Melhor restaurante da cidade, Maní se destaca pela simplicidade dos pratos

Intimida o furdunço em torno da alta gastronomia. Nos desarma, portanto, a simplicidade das refeições no Maní. Há ali um esforço incomum de transmitir genuinidade no tripé cardápio-ambiente-atendimento e impressionar pela despretensão.

O equilíbrio, palavra-síntese da casa, começa pelos chefs. O espanhol Daniel Redondo impõe técnica estrita, que permite a regularidade de sabores e texturas dos pratos a cada feitura. A brasileira Helena Rizzo mostra criativa sensibilidade no manejode ingredientes frescos e locais.

A dupla também deixa evidente a inclinação pelo uso de elementos nacionais como a taioba (hortaliça que lembra a couve) no purê que acompanha a bochecha de boi, a pupunha que ampara o tutano ou ainda o queijo da serra da Canastra que faz base para o pudim, servido com doce de leite cru e sequilho de araruta. Esta planta, aliás, reforça a busca pelas raízes brasileiras e dissipa eventuais comparações com a receita da vendinha na esquina.

A experiência se dá sem excessos, sem pressa. Tome-se como exemplo o arroz de chorizo com grão-de-bico e bacalhau (R$ 99). De início, chega à mesa discreto -eis apenas o peixe e algumas tantas lascas de cebola-roxa. Sem o sal que sobra em alguns preços do cardápio. Sem muita graça, por ora.

O equilíbrio surge na combinação com o arroz de chorizo -e então a receita cresce, em sabor e aroma. À semelhança do que se vive no Maní, uma experiência bem particular que surpreende ao longo do curso.

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MANÍ
R. Joaquim Antunes, 210, Pinheiros, região oeste, tel. 3085-4148

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