Ilustríssima Conversa, primeiro podcast da Folha, completa cinco anos

Com 123 episódios, programa se consolidou como espaço privilegiado de debate com autores e intelectuais

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O Ilustríssima Conversa, podcast quinzenal de entrevistas com autores de livros de não ficção e intelectuais, completa cinco anos neste domingo (19).

O podcast, o mais antigo da Folha no ar, estreou em 19 de fevereiro de 2018. O primeiro episódio recebeu Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP que discutiu a situação à época do STF (Supremo Tribunal Federal) com Uirá Machado.

Logo novo do podcast Ilustríssima Conversa
Logotipo do Ilustríssima Conversa - Núcleo de Imagem

Uirá, hoje repórter especial do jornal, afirma que a criação de um podcast foi sugerida por Roberto Dias, secretário de Redação. A Direção de Redação, diz Uirá, "queria lançar algum conteúdo nesse formato como uma novidade de aniversário da Folha, que naquela época não tinha nenhum podcast".

"Como eu era editor da Ilustríssima, fiquei pensando em algo que combinasse com essa editoria e que, ao mesmo tempo, eu gostasse de fazer. Daí o Ilustríssima Conversa. Eu tinha certa dúvida sobre a viabilidade desse tipo de conteúdo, então fico muito contente de ver que, cinco anos depois, continua sendo um dos podcasts mais ouvidos da Folha."

Sérgio Dávila, diretor de Redação do jornal, afirma que "o Ilustríssima Conversa, o nosso primeiro podcast da 'era moderna', abriu caminho para uma gama de produtos que levaram a marca Folha a um público que de outra maneira não conheceria o jornal".

Antes da disseminação de smartphones, a Folha já havia produzido conteúdo em áudio. No início dos anos 2000, o jornal manteve podcasts para desktops e, na década de 1990, o serviço Folha Informações, que respondia a dúvidas de leitores por telefone.

Desde a criação do Ilustríssima Conversa, 123 episódios foram publicados, abordando inúmeros temas de relevo da conjuntura brasileira e mundial. As contradições do sistema político brasileiro, crime organizado e políticas de segurança pública, desigualdade de gênero, direitos de pessoas LGBTQIA+ e a persistência do racismo no Brasil são alguns exemplos.

Diversos episódios apresentaram debates acadêmicos que podem ser pouco acessíveis ao público geral. Houve investimentos em conversas sobre a função dos sonhos no cérebro, o feminismo negro, a história do pensamento africano e tendências dos estudos sobre gênero e sexualidade.

A obra de intelectuais que vêm sendo revisitados, como Frantz Fanon e Lélia Gonzalez, também foi uma presença frequente.

Para Marcos Augusto Gonçalves, editor da Ilustríssima, "o Ilustríssima Conversa conquistou um lugar de destaque na audiência com entrevistas sofisticadas e claras, que buscam a atualidade do debate público sem apelação e sem arrogância".

O podcast, um dos mais importantes de livros do Brasil, já teve mais de 2 milhões de downloads e, atualmente, registra 55 mil ouvintes por mês. O Ilustríssima Conversa também aparece em posição privilegiada em rankings –por exemplo, é o segundo mais escutado na categoria artes do Apple Podcasts.

Magê Flores, editora de Podcasts da Folha, afirma que "o Ilustríssima Conversa, programa que antecede a criação da editoria, se consolidou nesses cinco anos como um podcast relevante ao apresentar perspectivas, traduzir conceitos e gerar reflexões profundas". "Entendo que essas são algumas das razões pelas quais ele nutre uma audiência fiel, que não abre mão de nenhum episódio."

O podcast dedicou recentemente grande atenção a autores que formularam análises originais da última década da vida política brasileira, dos rumos do governo Jair Bolsonaro (PL) e dos significados das eleições de 2022.

Houve conversas sobre a evolução da nova direita nos anos 2010, os eventuais crimes de responsabilidade do ex-presidente, a participação de militares na política brasileira, os métodos do populismo radical de Bolsonaro e os caminhos do PT em um governo que busca coalizões amplas.

O Ilustríssima Conversa também se debruçou sobre a crise climática, o avanço do desmatamento e as ameaças aos povos indígenas do país. Os episódios com João Moreira Salles, Ailton Krenak, Sidarta Ribeiro e Eliane Brum expressam essa preocupação.

No segundo semestre de 2022, o podcast apresentou uma série especial para discutir com pesquisadores tendências em suas áreas de atuação nas próximas décadas. O primeiro episódio, sobre o futuro da globalização, foi seguido de entrevistas sobre o futuro da política ambiental, da Amazônia e da desigualdade no Brasil.

Para comemorar os primeiros cinco anos do Ilustríssima Conversa, um episódio especial será publicado no próximo sábado (25). Convidados que estiveram no podcast nos últimos anos retornarão ao programa para fazer um balanço das transformações de suas pesquisas e reflexões nos últimos anos e para discutir suas expectativas para o quinquênio que se inicia.

O Ilustríssima Conversa foi apresentado por Uirá Machado de fevereiro a setembro de 2018. Walter Porto, atualmente repórter de livros na Ilustrada, esteve à frente da maior parte dos episódios até fevereiro de 2020, quando Eduardo Sombini assumiu a produção e a apresentação do podcast. A edição de som é feita por Raphael Concli.

Dez episódios para conhecer ou revisitar

Brasil nunca conseguiu criar uma história nacional, diz Contardo Calligaris (set.2018)

É preciso unir ciência ao saber dos sonhos, diz Sidarta Ribeiro (out.2019)

Não dá para falar de feminismo sem a mulher negra, diz Sueli Carneiro (nov.2019)

Feminismo neoliberal deixa os 99% para trás, diz Heloisa Buarque de Hollanda (jan.2021)

Como a depressão virou a rainha dos transtornos mentais, segundo Christian Dunker (mar.2021)

Maioria se comporta como negacionistas do aquecimento global, diz Eliane Brum (nov.2021)

Economistas estão alienados e presos a dogmas no Brasil, diz André Lara Resende (jun.2022)

Extrema direita não pode jogar sozinha nas redes, diz Letícia Cesarino (nov.2022)

Tragédia yanomami mostra que clube da humanidade não é para todos, diz Ailton Krenak (jan.2023)

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