Rebelião e tentativa de fuga deixam 22 mortos em penitenciária do Pará
Entre as vítimas há detentos, criminosos que tentavam fazer o resgate de presos e um agente prisional; outros quatro seguranças do local ficaram feridos durante a ação
Entre as vítimas há detentos, criminosos que tentavam fazer o resgate de presos e um agente prisional; outros quatro seguranças do local ficaram feridos durante a ação
"Eu fecho os olhos e a imagem que me vem na cabeça é a de vários corpos estendidos no chão, alguns abertos, outro sem cabeça. A gente suporta ver porque não tem jeito mesmo, mas foi um negócio feio."
No Pará, presos decapitados. No Amazonas, obrigados a comerem olhos de mortos. Em Roraima, com os corações arrancados. Desde outubro de 2016, grandes rebeliões que têm chocado o país mataram quase 300 presidiários no Brasil -o episódio mais recente foi em Altamira (PA), com 62 mortos. Até hoje, ninguém foi condenado por nenhum desses crimes.
No final de semana que antecedeu o massacre, uma mãe foi visitar o filho preso no Centro de Recuperação Regional de Altamira (PA) e ouviu dele que as coisas estavam tensas lá dentro. A visita foi encerrada mais cedo e o filho chamou a atenção dela para a bermuda e a camiseta que vestia, para que o identificasse, caso acontecesse algo.
Questionado sobre o massacre no Presídio de Altamira, no Pará, o presidente Bolsonaro sugeriu que se perguntasse primeiro às vítimas dos presos mortos o que achavam, manifestando indisfarçável convicção de que suas mortes são forma de solucionar o problema da criminalidade.
Ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta terça-feira (30), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) não quis responder sobre o massacre em presídio no estado do Pará que deixou 58 mortos em um presídio.
O ministro Sergio Moro (Justiça) defendeu nesta segunda-feira (29) que os líderes criminosos responsáveis pela rebelião que deixou ao menos 58 mortos no Pará cumpram suas penas "para sempre" em presídios federais. Ele também disponibilizou vagas em penitenciárias para que eles sejam transferidos e isolados.
O Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará, onde uma rebelião resultou em ao menos 58 mortes, tem condições classificadas como "péssimas" por um relatório publicado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) nesta segunda-feira (29), dia do massacre. Além de superlotada e com poucos agentes penitenciários, foram encontradas armas na unidade.
Do lado de fora do Centro de Recuperação de Altamira, onde 58 pessoas morreram, 16 decapitados, em Altamira, no Pará, o clima é de desespero das famílias que esperam por notícia. Com o telefone nas mãos, Ana Lúcia caminhava na manhã desta segunda-feira (29) de um lado para o outro, tentando conseguir os nomes das vítimas, e saber se o marido que está preso, é um dos mortos no massacre.
Ao menos 57 presos morreram -sendo 16 decapitados- na manhã desta segunda-feira (29) no Centro de Recuperação Regional de Altamira, unidade prisional no sudoeste do Pará.
O ano de 1997 foi particularmente conturbado nas penitenciárias brasileiras. Com a população carcerária crescendo rapidamente, houve uma série de rebeliões, fugas e mortes. Era esse o cenário que a pesquisadora escocesa Fiona Macaulay contemplou ao assumir a área responsável pelo Brasil na ONG Anistia Internacional.