No caminho para a independência financeira, os investimentos selecionados precisam atender a pelo menos dois critérios simples. Explico estes dois critérios e se a aplicação em imóveis se enquadra.

Ao contrário do que muitos imaginam, o investimento imobiliário faz parte do conjunto de renda variável de seu portfólio. Recordo que uma aplicação é caracterizada como renda variável se não há um retorno preestabelecido em contrato para o investimento.

Neste momento, vamos abordar apenas o investimento em imóvel físico direto. Também é possível realizar aplicações no segmento imobiliário por meio de fundos imobiliários. A análise destes últimos será feita no próximo capítulo.

Quando se pensa no investimento em imóvel físico, é possível separar o investimento para moradia do da compra como investimento financeiro.

Embora eu acredite que os dois façam parte da mesma decisão, entendo que a maioria dos indivíduos atribui elementos subjetivos ao cálculo de retorno pessoal quando se refere à moradia própria. Esclarecendo, eu moro de aluguel como já expliquei no passado, pois considero apenas o aspecto financeiro da decisão.

No processo de formação de patrimônio, dois critérios devem ser considerados: diversificação e razoável previsibilidade de retorno ajustado ao risco.

Se você já reside em imóvel próprio, você já possui grande parte de seu patrimônio concentrado em um só ativo. Logo, adicionar mais um investimento imobiliário está fora de cogitação.

Imóveis naturalmente possuem alto valor. Portanto, a aplicação em um só imóvel, mesmo que como investimento financeiro, vai concentrar grande parte de seu patrimônio.

Portanto, eles não atendem ao critério de diversificação.

A concentração em um só ativo torna o plano para a independência altamente dependente do resultado deste investimento. Portanto, o risco de eventualmente não se atingir o objetivo se eleva consideravelmente.

O outro ponto é a previsibilidade de retorno ajustado ao risco. Se você tem imóvel ou se pretende comprar um, vou te fazer uma pergunta: quanto espera ganhar de retorno ao ano nos próximos cinco a dez anos por este investimento?

Você pode me perguntar, por que saber a rentabilidade é tão importante?

Lembre-se do que aprendemos na Parte 1 da Jornada para a Independência Financeira. Reveja esta parte nos links abaixo.

Ter alguma previsibilidade do retorno é crucial no plano para que se consiga entender se, ao longo do caminho, estamos nos direcionando ao objetivo ou nos distanciando.

A previsibilidade de retorno ajustada ao risco de um imóvel isolado é muito baixa.

Também pesa contra a capacidade de se trocar a aplicação depois de se observar que ela não está desempenhando como esperado.

Lembre-se, em investimentos só costumamos ouvir as histórias de sucesso. Poucos saem alardeando que fizeram péssimo negócio. O mesmo ocorre em investimentos imobiliários.

Reforço que o risco não existe apenas porque a probabilidade de se perder dinheiro em 10 anos seja baixa. Já vi este argumento sendo utilizado por diversas vezes.

Risco significa a incerteza sobre o retorno futuro. Ter um baixo retorno por 10 anos em um ativo que representa mais de 30% de sua carteira representa um risco enorme.

Se já existe bastante risco envolvido na compra de um imóvel, este se torna ainda maior quando se compra financiado. Naturalmente, se você ainda está formando patrimônio, vai acabar contraindo empréstimo para a aquisição.

O retorno do investimento financiado em imóvel é quase sempre nulo ou baixíssimo. Na maioria das vezes, o investidor não considera o custo do financiamento na conta.

Logo, a aplicação em imóveis diretamente não atende aos critérios mínimos para compor seu portfólio na jornada para atingir a independência financeira.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Livro: A Jornada para sua independência Financeira

Sumário

Introdução
Entenda como você alcançará sua independência financeira
Viver de renda é o último passo da jornada para a independência financeira
Estas são as maiores dúvidas sobre a jornada para a independência

Parte 1 Construção do plano
Capítulo 1 O primeiro passo na construção do plano para a independência financeira
Capítulo 2 Como definir a taxa de retorno em seu plano para a independência?
Capítulo 3 Descubra qual patrimônio necessário para alcançar sua independência financeira
Capítulo 4 Na jornada para sua independência, não despreze a importância deste fator
Capítulo 5 Entenda as duas formas que eu apliquei para elevar minha capacidade de poupança
Capítulo 6 Se você dobra este fator, seu patrimônio pode multiplicar muito mais
Capítulo 7 Juntando os pontos para construir seu plano

Parte 2 Montando a carteira para te levar à independência financeira
Capítulo 8 Antes de realizar qualquer investimento, defina estes dois fatores
Renda Fixa
Capítulo 9 Você não deve montar uma carteira de renda se quer chegar ao patrimônio para viver de renda
Capítulo 10 Evite estes dois erros comuns a investidores de renda fixa
Capítulo 11 Na renda fixa, compensa investir em crédito privado em relação ao público?
Capítulo 12 Descubra como ganhar o prêmio da renda fixa privada, mas com baixo risco
Capítulo 13 Esta é a forma mais simples de planejar sua independência financeira com renda fixa
Capítulo 14 Com nossas taxas de juros, descubra se compensa investir em dólar
Renda Variável
Capítulo 15 Correr risco pode acelerar sua jornada para a independência financeira
Capítulo 16 O que é e como surgiram os fundos multimercados?
Capítulo 17 Entenda como selecionar fundos multimercados
Capítulo 18 Imóveis são um investimento adequado para se alcançar a independência financeira?
Capítulo 19 Fundos de Investimentos Imobiliários
Capítulo 20 Ações
Capítulo 21 Investimentos Alternativos
Capítulo 22 Quando devo trocar um investimento de risco que não está desempenhando?
Fundos de investimentos e Previdência Privada