Wyoming espelha diferenças salariais entre homens e mulheres nos EUA
Estado levará 133 anos para atingir igualdade em pagamentos caso não adote políticas para atacar problema
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar com que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
No ritmo atual, Wyoming vai demorar 133 anos para atingir a igualdade salarial entre homens e mulheres caso o estado não adote nenhuma nova política pública ou iniciativa para atacar o problema.
A estimativa, do Instituto de Pesquisas de Políticas para Mulheres, reflete o cenário atual do mercado de trabalho americano, no qual mulheres ganham US$ 0,80 para cada dólar recebido pelos homens.
A disparidade é maior no Wyoming devido ao perfil da economia local, explica Ariane Hegewisch, diretora do programa de emprego e remuneração do instituto. Estados cujas principais atividades são mineração, exploração de óleo e gás e extração de carvão geralmente apresentam maiores salários para homens.
"São ocupações tradicionalmente masculinas, o que faz com que as mulheres acabem desempenhando trabalhos de suporte, que têm salários mais baixos, como os do setor de serviços", afirma ela.
A diferença salarial persiste independentemente da escolaridade —aumenta, inclusive, proporcionalmente ao grau de instrução. Dados do censo americano de 2018 mostram que mulheres com pós-graduação ganham US$ 0,75 de cada dólar pago aos homens com o mesmo perfil.
Nos últimos anos, o tema tem ganhado mais espaço na agenda do Partido Democrata. Durante os debates entre os pré-candidatos à Presidência, a senadora por Massachusetts Elizabeth Warren e Kamala Harris, atual candidata a vice, apresentaram propostas para diminuir essa disparidade.
Barack Obama, durante seus oito anos à frente da Casa Branca, promoveu uma série de programas de inclusão das mulheres no serviço público federal. A maior parte delas, no entanto, teve como base decretos, abrindo caminho para que fossem facilmente revogadas ou substituídas por Donald Trump.
Do lado republicano, há um receio geral de que leis que obriguem empresas a ajustar salários entre homens e mulheres levem a processos judiciais e altas indenizações, afirma Hegewisch.
Um levantamento da organização de promoção dos direitos das mulheres 19ª Emenda mostra que as mulheres que fazem parte do governo Trump recebem, em média, US$ 0,69 de cada dólar pago aos homens. Na gestão Obama, esse número variava entre US$ 0,84 e US$ 0,89.
Desde que o republicano assumiu a Presidência, a maior parte das normas e políticas para conter a disparidade salarial foi criada pelos estados. Em 2017, Wyoming adotou uma lei que proíbe o pagamento de salários diferentes para homens e mulheres que realizem as mesmas funções e exijam o mesmo nível de habilidade, esforço e responsabilidade.
O candidato democrata, Joe Biden, propõe em seu programa de governo a criação de uma lei nacional que proíba empresas de punir funcionários por revelar ou discutir com colegas os salários que ganham.
Mais de dez estados já possuem regras desse tipo, consideradas essenciais para que as mulheres possam negociar e exigir igualdade salarial.
O ex-vice-presidente também apoia um projeto que veta empresas de perguntar o histórico salarial de um candidato, o que pode ser usado para fazer ofertas de trabalho com remunerações menores a mulheres.
Embora Trump não tenha apresentado nenhuma proposta concreta para o tema, o voto feminino é considerado por sua campanha como decisivo para uma vitória nas eleições de novembro.
Entre os diferentes grupos de prováveis eleitores —o voto é facultativo nos EUA—, o das mulheres é o que apresenta maior diferença de intenção de voto: Biden tem o apoio de 61% delas, contra 38% de Trump, segundo pesquisa do Washington Post em parceria com a emissora ABC divulgada na terça (30).
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