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03/11/2003
Municípios apostam em presídios

Quinze cidades já cederam terrenos para o Governo do estado construir penitenciárias. Elas acham que as cadeias trazem progresso para a região
Para a maioria das cidades, ter de abrigar uma penitenciária é sinônimo de insegurança e dor de cabeça para os moradores e para as prefeituras. No entanto, 15 municípios paulistas apostam que receber uma unidade prisional pode trazer prosperidade, com geração de empregos e o aquecimento da economia local. Por isso, procuraram o Governo estadual interessados em ceder terrenos para abrigar penitenciárias, centros de ressocialização e de detenção provisória.

Segundo a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária, que não divulga a lista completa, entre os candidatos estão os municípios de Assis, Avanhandava, Lavínia, Mirandópolis, Lucélia e Moji Guaçu, todos no Interior de São Paulo. As cinco primeiras já têm cadeias e garantem que há benefícios em sediá-las.

“O orçamento das penitenciárias é maior que o orçamento da nossa prefeitura”, disse o prefeito de Mirandópolis, Jorge de Faria Maluly (PFL). A cidade, a 605 quilômetros de São Paulo, tem dois presídios: um de regime fechado e outro fechado e semi-aberto.

“Nós queremos mais um e já doamos 26 alqueires. Só que tem de ser uma penitenciária de segurança máxima”, disse Maluly. Ele afirmou que os dois presídios já geraram de 800 a 1.000 empregos no município. Segundo o Governo, dependendo do modelo, cada penitenciária gera de 55 a 293 empregos diretos na cidade-sede.

Quando conseguiu um presídio, Lavínia, a 600 km de São Paulo, viu que a rotina da cidade começou a mudar. Os agentes penitenciários começaram a chegar e o município passou a receber famílias de presos em dias de visita. Isso, segundo o prefeito Salvador Casuo Matsunaka (PSDB), aqueceu o setor de comércio e serviços da cidade, cuja principal atividade é o cultivo da cana-de-açúcar. “Antes não havia aqui ponto de táxi ou hotel. Com a cadeia, construímos seis pontos, dois hotéis e um restaurante. Além disso, a administração da penitenciária compra nos mercados daqui”, contou Matsunaka, justificando o fato de Lavínia estar na fila para receber mais uma unidade.

Em Avanhandava, a 490 km de São Paulo, o otimismo também está presente. “O Governo pode construir quantas penitenciárias quiser em Avanhandava. Todas as administrações das cidades vizinhas que me criticavam agora também querem penitenciárias”, disse o prefeito Antônio Calixto Portela (PDT).

Nem sempre a população de uma cidade é favorável à instalação de penitenciária. “Do ponto de vista econômico até pode trazer benefícios, mas também aumenta a violência, o roubo e o tráfico de drogas”, disse o ex-vereador de Avanhandava, Alamares Hirata. Segundo ele, em cidades pequenas a população é muito dependente dos programas sociais das prefeituras, e por isso os moradores temem se mobilizar contra a instalação de cadeias.

Para o agricultor Devanir Silva, presidente da Associação de Moradores da Microbacia Pavão-Matão, região onde fica a penitenciária de Assis, a violência na cidade aumentou quando familiares dos presos se estabeleceram na cidade. “Alguns aliciam nossos jovens, oferecendo drogas”, disse.

 

LUIS KAWAGUTI
Do Diário de S. Paulo

   
 
 
 

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