço cinema para ganhar dinheiro."

O produtor americano Roger Corman e o cineasta brasileiro Ivan Cardoso - Ivan Cardoso/Divulgação

Nos anos 1970, o estilo provocador lhe trouxe um contratempo em uma exposição de Carlos Vergara no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio. Em um ofício a Vergara, em 18 de agosto de 1972, o então diretor-presidente do museu, Walther Moreira Salles, suspendeu a exibição dos filmes de Cardoso em super-8 por não estarem regularizados com a censura.

"Determinamos a suspensão das exibições e, em conjunto com V. Sa., e com a colaboração da equipe da Cinemateca do MAM, imediatamente entramos em contato com o Departamento de Censura da Polícia Federal para tentar a regularização dos filmes programados e possibilitar a sua exibição ainda no período da exposição referida", dizia o ofício.

"Minha exposição foi fechada por causa do Ivan, dos filmes dele que não passaram pela censura. Walther Moreira Salles cismou, ficou com medo e pediu para fechar a sala de cinema. Decidi: se vai fechar a sala, fecha tudo. A exposição ficou menos de dez dias aberta", lembra Carlos Vergara. "Nunca me pediram desculpas", Cardoso ressalta.

A fama de maldito torna improvável mais um aspecto de sua vida: o cineasta continua a chorar a morte do dálmata Olavo, seu companheiro por 13 anos. "Estou tomando três comprimidos pra dormir", me disse Cardoso, em junho de 2021, durante a agonia do cão. Comovido com seu drama, o ator Carlos Vereza visitou o bicho em uma clínica no Rio, fez orações espíritas e se ofereceu para pagar as despesas.

O desalento de Cardoso cresceu na hora de definir o epitáfio de Olavo. A salvação veio por telefone. Em Los Angeles, o gênio dos filmes B, Roger Corman, soube da morte pelo Facebook e ligou para dar os pêsames. O americano sugeriu a homenagem: "Aqui jaz o dálmata mais bonito do mundo". Desde a morte de Olavo, Cardoso convive com outro bicho, a cachorra Olívia.

Aos 96 anos, Corman é um mito do cinema americano. Diretor de 56 filmes e produtor de mais de 500 longas, ele impulsionou as carreiras de Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, Monte Hellman, James Cameron e Joe Dante, entre outros. "A Pequena Loja dos Horrores" (1960) e "O Homem dos Olhos de Raio-x" (1963) são influências do cinema de Cardoso, que convidou o amigo para ser ator de "O Colírio do Corman".

Eles dividem a paixão por dálmatas, cavalos e corridas de automóvel. A ideia do curta surgiu no Jockey Club do Rio. "Reservei para você as duas últimas gotas do meu colírio de raio-x", avisou Corman em 2014, durante o almoço, horas antes de aplicá-las no Copacabana Palace. "Ivan Cardoso é importante como cineasta experimental. Seu trabalho é excelente e sua fama começa a se espalhar para além do Brasil, pelo mundo", afirmou Corman por email.

"Minha ligação é maior com cineastas internacionais que reconhecem meu talento do que com os nacionais que não fizeram nada por mim. George Romero, John Landis, Joe Dante e Roger Corman", lista o cineasta suas referências estrangeiras.

Em seu arquivo, Cardoso guarda o inédito "Copacabana Lights", montado com imagens de túneis e luzes de Copacabana. Sem dinheiro, e antevendo a patrulha, abandonou o argumento do longa "Xipófagas no Cio". Sucessivas derrotas em editais o obrigaram a retornar à prática semiartesanal do underground.

A junção de universos e seres improváveis marca sua filmografia. Figuras do café society, poetas, marginais, prostitutas e atores célebres atraem seu olhar. "Que saudades do Ivan Cardoso! Ele tem uma importância enorme na minha vida", reconhece o hoje deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), do elenco de "Os Bons Tempos Voltaram: Vamos Gozar Outra Vez" (1985), filme em episódios dirigido por Cardoso e John Herbert. "É um diretor que acompanhou meu trabalho no teatro Tablado. Ivan é um grande diretor de ator, visionário, ousado. Ivan, o terrível."

Em Botafogo, encontro o artista plástico Luciano Figueiredo, seu amigo e colaborador em projetos de cartazes, discos e livros nos anos 1970 e 1980. "Ivan Cardoso possui o dom raro de lidar com ideias e expressões diferentes umas das outras, e vir a formar certo leque visual onde o grotesco e o sublime misturam-se em um só gesto brutalista", ele diz. "Sua formação e seu exercício experimental representam um caso muito especial na arte brasileira. Nossos estudiosos da fotografia, cinematecas e museus ainda não lhe manifestaram devido reconhecimento."

"Há uma linha tênue entre o que se conhece como high and low, kitsch, mau gosto e o muito refinado. Sua admiração por Hélio Oiticica e Alfredo Volpi contrasta com sua admiração por Zé do Caixão. É uma coisa que somente a lógica experimental pode talvez explicar", observa Figueiredo. O designer da "Navilouca" lembra uma frase de Haroldo de Campos sobre fotos e filmes de Cardoso: "Pelo açougue também se chega a Mondrian".

No design dos álbuns "Araçá Azul", de Caetano Veloso, e "Fa-Tal", de Gal Costa, Figueiredo e Óscar Ramos recorreram a suas fotografias. Apesar de ter feito o ensaio do disco, Cardoso nunca teve um diálogo mais longo com Caetano.

Em março deste ano, no apartamento do fotógrafo Rodrigo Sombra, no Leme, ele o reencontrou. "O impacto que tive ao ouvir ‘Alegria, Alegria’ foi tão grande quanto o de assistir a ‘O Bandido da Luz Vermelha’, de Sganzerla", disse ao compositor. "Foi um filme que também me impactou. Eu adoro", disse Caetano.

"Eu ouvi ‘Alegria, Alegria’ pela primeira vez quando estava indo para o Arpoador, na esquina da Rainha Elizabeth com a praia. Foi transcendental. Eu sou totalmente pop, mas aquela sua música era mais do que pop, porque tinha coisas brasileiras", completou o cineasta. Em casa, ao mostrar sua foto com Caetano para o irmão, Cardoso chorou. Cinquenta anos depois de "Araçá Azul", teve a primeira conversa a sério com seu ídolo.

Aos domingos, os irmãos Ivan e Fernando são presenças fixas no Jockey Club. Com paletó, chapéu e sapato preto e branco, cores de seu time Botafogo, Cardoso me recebe em uma mesa na parte alta dos camarotes. Algumas vezes, para alegrar o irmão especial, ele entrega uma nota de R$ 100 à bilheteira, que, mais tarde, piscando os olhos, simula uma vitória na corrida.

"Aqui era da fina flor", diz Cardoso, olhando para as mesas semivazias. Ao seu estilo cortês, ele me apresenta ao salão do Jockey. No retorno, paramos na mesa do banqueiro Antonio Carlos Coelho, o Toninho, conselheiro de suas apostas. "Seu cavalo fode quantas vezes?", interpela Cardoso. "Um puro sangue chega a transar 150 vezes em quatro meses", informa Toninho.

O cineasta desce a escada e senta na mesa do advogado Afonso Burlamaqui, dono de haras e apostador veterano. "Ivan passou um tempo sumido. Dizem que andou dormindo com mulheres em caixões", brincou o amigo. Cardoso sorriu da piada, mas adiante assentou o chapéu e ergueu a mão direita. "Pelo amor de Deus, de onde ele tirou isso?".

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