O investimento em ações atrai a maioria dos investidores pela promessa de retornos mais elevados. A tecnologia tornou o investimento em ações algo banal, mas a simplicidade esconde a dificuldade em se fazer o que deve ser feito. Neste sentido, vieses comportamentais despontam nos investidores. Quem não corrige estes vieses, amarga prejuízos. Hoje, comento um destes vieses que tenho observado com mais frequência.

Para aqueles com menos de 30 anos, a forma de acesso a preços de ações e negociação do passado é quase inacreditável.

Lembro que quando eu comecei a investir no mercado de ações, eu só tinha três formas de acompanhar as cotações: ligar para o corretor e perguntar como estava o preço, olhar no jornal impresso no dia seguinte ou ir até a própria B3, que era a Bovespa naquela época.

Ligar para o corretor mais de uma vez no dia era bronca certa se não fosse operar. Em um determinado momento, como falei em artigo anterior, eu era um assíduo visitante da B3. No entanto, no começo, o acompanhamento era só por jornal. Detalhe, eu não comprava o jornal, passava pela biblioteca na Unicamp, onde eu estudava, para dar aquela espiada.

Alguns podem acreditar que ver a evolução das cotações em tempo real faz muita diferença. Acredite, você toma melhores decisões se não tiver acesso à oscilação frenética dentro do dia. Na maioria das vezes, essa oscilação é apenas ruído.

Até mesmo a oscilação diária esconde a real tendência na maioria das vezes.

Afinal, o que representa o investimento em uma ação?

Para muitos, é o simples ato de comprar um código com um preço, apostando que esse preço suba. Muitas vezes a aposta é baseada em minutos ou até segundos.

Sério que ainda tem gente que acredita que é desta forma que se investe em ações?

Vou colocar de forma diferente.

Considere que um amigo lhe chamou para ser sócio na indústria dele. Por exemplo, imagine que ele tem uma fábrica de calçados. Ele disse que você poderia investir R$ 10 mil em ações da fábrica, mas estas ações não estão negociadas em bolsa, pois, por enquanto, apenas você e ele terão estas ações.

Agora te questiono: você vai perguntar para seu amigo a cada minuto por quanto ele compraria de volta as ações? Você sairia a cada hora pela rua gritando para descobrir se alguém pagaria algum valor por suas ações? Você anunciaria nos classificados do jornal para sair no dia seguinte e tentar apenas descobrir se alguém faz alguma oferta?

Colocado desta forma, a atitude de saber o preço com frequência parece ridícula. Concorda?

O que você acha que seria mais relevante:
1 – Saber se alguém que passa na rua pagaria um preço mais alto?
2 – Entender como andam as vendas de calçados, como está a competição na indústria calçadista, como está o orçamento dos potenciais compradores, como está a oferta de crédito para dar acesso a mais pessoas comprarem calçados e outros indicadores nesta linha?

Está claro que o certo a se fazer é o acompanhamento de indicadores como na pergunta 2. Investir em ações é você se tornar sócio de um empreendimento.

Sem dúvida comprar ao preço certo é fundamental e vou falar mais sobre isso no futuro. Entretanto, acompanhar o preço da ação em curto espaço de tempo é quase tão relevante quanto acompanhar os carros passando na rua.

O que você deve acompanhar é o investimento, mas não o preço que outros estão gritando. Quando falo o investimento, me refiro ao negócio do qual você ficou sócio. Portanto, acompanhar os indicadores operacionais da indústria da qual a empresa que você ficou sócio está inserida e de sua própria empresa.

Qualquer decisão que você tome no futuro, deve se basear em como os fundamentos do investimento evoluíram em relação a sua expectativa. Se os fundamentos estão evoluindo como o esperado, a direção dos preços vai convergir para o que se esperava.

Mas isso exige um trabalho muito maior do que a maioria faz. Afinal, ficar olhando para a tela de cotações das ações é muito mais simples e fácil.

Entretanto, ficar olhando para cotações das ações, na maioria das vezes, vai te dar a mensagem errada do que você deveria fazer. Portanto, se você acha que investir em ações se restringe a acompanhar cotações de ações, não entre neste mercado.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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Livro: A Jornada para sua independência Financeira

Sumário

Introdução
Entenda como você alcançará sua independência financeira
Viver de renda é o último passo da jornada para a independência financeira
Estas são as maiores dúvidas sobre a jornada para a independência

Parte 1 Construção do plano
Capítulo 1 O primeiro passo na construção do plano para a independência financeira
Capítulo 2 Como definir a taxa de retorno em seu plano para a independência?
Capítulo 3 Descubra qual patrimônio necessário para alcançar sua independência financeira
Capítulo 4 Na jornada para sua independência, não despreze a importância deste fator
Capítulo 5 Entenda as duas formas que eu apliquei para elevar minha capacidade de poupança
Capítulo 6 Se você dobra este fator, seu patrimônio pode multiplicar muito mais
Capítulo 7 Juntando os pontos para construir seu plano

Parte 2 Montando a carteira para te levar à independência financeira
Capítulo 8 Antes de realizar qualquer investimento, defina estes dois fatores
Capítulo 9 Para que seus investimentos ganhem do CDI, você precisa fazer duas escolhas; entenda
Renda Fixa
Capítulo 10 Você não deve montar uma carteira de renda se quer chegar ao patrimônio para viver de renda
Capítulo 11 Evite estes dois erros comuns a investidores de renda fixa
Capítulo 12 Na renda fixa, compensa investir em crédito privado em relação ao público?
Capítulo 13 Descubra como ganhar o prêmio da renda fixa privada, mas com baixo risco
Capítulo 14 Esta é a forma mais simples de planejar sua independência financeira com renda fixa
Capítulo 15 Com nossas taxas de juros, descubra se compensa investir em dólar
Renda Variável
Capítulo 16 Correr risco pode acelerar sua jornada para a independência financeira
Capítulo 17 O que é e como surgiram os fundos multimercados?
Capítulo 18 Entenda como selecionar fundos multimercados
Capítulo 19 Imóveis são um investimento adequado para se alcançar a independência financeira?
Capítulo 20 Fundos imobiliários são investimentos mais adequados que imóveis, mas a maioria prefere o pior; entenda
Capítulo 21 Estes fundos imobiliários se assemelham mais a fundos de renda fixa
Capítulo 22 Na seleção de Fundos Imobiliários, cuidado com este indicador
Capítulo 23 Descubra os cinco indicadores que você não pode desconsiderar em fundos imobiliários de papel
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Capítulo 26 Não invista em ações se você pensa desta forma
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Capítulo 33
Capítulo 34 Quando devo trocar um investimento de risco que não está desempenhando?
Fundos de investimentos e Previdência Privada
Capítulo 35 Descubra quando vale a pena investir em fundos de investimentos
Capítulo 36 Entenda os cinco passos para selecionar fundos de investimentos
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Capítulo 37 Fundos multimercados decepcionam no semestre; o que fazer?