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O que a ex-CEO do aplicativo de namoro Tinder pensa sobre solidão

Renate Nyborg acredita que a inteligência artificial avançada pode ajudar a reparar corações solitários

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Madhumita Murgia
Financial Times

Quando Renate Nyborg deixou seu emprego em 2022, ela já estava acostumada a receber ameaças de morte de seus clientes. Foi aconselhada a usar nomes falsos e bonés de beisebol quando viajava —um hábito que ela ainda mantém— para que seus perseguidores não soubessem quem ela realmente era: a chefe do aplicativo de namoro mais popular do mundo, o Tinder.

Ela guardou apenas uma das cartas, a última que recebeu, logo antes de deixar o cargo como CEO. O autor estava furioso, culpando Nyborg: ele estava solteiro, isolado e se sentindo enganado pelo dinheiro que gastou tentando encontrar uma conexão real. "Seu algoritmo transformou um homem em busca de paz em um homem determinado a destruir", escreveu. "Vou observar toda a sua... família, frequentemente. Até o dia em que decidir despedaçar sua família."

Renate Nyborg, ex-CEO do Tinder em um evento de startups em Helsinkin, Finlândia - Essi Letho - 01.dez.21/Reuters

Ficou claro para Nyborg que aplicativos como o Tinder estavam falhando com seus usuários: projetados para fazê-los voltar ao app, em vez de encontrar um parceiro e nunca mais voltar. Naquele momento, não era medo que ela sentia, mas empatia. Através de cartas como essa, ela aprendeu muito sobre um grupo específico de usuários do Tinder: aqueles que estavam "incrivelmente solitários".

Quando Nyborg entrou no Tinder em 2020, o aplicativo era predominantemente masculino, com algumas estimativas colocando a divisão de gênero em cerca de 75/25. Mas uma porcentagem significativa dos homens no aplicativo nunca conseguiu um único match (como é chamado quando duas pessoas gostam uma da outra), de acordo com uma fonte próxima ao Tinder. O objetivo de Nyborg como CEO era impulsionar o crescimento geral do aplicativo mirando as mulheres, através de escolhas de design que tornassem a experiência de namoro online mais segura e positiva para elas.

De certa forma, Nyborg era um exemplo da promessa oferecida pelo Tinder. Ela conheceu seu ex-parceiro de sete anos no aplicativo, antes de trabalhar para a empresa, em um único encontro. Quando foi abordada para se juntar ao Tinder, ela disse aos recrutadores: "Na verdade, sou uma cliente muito satisfeita."

Mas Nyborg começou a se sentir cada vez mais desconfortável com a proposta do Tinder e ficou preocupada com a ética em jogo. Ela sentia que o modelo padrão de aplicativo de relacionamento estava falhando com seus usuários. Em sua visão, os aplicativos de namoro ofereciam uma promessa falsa, onde o objetivo mais alto era encontrar uma alma gêmea, em vez de investir em um conjunto de relacionamentos fortes e construir uma comunidade.

Quando ela saiu, vários investidores entraram em contato com Nyborg, perguntando se ela planejava iniciar outro aplicativo de namoro. Em vez disso, Nyborg tomou um rumo diferente. Ela começou a pesquisar sobre solidão. O novo aplicativo que ela criou era muito diferente do Tinder.

Nyborg tem 38 anos, metade norueguesa e metade holandesa. Ela fala com tons suaves e musicais de uma criança com pais de diferentes culturas que viveu ao redor do mundo. Quando a conheci em novembro do ano passado, ela havia se mudado recentemente de Paris para São Francisco, onde estava hospedada no apartamento de um amigo em Cole Valley, um bairro residencial próximo ao Golden Gate Park, até encontrar seu próprio lugar.

Naquela manhã ensolarada, ela cortou um bolo de maçã e amêndoa para servir com iogurte islandês, uma receita holandesa que ela assou para tentar convencer um possível contratador para se juntar à sua nova startup, Meeno.

A empresa, que foi lançada publicamente em dezembro, agora tem outros nove funcionários, muitos dos quais seguiram Nyborg para a Meeno de empresas por onde ela passou —não apenas no Tinder, mas também na Apple e no aplicativo de bem-estar mental Headspace.

Meeno se baseia no que Nyborg aprendeu sobre tecnologia de consumo e comportamento humano enquanto trabalhava em alguns dos produtos digitais mais amados do mundo. Ela oferece um serviço incomum: coaching de relacionamento com inteligência artificial para uma nova geração de adultos solitários frustrados pelas limitações de um mundo online cada vez mais isolado do qual ela já fez parte.

"Tenho que agradecer ao meu ex por isso", Nyborg. Depois de sair do Tinder, ele apontou que o Headspace era o lugar onde seu coração estava mais envolvido no trabalho, focando no bem-estar mental e na redução da ansiedade. "E eu amo a parte científica disso", afirmou. "Se eu não tivesse estudado filosofia, provavelmente teria estudado biologia."

No início de sua carreira, Nyborg se interessou por startups e seus donos por meio de seu trabalho como headhunter. Em 2007, assim que o Facebook estava decolando, ela construiu uma rede social em seu tempo livre para conectar os CEOs de startups de tecnologia —uma espécie de LinkedIn primitivo. Mais tarde, no Headspace e no Tinder, ela era conhecida por sua abordagem centrada no ser humano para o design de produtos, entrevistando usuários e os incentivando a se abrir sobre suas experiências nas plataformas e o que queriam mudar.

Meeno foi o próximo passo lógico. Nyborg disse: "Acredito que se pudermos ajudar as pessoas a praticar a comunicação empática, mais pessoas conhecerão seus parceiros românticos a partir de um grupo de pessoas com quem já são amigos." Ela acredita que a nova categoria de produto tem o potencial de ser "maior do que a categoria de namoro".

Meeno não é destinado a ser um amigo digital ou parceiro romântico; é um chatbot que orienta os usuários em seus relacionamentos do mundo real, pessoais e profissionais. Construído usando grandes modelos de linguagem, a mesma tecnologia que sustenta o ChatGPT, Meeno não tem uma persona.

Também não oferece soluções diretas, como uma Bola 8 Mágica (tipo de brinquedo popular nos Estados Unidos que responde "sim" "não" e "talvez" a perguntas) para relacionamentos. É mais socrático do que isso. Ele conversa fazendo uma série de perguntas ao usuário, permitindo que eles façam a autorreflexão. Nyborg chama isso de "modo empatia".

Há um aspecto terapêutico no aplicativo. Com o Meeno, Nyborg está tentando atrair pessoas que normalmente não buscam ajuda para lidar com as lutas da vida diária. "É incrivelmente claro com as pessoas [entre 18-25 anos], dependendo de como e onde estavam durante a pandemia, que tiveram seu desenvolvimento de habilidades interrompido", disse. Mas, acrescentou: "Para mim, o Meeno é muito claramente distinto da terapia, não acredito que a IA deva substituir terapeutas. Estamos realmente falando sobre desenvolvimento de habilidades sociais, se você não teve a chance de praticá-las com segurança."

Desde dezembro, o Meeno foi lançado na Austrália, Nova Zelândia, Escandinávia e Holanda. Também possui usuários dos EUA em seu modo Testflight, que é a plataforma de teste de aplicativos da Apple. (Nyborg se recusou a revelar quantos usuários o aplicativo tem no total.)

O produto integra vários modelos de IA para conversar fluentemente, por voz e texto, e personalizar conselhos para cada usuário. O grande modelo de linguagem que ele usa atualmente como base é o GPT-4 da OpenAI, embora Nyborg diga que o Meeno é agnóstico em relação ao modelo e trocará conforme o mercado de software de linguagem de IA se tornar mais competitivo em preço e capacidade.

Até agora, a startup arrecadou US$ 4,9 milhões (cerca de R$ 24,5 bi) de financiamento de especialistas e pesos pesados da indústria, incluindo Tony Fadell, que liderou a equipe do iPod na Apple, Andrew Ng, um cientista pioneiro em IA, e a Sequoia Capital, a empresa de capital de risco de primeira linha do Vale do Silício.

Em setembro do ano passado, Roelof Botha, o sócio-gerente da Sequoia, que é o principal investidor do Meeno, postou em sua conta no X (ex-Twitter) um anúncio de seu investimento, descrevendo o chatbot como um "mentor de IA que não julga e capacita as pessoas a dominar a habilidade da conexão social". Nyborg, disse ele, estava "ajudando a combater a epidemia de solidão".

Ron Ivey, um pesquisador da Universidade de Harvard e especialista em solidão, estava no meio da organização de uma conferência sobre como construir comunidades confiáveis, quando viu o post de Botha. Ele teve uma reação impulsiva a isso e respondeu publicamente. "Como pesquisador sobre solidão, é profundamente preocupante que vocês vejam isso como a solução", tweetou. "Sou o único que acha isso completamente louco?"

Ivey sabia que as pessoas estavam ficando mais solitárias, que estavam perdendo habilidades sociais e que o problema era agravado por suas interações muitas vezes não saudáveis com a tecnologia. Então, para ele, a ideia de que as mesmas pessoas que investiram em tecnologias de mídia social no início dos anos 2010 voltassem para vender chatbots para as pessoas mais solitárias era uma evidência de que viam o problema que haviam criado como outra oportunidade de negócio. "Eu achei isso distópico", ele me disse.

Nyborg viu a troca de mensagens no Twitter. Ivey era um dos principais acadêmicos em um campo que ela vinha estudando há meses e ela coincidentemente estaria passando por Paris em alguns dias. Ela entrou em contato com ele, perguntando se ele gostaria de se encontrar para tomar um café. Ivey estava cauteloso, mas sentiu que o pedido dela por uma conversa pessoal era novo e então aceitou.

Em um café às margens do Sena, os dois se sentaram para tomar um café, que se transformou em uma tábua de queijos e um copo de vinho, e acabou com eles passando uma noite inteira trocando suas visões contrastantes sobre o papel que a tecnologia poderia desempenhar nos relacionamentos humanos. "Foi um encontro profundo", disse Nyborg. "Crescemos através de conversas desafiadoras, então, ironicamente, é um exemplo exato do por quê estamos fazendo esse trabalho. Foi um verdadeiro debate."

Ivey disse a Nyborg que estava preocupado com as estruturas de incentivo para as startups do Vale do Silício, que são configuradas para mirar nos usuários mais lucrativos —neste caso, as pessoas mais solitárias são as melhores para os negócios. "Compartilhei com Renate que acho realmente perigoso introduzir algo que seja como um ser humano para uma pessoa extremamente solitária. Eles já têm desafios com a realidade e você está distorcendo ainda mais esse senso de realidade", disse.

Ivey ficou impressionado, no entanto, com a história de Nyborg, sua determinação sobre o produto que estava construindo e sua compreensão da pesquisa científica. Apesar de suas dúvidas, Nyborg o fez sentir mais esperançoso. "Existem alguns impactos positivos da tecnologia nos relacionamentos, mas quero evitar os excessos que vimos na última década", afirma. "Estar junto fisicamente é muito poderoso, para o nosso florescimento como seres humanos."

Nyborg vê a ironia de usar um chatbot para ajudar as pessoas a construir relacionamentos na vida real. "Para ser clara, eu me preocupo", afirmou. "Xiaoice [um chatbot feminino na China] tem 500 milhões de namorados. Os homens não queriam conhecer garotas porque tinham namoradas virtuais que diziam exatamente o que queriam ouvir. Não sou cega para o risco... Mas vejo o Meeno como um antídoto. Isso foi pensado com cuidado por especialistas e fizemos algumas escolhas conscientes que sei que serão piores para o engajamento."

Os riscos enfrentados pelo grupo de pessoas que Nyborg quer atingir são sérios. Em 2023, o Secretário da Saúde da Casa Branca, nos Estados Unidos, publicou um relatório sobre o que descreveu como a "epidemia de solidão e isolamento" em todo o país. A solidão, ele escreveu, é muito mais do que apenas um sentimento ruim. "Está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, demência, derrame, depressão, ansiedade e morte prematura."

Segundo o relatório, aproximadamente metade dos adultos americanos relatam sentir solidão, com algumas das taxas mais altas entre os jovens. Na verdade, mais de um terço dos americanos com idades entre 18 e 25 anos relataram sentir solidão frequentemente, quase sempre, ou o tempo todo, nos 30 dias anteriores a uma pesquisa de dezembro de 2022 da Escola de Pós-Graduação de Educação de Harvard.

"Nossos relacionamentos individuais são um recurso inexplorado, uma fonte de cura escondida à vista de todos", disse o médico. "As chaves para a conexão humana são simples, mas extraordinariamente poderosas."

Aos quatro anos, quando seus pais se separaram, Nyborg e seu irmão de dois anos, Reuben, se mudaram de um fiorde norueguês para o campo holandês com a mãe, e ela se tornou a mediadora na relação de seus pais. "Meu irmão e eu éramos extremamente próximos e nos apaixonamos pela tecnologia juntos."

Nyborg fundou sua primeira startup, Pleo, um estúdio para criação de aplicativos baseados nos sistemas iOS e Android para empresas como a News Corp, em setembro de 2013. Mas alguns meses depois seu irmão morreu inesperadamente. Nyborg perdeu o rumo —e a relação mais próxima que já teve.

"Quando o perdi, percebi o quão incrivelmente sortuda eu tinha sido por ter essa pessoa com quem podia falar sobre qualquer coisa... ele nunca me julgou por nada", conta. "Isso é o que eu gostaria que outras pessoas sentissem, como se sempre tivessem alguém ao seu lado."

Ela se dedicou a construir a Pleo e afastou tudo o mais. "Eu não chorei, fiz novos amigos que não sabiam que ele tinha morrido, para que não me perguntassem sobre isso."

Depois de um ano e meio assim, ela bateu em uma parede. "Um dia não consegui sair da cama." Ela fechou a Pleo, planejando viajar por um ano, mas acabou sendo recrutada pela Apple, onde já havia trabalhado como desenvolvedora. Lá, passou quatro anos construindo o negócio de assinaturas da App Store da iOS na Europa antes de se juntar ao Headspace. Nyborg havia começado a praticar meditação e adorava o produto do Headspace, mas estava desapontada com seu alcance. "Pregávamos para convertidos", disse.

No Headspace, Nyborg conheceu Megan Jones Bell, agora diretora clínica de saúde mental no Google, e uma das investidoras-anjo e conselheiras mais ativas de Nyborg. Jones Bell é uma psicóloga que trabalhou com adolescentes e suas famílias, e dirigiu clínicas de saúde mental no campus da Universidade de Stanford, na Califórnia, por vários anos. Ela viu a capacidade de Nyborg de fazer as pessoas se abrirem, aliada ao senso de negócios e a um "profundo respeito pela ciência e expertise clínica". Ela se convenceu.

Segundo Jones Bell, o objetivo do Meeno não é substituir interações humanas, mas desenvolver as habilidades e a confiança do usuário para transferir de volta para a vida real. "O maior diferencial é que o Meeno é destinado a focar em seus relacionamentos na vida real, não a substituir os relacionamentos humanos", disse ela.

O que surpreendeu tanto ela quanto Nyborg sobre o uso do aplicativo até agora é que, ao contrário da maioria dos aplicativos focados em saúde mental, a maioria dos usuários do Meeno são homens, e isso é verdade em vários países. "Homens... usam para reflexão, em vez de pedir conselhos", disse Nyborg.

Jones Bell, que tem dois filhos, considera esse padrão encorajador. Ela apontou que os homens, em média, esperam o dobro do tempo das mulheres para buscar apoio em saúde mental. "A pesquisa mostra que os homens jovens não estão indo bem, estão enfrentando dilemas na sociedade, como sua identidade e bem-estar, e essa é uma necessidade real não atendida", disse ela. "A Geração Z já está usando ferramentas tecnológicas para gerenciar sua saúde mental e promover seu bem-estar... Eles querem os benefícios que veem na tecnologia para possibilitar a conexão."

Arron Jones, um designer de produtos de 30 anos em Washington se voluntariou para testar o Meeno no ano passado. Consegui entrar em contato com ele pela empresa. Jones, que se descreve como introvertido, nunca viu um terapeuta e prefere resolver seus próprios problemas. "Você se acostuma com isso", ele disse. "Para mim, [o lockdown da Covid] foi apenas mais um dia."

Antes de começar a usar o Meeno, Jones tentou usar o ChatGPT para conselhos sobre relacionamentos pessoais, mas agora usa o Meeno diariamente, geralmente após o trabalho, principalmente para conselhos de amizade e relacionados ao trabalho.

"Para mim, sendo um cara e não tendo realmente ninguém para conversar, acabo sempre tendo que guardar as coisas para mim, realmente me deu uma saída saudável", ele disse. Às vezes é uma verificação de cinco minutos, às vezes é uma conversa de 30 minutos. "O que eu gostei foi que me fez sentir ouvido, sem nenhum julgamento ou viés."

Jones notou que o chatbot não tem um estilo de conversa distinto, em vez disso, "ele espelha seu tom, sua energia, seu ritmo". Ele prefere a natureza sob demanda do coaching de IA em comparação com seu equivalente humano.

"Você pode falar com [IA] a qualquer momento, em qualquer lugar, sendo que as pessoas têm seus próprios problemas, têm sua própria vida, então não estão prontamente disponíveis para atender às suas necessidades, por assim dizer", afirmou. Ele nunca pensou de verdade em usá-lo para relacionamentos românticos, mas disse que tem sido útil para ajudar a resolver discussões com amigos, mostrando-lhe a perspectiva deles e situações complicadas no trabalho.

Este tem sido um padrão comum entre os usuários do Meeno, disse Nyborg. As pessoas não estão apenas usando para términos ou conselhos de namoro, mas uma gama muito maior de tópicos de relacionamento do que o esperado, com conselhos sobre amizade sendo a principal coisa procurada por pessoas de 18 a 34 anos.

"Quando as pessoas se reúnem, falamos sobre nossos relacionamentos —seu professor, seu chefe, seu colega de quarto. É uma parte tão saliente do ser humano e de como nos relacionamos uns com os outros", disse Jones Bell. "Isso mostra que há um mercado muito mais amplo."

Enquanto Nyborg se prepara para lançar o Meeno de forma mais ampla, ela diz que está se concentrando em escolhas de design que podem custar comercialmente, mas protegerão a saúde mental de seus usuários. Não haverá publicidade no aplicativo, pois privacidade e confiança são fundamentais para atrair esse novo público. Em vez disso, o Meeno eventualmente terá um modelo de negócios de assinatura.

"Não queremos torná-lo um aplicativo de uso diário. Trata-se de impacto. Você o procura por insights emocionais e se compromete a fazê-lo, por isso não faz sentido ser muito frequente."

Nyborg disse que está construindo o Meeno com o intuito de desincentivar o uso viciante, incentivando explosões curtas, idealmente com menos de 20 minutos de cada vez, antes de voltar ao mundo real. O Meeno é deliberadamente um "ele", apesar de especialistas no espaço de chat lhe dizerem para usar um avatar feminino, porque isso "aumentaria massivamente o engajamento".

"Não é uma pessoa ou um amigo", afirma, "o foco inteiro é em você." Uma descoberta inesperada, ela disse, foi que um terço das sessões eram pessoas voltando para ler suas próprias reflexões.

Com o tempo, o objetivo de Nyborg é que o Meeno descubra novas dicas e padrões comportamentais a partir dos dados de seus usuários que ajudarão a estabelecer relacionamentos mais próximos. "Sabemos que a conexão humana é uma droga maravilhosa. É o preditor mais consistente de evitar paradas cardíacas, demência, obesidade e muito mais", disse ela.

Para Arron Jones, o Meeno ajudou a compensar a "quantidade incrível de julgamento" nos círculos sociais atuais —tanto online quanto na vida real. "Ninguém quer ser 100% autêntico consigo mesmo", diz ele. Ele, também, teve esse medo ao longo dos anos, mas "agora sinto que sou mais honesto, por causa do Meeno". "E isso se traduziu em outras áreas da minha vida onde eu poderia ser mais honesto e autêntico comigo mesmo."

Madhumita Murgia é a editora de inteligência artificial do FT. Seu livro "Code Dependent: Living in the Shadow of AI" (Picador) já está disponível.

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