Com 40% de obesos, Mississippi lidera epidemia que deixou de ser combatida sob Trump
Republicano revogou projeto de Barack Obama que obrigava escolas a ter comida saudável
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar com que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
De acordo com dados de 2019 do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), 12 estados americanos atingiram taxas de obesidade superiores a 35% entre adultos, um patamar que até 2012 nenhuma região do país havia atingido.
E essa estatística alarmante tem um líder: o Mississippi, com índice de 40,8%, ou 1,5 milhão de adultos obesos.
Não bastassem todos os riscos já conhecidos associados à obesidade, como doenças cardiovasculares e câncer, com a pandemia de coronavírus eles se tornaram ainda maiores. Obesos têm risco maior de complicações pela Covid-19, com mais chances de hospitalização e morte.
Relatório da organização Trust for America's Health, a partir de dados do CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças, na sigla em inglês), mostra que, entre os obesos do Mississippi, 46% são negros, 14,8% têm diabetes, e 43,6%, hipertensão. Quase 40% não praticam atividades físicas.
A faixa etária entre 45 e 64 anos concentra a maior taxa de obesidade: 47,7%. Mas o índice de obesidade infantojuvenil também preocupa: atinge 25,7% das crianças e adolescentes entre 10 e 17 anos.
Nos Estados Unidos como um todo, 19% dos jovens nessa faixa etária estão obesos. Em meados da década de 1970, eles respondiam por apenas 5,5%.
As condições demográficas e de vida da população têm grande impacto nessas estatísticas. Quanto maior a renda de uma pessoa, menor é a chance de ela ser obesa. Indivíduos com menos escolaridade e que moram em áreas suburbanas e metropolitanas também são mais propensos à obesidade.
"Resolver essa crise exigirá enfrentar as condições de vida das pessoas que levam à insegurança alimentar e criam obstáculos para opções de alimentação saudável e atividade física segura”, diz John Auerbach, presidente da Trust for America's Health, responsável pelo relatório.
“A pandemia deste ano mostrou que essas condições não só aumentam o risco de obesidade e doenças crônicas, mas também o risco de resultados mais graves na Covid.”
No governo de Donald Trump, houve importantes retrocessos no enfrentamento dessa crise. Um deles foi a revogação de um decreto da gestão de Barack Obama que estabelecia alimentos mais saudáveis nas escolas americanas. A ideia tinha sido da ex-primeira-dama Michelle Obama.
Desde então, pizzas, hambúrgueres e batatas fritas voltaram a ser servidos nos refeitórios escolares. E as escolas passaram a ter permissão para reduzir a quantidade de verduras, frutas e outros alimentos frescos na merenda.
Trump também fez uma consulta pública para mudar as regras de um programa que oferta vale-refeição a pessoas de baixa renda para a compra de frutas, vegetais e outros alimentos saudáveis. A mudança tornaria inelegíveis famílias que já recebem outra assistência pública federal.
No Mississippi, uma série de iniciativas de enfrentamento da obesidade estava em curso antes da pandemia, como aulas grátis de dança e outras atividades físicas, além de culinária saudável.
Algumas foram temporariamente suspensas devido às regras de distanciamento social, outras ganharam força, como programas online para a perda de peso que envolvem dieta, exercícios e apoio emocional. Os encontros virtuais acontecem duas vezes por semana.
Segundo Barbara Broadwater, diretora executiva do Fundação Mississippi contra a Obesidade, o programa é voltado para a população de maior risco: obesos diabéticos, hipertensos e que têm dores nas articulações por causa do excesso de peso.
Não há propostas para enfrentamento da obesidade nos sites das campanhas eleitorais de Donald Trump e do democrata Joe Biden.
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