Cartola, Zé Keti e Ismael Silva dão relato em obra sobre o Carnaval
da Livraria da Folha
Ubirajara Dettmar/Folha Imagem | ||
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Compositor Cartola, em foto de 1978, dá relato em livro sobre o surgimento das escolas de Sérgio Cabral |
O jornalista e escritor Sérgio Cabral conta a história do carnaval carioca antes e depois das agremiações que organizaram e oficializaram a festa em "Escolas de Samba do Rio de Janeiro" (Lazuli Editora, 2011).
Divulgação |
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Livro narra a história das escolas de samba e do carnaval carioca |
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A obra fala de todas as mudanças da comemoração desde o nascimento do samba até o carnaval moderno, com as passagens mais curiosas e interessantes que envolveram esta transformação.
O volume tem um capítulo só de entrevistas e reúne relatos de alguns dos grandes mestres sambistas, responsáveis por levar a música para além do morro, como Cartola, Zé Keti, Ismael Silva, Carlos Cachaça e Dona Ivone Lara. Caricaturas desta turma da pesada ilustram as conversas da publicação.
No final do volume, Cabral registra o resultado de todos os desfiles, do Grupo Especial ao Grupo E, no decorrer da história.
Confira o início da conversa com Cartola.
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Quando você foi descoberto pelo pessoal de fora do Morro de Mangueira?
Cartola - Foi em 1933, quando Mário Reis veio aqui no morro. Ele chegou com um rapaz chamado Clóvis, guarda municipal, que havia dito a ele que era meu primo, coisa e tal. Clóvis subiu para falar comigo, mas o Mário ficou lá embaixo.
O que eles queriam?
Cartola - Clóvis veio me dizer que Mário queria comprar um samba meu. Eu disse pro Clóvis que não ia vender coisa nenhuma, que aquilo era coisa de maluco, que o Mário devia ser doido. Comprar um samba pra quê? Clóvis me disse: "Ah, vende que ele vai fazer uma gravação." Mas não estava disposto a vender nada. Clóvis tanto insistiu que fui ao encontro do Mário. Cheguei lá, cantei o samba que Mário já conhecia, pois devia ter ouvido em algum lugar, e ele me perguntou quanto eu queria pela música. Aí cochichei no ouvido do Clóvis: "Vou pedir 50 mil-réis." Ele me disse: "Que nada! Pede 500 que ele dá." Mas eu não acreditava: "Espera aí. O homem não é maluco para me dar 500 mil-réis por um samba." Aí, pedi 300 e ele me deu.
Mário Reis gravou a música?
Cartola - Não. Quem gravou foi Chico Alves.
Qual foi o samba?
Cartola - Que infeliz sorte.
(Cartola se enganou quanto ao ano em que ocorreu o seu encontro com Mário Reis. Foi bem antes de 1931, pois a gravação de Que infeliz sorte, com Francisco Alves, foi lançada em dezembro de 1929 pela Odeon.
Depois desta entrevista, num jantar em homenagem ao crítico e historiador Lúcio Rangel, que fazia sessenta anos, informei ao cantor Mário Reis, sentado ao meu lado, que Cartola estava chegando. "Quem? O mestre Cartola?", espantou-se o cantor. Levantou-se e, espalhafatosamente, apesar de discretíssimo para cantar -, saudou Cartola assim:
- Mestre Cartola! Há 35 anos tenho uma notícia para lhe dar: sabe aquele samba que lhe comprei por 300 mil-réis? Só me rendeu 250 mil-réis!)
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"Escolas de Samba do Rio de Janeiro"
Autor: Sérgio Cabral
Editora: Lazuli Editora
Páginas: 496
Quanto: R$ 45,90 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
Atenção: Preço válido por tempo limitado ou enquanto durarem os estoques. Não cumulativo com outras promoções da Livraria da Folha. Em caso de alteração, prevalece o valor apresentado na página do produto.
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