Série investigou 50 estados e 2 candidatos dos EUA a partir de vários home offices
Reportagens mergulharam nos problemas americanos que formam caldo de 2020 no país
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Era o início do segundo semestre de um ano em muitos sentidos atípico, mas as eleições presidenciais americanas continuavam marcadas para o então distante 3 de novembro —em algum lugar do calendário perto da data em que estaríamos olhando para a pandemia pelo espelho retrovisor, segundo gostávamos de acreditar naquele momento.
No ritmo particular que acelerou e também suspendeu a passagem do tempo em 2020, o caótico caucus para escolher o candidato democrata em Iowa, em fevereiro, parecia ter acontecido anos antes. Os protestos contra o racismo e a violência policial que se multiplicaram pelo país depois da morte de um homem negro asfixiado por um policial branco, em maio, por sua vez, continuavam reverberando.
O Brasil contava naquele momento pouco mais de 60 mil mortos em decorrência da Covid-19 e quase 1,5 milhão de casos confirmados. Nos Estados Unidos, eram 2,7 milhões de infectados e 128 mil mortes.
Com a Redação da Folha trabalhando de modo remoto, a reunião de pauta para discutir os próximos passos da cobertura da corrida à Casa Branca foi, como virou regra, virtual.
Da conexão que aproximou diferentes home offices em São Paulo com a correspondente em Washington, surgiu a proposta de investigar os diferentes microcosmos que são cada um dos 50 estados americanos e entender do que são feitos os Estados Unidos. O projeto pretendia também discutir com que estratégias Donald Trump e Joe Biden planejavam enfrentar esses dilemas se fossem eleitos —durante a apuração, ficou claro que, em muitos casos, nem eles sabiam.
Para viabilizar a produção, foi preciso montar o quebra-cabeça com estados, pautas e repórteres
—que, sem poder viajar devido à quarentena, fizeram seu trabalho de dentro de casa, fosse ela em Washington, São Paulo ou no interior de Minas Gerais.
A série começou a ser publicada a 50 dias da votação com as origens do déficit habitacional na Califórnia, o racismo em Minnesota, a discriminação contra LGTBs no Missouri, e as consequências da Guerra Fria 2.0 travada com a China em Indiana. Cinco dias depois, os temas foram a superlotação carcerária em Idaho, os entraves à legalização da maconha no Colorado, a exploração de óleo e gás no Alaska, o porte de armas no Arkansas e o discurso sobre o perigo que um governo democrata representaria aos subúrbios americanos, no Arizona.
Os textos trataram também dos tiroteios nas escolas, que colocam o Alabama no topo de um ranking macabro, dos efeitos da violência contra mulheres em Nevada, do levante pela derrubada de estátuas que remetem a um passado racista,do déficit fiscal que alimenta a desigualdade em Nova York, da pandemia do coronavírus na Flórida, dos supremacistas brancos que ganharam protagonismo desde a passeata de 2017 na Virgínia, das brigas travadas pelos indígenas na Dakota do Norte, da reforma educacional em Maryland, da sombra da judicialização do processo eleitoral que paira sobre Wisconsin, e do medo que os moradores do Havaí têm dos efeitos da tensão com a Coreia do Norte.
Os repórteres se debruçaram ainda sobre a falta de acesso à saúde e um programa inovador implantado na Carolina do Norte, a reforma no sistema eleitoral, ainda sob os reflexos das primárias em Iowa, a supressão de votos no Kansas levada à Suprema Corte, o abismo salarial entre homens e mulheres em Wyoming, as manifestações de professores por melhores saláriosem Oklahoma, o direito ao aborto na Louisiana, a defesa do estado laico em New Hampshire, o impacto das fake news no processo eleitoral em Nova Jersey, a crise dos opioides em Ohio e a evasão fiscal em Delaware, um dos maiores paraísos fiscais do planeta.
Depois, reportagens jogaram luz sobre as dívidas estudantis em Massachusetts, a taxação de bilionários em Nebraska, o desemprego em Rhode Island, os crimes violentos que poupam o Maine e a tese de fraude nos votos por correio derrubada pelos números em Utah.
Os textos abordaram o suicídio adolescente no Novo México, o combate à obesidade no Mississippi, a crise fiscal em Connecticut, a corrupção em Illinois, a falta de representatividade das minorias a partir da Geórgia, a pena de morte na Dakota do Sul, o drama da aposentadoria em Vermont, a polarização na Pensilvânia, a pobreza na Virgínia Ocidental e a poluição no Kentucky. No último bloco, ficaram os grupos de ódio no Tennessee, os protestos antirracistas no Oregon, a falta de creches em Montana, os refugiados em Washington e a crise industrial que assola regiões como Michigan.
50 reportagens depois, faltam dois dias para a eleição, os mortos pela Covid já são quase 159 mil no Brasil e mais de 229 mil nos EUA, e o fim da crise não se vê nem no horizonte, muito menos no retrovisor.
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