No mundo do vôlei, ousar no saque é preciso. E foi com risco total nesse fundamento, que o Banespa derrubou o império do Fenabb/Suzano no Campeonato Paulista. O time do técnico Ricardo Navajas não conseguiu chegar ao oitavo título e igualar a façanha do saudoso Pirelli, o grande campeão estadual.
Para o Banespa foi a primeira conquista no torneio depois da era Maurício, Marcelo Negrão, Giovane e Tande, que formaram um supertime no final dos anos 80 e começo dos 90.
Na terceira partida, que decidiu o título com uma vitória surpreendente por 3 sets a 0, o Banespa foi perfeito: um paredão no bloqueio comandado por Gustavo, uma recepção eficiente com Escadinha, um levantador habilidoso e muita força nos ataques com Axé, Joel e Dirceu. E dois juvenis da pesada: Rafa e Murilo.
Já o Suzano sacou mal, teve problemas na recepção e seus principais atacantes, Dante e Marcelo Negrão, não estiverem bem. Mas podem aguardar: na Superliga, esse time deve render muito mais.
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Ficar na seleção feminina ou assumir o comando da masculina? O dilema do técnico Bernardinho invadiu os jornais, as quadras, as rodas de vôlei. No meio do furacão nas últimas semanas, ele consultou a família, os amigos e amanhã deve dar a resposta aos dirigentes da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
O que chama a atenção nessa história é o processo de indicação dos novos comandos das seleções. Nunca no vôlei brasileiro se viveu uma situação semelhante. Pelo que tudo indica, a CBV deixou nas mãos do técnico a decisão.
Por um lado, esse fato demonstra o prestígio de Bernardinho, dono uma carreira vitoriosa na seleção feminina, com os dirigentes. Mas por outro lado também significa jogar toda a pressão e responsabilidade pela escolha e pelo futuro das seleções em cima dele.
Havia outras maneiras de resolver essa questão. Um exemplo: os dirigentes poderiam ter pedido aos técnicos mais cotados um projeto de trabalho para a seleção. Eles seriam analisados e depois anunciados os escolhidos. A vantagem é que todos seriam ouvidos e não haveria pressão em cima de ninguém.
O certo é que os próximos quatro anos serão difíceis para os futuros técnicos. A seleção feminina necessita de uma renovação. A masculina, mergulhada em seis anos de maus resultados, precisa sair do buraco.
No atual estágio do vôlei brasileiro não se podem mais fazer escolhas equivocadas ou políticas. O critério deve ser a competência e o currículo. Motivos políticos não podem eliminar as chances de técnicos como Bebeto de Freitas, Ricardo Navajas ou Chico Santos.
Agora é esperar a decisão de Bernardinho. Mas independente das escolhas, é preciso que os novos técnicos sejam exclusivos da seleção. Conciliar clube e seleção, dois mundos de interesses diversos, é uma tarefa quase impossível.
NOTAS:
Italiano
*Depois de três derrotas, o Spezzano, time da brasileira Hilma, conseguiu a primeira vitória no Campeonato Italiano. Derrotou o Reggio Emilia, lanterninha da torneio, por 3 sets a 1. Hilma foi a maior pontuadora do jogo com 28 pontos. Já o Modena, de Ana Flávia, venceu o Ímola por 3 sets a 0 na quarta rodada e está na vice-liderança. O líder é o Bergamo, da peruana Gabriela Perez del Solar.
Os melhores
*No dia 28, a Federação Internacional de Vôlei vai anunciar os melhores atletas e times do século. Na votação pela Internet, que irá até dia 25, os mais cotados são: Karch Kiraly (EUA), Katsutoshi Nekoda (Japão), Alexander Savin (Rússia), Ron Zwerver (Holanda), Lorenzo Bernardi e Andrea Zorzi (Itália). No feminino, as mais votadas são a cubana Regla Torres, tricampeã olímpica, e Takako Takagi, estrela do time japonês medalha de ouro nos Jogos de Tóquio, em 64.