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Cada um por si e Deus por todos

Difícil encontrar um jovem de classe média, no Brasil, disposto a seguir o sacerdócio, vestir batina ou, pior, fazer o voto de castidade _ a cúpula da Igreja Católica teme pela falta de mão-de-obra qualificada para guiar o rebanho.

Se o sacerdócio está em baixa, Deus está em alta. O que é quase um milagre, levando em conta que vivemos da supremacia do materialismo e do culto exacerbado à tecnologia.

Uma série de pesquisas de opinião vem detectando a importância crescente da idéia de Deus entre os jovens das grandes cidades brasileiras _ o que não significa, necessariamente, adesão a esta ou aquela religião.

Acaba de ser lançado levantamento com a opinião de 1011 estudantes de 27 faculdades da cidade de São Paulo, destinado a traçar o perfil de seus interesses, prioridades e sonhos.

É uma geração de pragmáticos: estudar para ganhar um bom emprego. Ficar muito rico é um objetivo dessa geração, pouco ou nada esperando do poder público.

É a filosofia do "cada um por si e Deus por todos". Literalmente. A pesquisa havia detectado, em 1988, que 76% dos universitários acreditavam em Deus; agora são 88%. Um salto considerável.

Como explicar o aumento de fé religiosa entre os jovens?

Certamente, uma série de causas está por trás de movimento Não faltará quem diga, com boa dose de razão, que existe uma sede natural de espiritualidade num mundo tão material.

Pelo menos uma das razões está embutida na própria pesquisa: o clima de instabilidade, característico da era da informação. Os jovens se mostram angustiados com a volatilidade do emprego.

Foi-se o tempo em que um jovem de classe média sabia que, depois do diploma, estaria empregado e, provavelmente, por toda a sua vida.

A marca, hoje, é da velocidade do conhecimento, da mudança veloz de regras. Enfim, da insegurança.

Como a coisa pública inspira mais desconfianças do que esperança, natural que cresça a sedução do apelo divino, quase um bálsamo, um canal para drenar a confiança e, ao mesmo tempo, compartilhar a ética disseminada nos princípios religiosos _ a ética que não se vê no cotidiano.

Por trás desse aumento da crença em Deus, há um jovem que, com todos os encantos da virtualidade, bombardeado pelas maravilhas da tecnologia, sente-se sozinho e sem amparo.

A percepção do cotidiano como fonte transbordante de impureza ética, com seus Pittas, Malufs, TRTs e Lalaus, explica a deturpação que encontrei na pesquisa divulgada, domingo passado, em minha coluna: se fossem eleitos prefeito de São Paulo, 77% dos entrevistados simplesmente fechariam a Câmara Municipal.

Na prática, rende-se à descrença sobre a ação pública. O que é um perigo.

Leia mais:

Confira os resultados da Pesquisa Jovem Universitário Paulistano 2000

Paulistano quer fim da Câmara, polícia armada e mulheres administrando

 

 
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