|
Um morador de SP é vítima de sequestro relâmpago a cada 5h Crime em que motorista é rendido no trânsito e fica como refém por algumas horas deixa de ocorrer só em regiões nobres e tem cerca de 150 casos registrados a cada mês OTÁVIO CABRAL da Reportagem Local Uma pessoa é vítima de sequestro relâmpago na cidade de São Paulo a cada cinco horas. Os dados oficiais mostram que o número de ocorrências desse crime permanece estável desde o começo do ano, mas o modo de ação dos envolvidos vem mudando e tornando o sequestro relâmpago cada vez mais violento e ameaçador. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, ocorreram em julho 158 sequestros relâmpagos, três a mais em relação ao mês anterior. Desde então, os dados oficiais não têm sido mais divulgados. A explicação da Secretaria da Segurança é que as ocorrências de sequestro relâmpago são computadas junto com os dados de roubo qualificado. Assim, não há mais comparação possível.
Mas a estimativa dos policiais civis que investigam esse tipo de crime é de que ocorram em média 150 casos ao mês. O delegado responsável pela investigação desses roubos com refém, Mauro Gomes Dias, afirma que o sequestro relâmpago está espalhado pela cidade, dificultando a prevenção do crime. Há sequestro relâmpago em todas as regiões, com as mais diversas formas de ação, declara Dias, que é titular da 3ª Delegacia de Crimes contra o Patrimônio de São Paulo. Registramos casos até de vítimas que estavam andando a pé e foram levadas a caixas eletrônicos por assaltantes. Foi o que aconteceu com o universitário M.F.G., 19, atacado por dois homens quando deixava um bar em Pinheiros (zona sudoeste de São Paulo) e se dirigia a seu carro, estacionado a dois quarteirões. Dominado, o universitário foi levado a um caixa eletrônico e teve de sacar R$ 100, valor máximo permitido na madrugada nos caixas eletrônicos. Popularização Anteriormente, até o meio do ano, a maioria das vítimas de sequestro relâmpago dirigia carros importados ou nacionais de grande valor, como Omega, Vectra e Blazer. Grande parte dos crimes ocorria em regiões nobres da cidade, como Jardins, Pinheiros, Morumbi e Higienópolis. Hoje, explica o delegado, os ladrões ainda preferem alvos que ostentam mais (veja no quadro abaixo as regiões da cidade mais visadas pelos assaltantes). Mas, em qualquer região, com qualquer carro, há o risco de assalto. Além da relativa popularização desse crime, o delegado Mauro Gomes Dias destaca o aumento da violência e da crueldade dos sequestradores. Os bandidos sempre estão armados e muitas vezes atiram. Uma vítima dessa aumento da crueldade foi o PM e estudante de publicidade Leandro Ferreira da Silva, 22. Na última semana de outubro, ele foi morto na zona leste por bandidos durante sequestro relâmpago, apenas por ter sido identificado como policial. A polícia também ressalta que, hoje, o objetivo dos assaltantes não é apenas levar as vítimas a caixas eletrônicos para sacar dinheiro. Há registro de gerente de banco sequestrado para que a agência seja assaltada, pedidos de resgates para as famílias das vítimas e assaltos a residências utilizando um familiar como refém. Isso se deve, ainda segundo a polícia, à medida tomada no ano passado pela Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos) que limitou a R$ 100 os saques em caixas eletrônicos entre 22h e 6h. Prevenção Outras medidas são estudadas pela Febraban, como a instalação de caixas apenas em locais considerados seguros, como shoppings centers, postos de gasolina 24 horas e próximos a delegacias de polícia e batalhões da PM. A Polícia Civil também tenta reduzir o número de sequestros relâmpagos enquadrando alguns dos acusados em crime de tortura, que é considerado hediondo e inafiançável. Mesmo com essas medidas, a polícia acha que os paulistanos devem se prevenir. Evitar caixas eletrônicos à noite, trafegar sempre com vidros fechados e portas travadas e não namorar em carros estacionados são alguns dos conselhos para quem não quer se tornar a próxima vítima. Mas, quem tiver o azar de ser sequestrado não deve esboçar qualquer tipo de reação, principalmente se os ladrões estiverem armados, como ocorre na maioria dos casos. Segundo a PM, qualquer movimento brusco, como tirar o cinto de segurança, mexer no câmbio ou abrir o porta-luvas pode fazer o assaltante disparar, por pensar que a vítima irá reagir. Outra atitude, que a própria PM reconhece ser difícil, é tentar não demonstrar nervosismo, principalmente diante de um criminoso armado. A polícia também recomenda que a vítima entregue todos os objetos que tiver, pois por nenhum bem material vale a pena correr o risco de ser baleado. |
|