Felipe Jannuzzi gosta de beber —e tem uma queda por destilados.
No rol das bebidas em oferta, prefere as fabricadas em processos mais comedidos, que preservam características de aroma e sabor da matéria-prima, ao caminho da multidestilação, "porque daí só sobra o etanol", explica, "e fica tão sem graça". No caso, ele fala sobre a cana-de-açúcar.
Não deu outra: encantou-se pela cachaça, monodestilada, que é "uma das poucas bebidas do gênero com tanta variação sensorial". Em pesquisa, descobriu que a branquinha de Minas é diferente da paraibana, que, por sua vez, também se difere da "marvada" produzida no interior de São Paulo. Isso fora os métodos de envelhecimento em madeiras nativas —freijó, amburana, bálsamo.
Uma dose de cá, um tantinho de prosa com um produtor de lá, Jannuzzi virou um dos maiores especialistas no assunto no país. Seu projeto "Mapa da Cachaça", que toca em parceria com Gabriela Barreto, deve virar livro em setembro.
Há cerca de dois anos, recebeu de um colega holandês o convite para produzir gim. "Gim?", devolveu. A saber, trata-se de uma bebida multidestilada.
Convencido, aceitou o desafio com a condição de ser "uma receita bem brasileira".
Para começar, o Virga, "o gim do Brasil", é produzido desde o ano passado em um alambique de cachaça em Pirassununga, no interior paulista.
A receita leva, além do obrigatório zimbro, sementes de coentro, pacova (planta da mata atlântica) e uma dose de cachaça, que é produzida exclusivamente para esse fim.
"É o meu toque", ri.