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O que o turista precisa saber sobre o coronavírus

Descubra se é seguro sair do país, quais são os seus direitos e onde há maior risco de contágio

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São Paulo

​Quem tem viagem marcada para as próximas semanas enfrenta uma dúvida: é seguro viajar em meio a tantos casos de coronavírus?

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou em 11 de março que há uma pandemia do novo coronavírus em curso no mundo.

A Itália é o país com o maior registro de mortes pela doença. Até quarta (25), 5.476 perderam suas vidas por causa da Covid-19. O país já ultrassou a China, que registra 3.274 mortes.

Outros países com muitos casos da doença são os Estados Unidos, que já registrou 417 mortes, Espanha, Alemanha, Irã, França e Coreia do Sul, mas a doença está espalhada por todo o mundo.

O Brasil confirmou 2.915 casos de Covid-19 até esta quinta (26), segundo o Ministério da Saúde, com 77 mortes.

Além do possível contato com portadores da doença durante os passeios, quem viaja fica sujeito a algumas horas de transporte em espaço confinado com outras pessoas. Seja em avião, ônibus, trem ou cruzeiro, o isolamento aumenta o risco de um possível contágio.

A letalidade observada para o novo coronavírus, de acordo com dados tabulados pela Universidade Johns Hopkins em 10 de março era de 3,6%. Mas essa taxa é provavelmente menor, já que estão fora da conta os casos assintomáticos e casos leves não diagnosticados (e confundidos com uma gripe comum, por exemplo).

Os maiores afetados, até o momento, têm sido idosos e pessoas com problemas de saúde que comprometam o sistema imunológico. ​

A forma de se proteger do vírus é evitar o contato com pessoas que têm a doença, evitar tocar os próprios olhos, nariz e boca, lavar as mãos com frequência e cobrir a boca e o nariz quando for espirrar. O vírus não é transmitido pelo ar, mas por meio das secreções da pessoa doente.

O uso de máscaras de proteção não é indicado se não houver sintomas da doença, já que sua principal função é evitar que uma pessoa doente contamine outras ao tossir ou espirrar, por exemplo.

Veja abaixo perguntas e respostas sobre o coronavírus em viagens.

Há países com fronteiras fechadas?

Sim. Na Europa, há diversos países com as fronteiras total ou parcialmente fechadas. Veja a lista de países aqui.

Espanha, Itália, Lituânia, Áustria e Eslováquia estão em quarentena total —as pessoas só podem sair de casa por motivos essenciais.

A Argentina e o Peru anunciaram no domingo (15) o fechamento de suas fronteiras até 31 de março. A Colômbia proibiu a partir de segunda (16) o acesso de estrangeiros ao seu território. No Chile, o fechamento das fronteiras entrou em vigor nesta quarta.

Na Oceania, a Austrália e a Nova Zelândia impuseram uma quarentena de duas semanas para qualquer viajante que entrar em seus territórios.

Devo cancelar uma viagem por causa do coronavírus?

Sim, a não ser que seja essencial.

A recomendação do Ministério da Saúde é avaliar se a viagem para locais com muitos casos da doença é mesmo necessária, e que os viajantes fiquem em isolamento domiciliar por uma semana após voltarem de voos internacionais.

Segundo o médico Marcos Vinícius Silva, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, o melhor é nem sair de casa, se possível.

"O vírus correu mais rápido do que havíamos imaginado, então o jeito é se isolar. Se tiver um pico muito alto de casos, não vai ter estrutura hospitalar para atender esses pacientes", afirma.

A Abav (Associação Brasileira das Agências de Viagens) iniciou uma campanha em suas redes sociais pedindo aos turistas que adiem suas viagens e não cancelem.

N​ão quero mais viajar porque estou com medo da doença. Consigo fazer o cancelamento sem custos?

Depende. O Procon-SP orienta passageiros com viagens a países que confirmaram casos de coronavírus, mas que não queiram mais fazê-las, a procurar o atendimento do órgão. Segundo eles, é preciso negociar com a empresa que efetuou a venda da viagem, que não pode se recusar a oferecer alternativas, como cancelamento, troca de destino ou mudança na data na viagem.

A Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) afirmou que está trabalhando para que os fornecedores dos pacotes turísticos "não imponham restrições ou multas aos consumidores que preferirem alterar o destino ou período da viagem", mas que as políticas de remarcações são de responsabilidades desses fornecedores.

Companhias aéreas, agências de viagem e hotéis flexibilizam suas políticas de troca e cancelamento de passagens para atender o grande número de turistas que deixarão de viajar em consequência da pandemia do novo coronavírus.

As empresas abrem mão das taxas para remarcação de reservas e permitem que os consumidores posterguem suas viagens. Na maioria dos casos, porém, o turista precisa pagar a diferença de tarifa entre a passagem que já tinha e a que pretende comprar.

Confira aqui as condições de remarcação e cancelamento de algumas empresas e saiba mais sobre os direitos do viajante em tempos de coronavírus aqui.

No último dia 20, as companhias aéreas brasileiras Gol, Latam, Azul, Map e VoePass assinaram um acordo que garante uma mudança gratuita na data de viagens marcadas para ocorrer até 30 de junho. Não há cobrança de diferença tarifária. Veja todos os detalhes do acordo aqui.

Corro o risco de encontrar atrações turísticas fechadas por causa do coronavírus?

Sim. Nos lugares onde há grande incidência da doença, o fechamento de espaços que atraem muitas pessoas está acontecendo. Na quinta (12), os parques da Disney em Orlando, na Califórnia e em Paris anunciaram que serão fechados a partir de domingo (15) até o final de março,

Os parques da empresa em Tóquio e na China já estavam fechados.

A Universal também vai fechar seus parques em Orlando e em Los Angeles até o final de março. Na Califórnia, a medida começa no sábado (14) e vai até o dia 28. O fechamento em Orlando começa no domingo e vai até o final do mês, "mas continuaremos a avaliar a situação", afirmou a empresa em comunicado.

Os governos e empresas tomam essas decisões conforme os casos avançam, então, pode ser difícil prever se uma atração estará fechada.

Na França, o museu do Louvre, o palácio de Versalhes e a Torre Eiffel estão fechados. Outras atrações culturais também estão fechadas, já que o país adotou medidas mais rígidas para tentar controlar a epidemia da Covid-19.

No Brasil, o Instituto Inhotim, museu a céu aberto em Brumadinho (MG), anunciou que ficará fechado a partir de quarta (18). No estado de São Paulo, vários museus estarão fechados a partir de terça (17), entre eles o Masp, o Museu do Futebol e o de Arte Contemporânea da USP. Veja a lista completa aqui.

Eventos que atraem muitos viajantes, como jogos de futebol, corridas de Fórmula-1 e festivais, também estão sendo cancelados para evitar a formação de multidões.

Comprei uma viagem para participar de um evento que foi cancelado ou para visitar uma atração que está fechada. Consigo meu dinheiro de volta?

Depende. Segundo o advogado Guilherme Amaral, sócio do escritório ASBZ, tudo varia conforme as condições do contrato de compra do serviço.

Ingressos para parques que foram fechados ou eventos que foram cancelados devem ser estornados, porque o serviço que foi contratado não será mais entregue. Já com hospedagens e passagens aéreas, a situação é diferente.

Como o fechamento de um parque temático ou adiamento de um evento esportivo não afeta o funcionamento dos hotéis e companhias aéreas, essa empresas não são obrigadas a devolver o valor das diárias ou da passagem aérea —mas muitas estão optando por regras mais flexíveis de remarcação ou cancelamento diante da pandemia de covid-19.

"Vai da empresa escolher fazer um gesto comercial de abrir mão das multas ou penalidades pelo cancelamento" afirma Amaral.

Já se as passagens e hospedagens foram adquiridas em um pacote de viagem, por meio de uma agência, a situação é diferente. Quem comprou um pacote no qual o foco era visitar a Disney, por exemplo, pode alegar que o serviço não será entregue e conseguir a devolução do valor gasto em todo o pacote, incluindo transporte e hospedagem.

"A agência arca com a mudança do pacote. Quando o consumidor compra sozinho, ele não tem esse meio de campo", afirma o advogado.

Se comprou a viagem com uma agência de turismo, mesmo que virtual, o consumidor deve procurar primeiro essa agência. É ela quem deve resolver o problema. Caso tenha adquirido os serviços por contra própria, terá que negociar diretamente com a companhia aérea e os hotéis.

É seguro fazer um cruzeiro neste momento?

O setor de cruzeiros é fortemente afetado por surtos de doenças porque o navio mantém milhares de pessoas isoladas e em contato constante.

A temporada nacional de cruzeiros, que iria até abril, está praticamente encerrada.

A Costa Cruzeiros, que tinha dois navios no país, paralisou toda as suas atividades globais na sexta (13). A MSC, com quatro navios no Brasil e mais um dedicado à Argentina e ao Uruguai, esperou um pouco mais e anunciou a interrupção dos serviços na terça.

As viagens de travessia para a Europa, que encerram a temporada, foram canceladas.
Outras grandes empresas do setor, como a Royal Caribbean, a Viking e a Princess Cruises, que não atuam no Brasil, também estão paralisadas.

Como é feito o controle da doença nos aeroportos?

Segundo a Anvisa (Agência Nacional da Vigilância Sanitária), o Brasil não adota a medição de temperatura do desembarque de passageiros em aeroportos, "tendo em vista a baixa efetividade desta medida para pessoas que estão em trânsito".

Porém, a agência ressalta que as companhias aéreas têm autonomia para impedir o embarque de passageiros que apresentem uma ameaça à segurança do voo. "Esta é uma prerrogativa no campo da aviação e a autoridade neste caso é o próprio comandante da aeronave", afirma.

A Anvisa indica que a tripulação de voos internacionais e os funcionários de aeroportos que tenham contato com os passageiros devem usar luvas e máscaras cirúrgicas.

Passageiros não precisam usar as máscaras, no momento. As máscaras ajudam a impedir que uma pessoa doente contamine quem estiver perto dela, ao tossir, por exemplo. Se você tiver sintomas da doença, deve utilizá-las. Outra indicação de uso é para quem cuida de uma pessoa com a doença. Caso contrário, a OMS não indica o uso —a utilização indiscriminada de máscaras pode acabar com estoques para quem realmente precisa usá-las.

Voos para países com muitos casos da doença estão cancelados?

Sim. A movimentação de passageiros em aviões pelo mundo está restrita, por causa do fechamento de fronteiras.

Por causa da pouca demanda, as companhias estão cancelamento diversos voos, inclusive para o Brasil.

A Gol decidiu cortar sua capacidade total de voos entre 60% e 70% até meados de junho.

A Azul anunciou suspensão de voos para Bariloche, na Argentina, e para dez cidades brasileiras, também citando queda na demanda e restrições a viagens devido à epidemia. No caso do destino turístico argentino, a suspensão vale para o período de 21 de março a 30 de junho.

Já para as cidades de Lages (SC), Pato Branco (PR), Toledo (PR), Ponta Grossa (PR), Guarapuava (PR), Araxá (MG), Valença (BA), Feira de Santana (BA), Paulo Afonso (BA) e Parnaíba (PI), a suspensão dos voos da Azul vai vigorar entre 23 de março e 30 de junho.

A Latam Airlines, que tem sede no Chile, informou que reduzirá seus voos em 70%. Em comunicado, a empresa afirmou que os voos internacionais serão reduzidos em 90%, enquanto os domésticos terão diminuição de 40%, seguindo-se ao fechamento de fronteiras em vários países e a subsequente queda na demanda.

A American Airlines cancelou no domingo (15) todos os seus voos para o Brasil. Veja aqui as outras empresas que tiveram seus voos afetados pelo coronavírus.

Se o seu voo foi cancelado, entre em contato com a companhia aérea. De acordo com advogado Guilherme Amaral, em caso de cancelamento do voo o consumidor tem o direito ao reembolso integral ou remarcação da passagem sem custos, já que o serviço que ele comprou deixou de ser oferecido.

Confira aqui as regras de remarcação e cancelamento de algumas empresas.

Seguro-viagem cobre internação e tratamento para o coronavírus?

Com a declaração de pandemia feita pela OMS, há seguros-viagem que deixam de cobrir o atendimento para a covid-19. É preciso checar na apólice do seguro se há cobertura para pandemias. Caso contrário, o viajante terá que pagar pelo seu tratamento médico se contrair a doença no exterior.

Algumas empresas de seguro já anunciaram que vão manter a cobertura para a covid-19. É o caso, por exemplo, da Assist Card, Allianz Travel e Travel Ace.

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