Flórida se tornou laboratório da postura errática de Trump diante da pandemia
Ao seguir roteiro de reabertura proposto por presidente, estado registrou maior marca de infecções diárias desde início da crise
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
A Flórida é um dos estados determinantes para Donald Trump ser reconduzido ou não à Casa Branca e se tornou uma espécie de laboratório da postura errática do presidente diante da pandemia que já matou ao menos 200 mil pessoas nos EUA.
Trump viu no governador republicano Ron DeSantis o aliado perfeito para navegar entre o discurso a seus eleitores e as necessárias medidas contra o coronavírus, combinação que transformou a crise sanitária no elemento central da disputa de 3 de novembro.
Ao seguir o roteiro do presidente, que defendeu a reabertura econômica precoce, DeSantis viu a Flórida registrar mais de 687 mil casos e 13.415 mil mortes por Covid-19 até agora, além de bater, em julho, o recorde de 15 mil diagnósticos em 24 horas, maior marca de infecções diárias desde o início da pandemia.
Pressionado pelos números, o governador precisou rever a retomada no estado, ao mesmo tempo em que Trump mudava mais uma vez de comportamento conforme via sua popularidade cair.
A aprovação do presidente tem acompanhado a gravidade da pandemia, e seu adversário, o democrata Joe Biden, passou a liderar as pesquisas nacionais e na maioria dos estados-chave —inclusive na Flórida, ainda que por margem apertada— conforme a situação piorava no país.
Os EUA são líderes mundiais em casos e mortes por Covid-19. Além dos 200 mil óbitos, mais de 6,9 milhões de pessoas foram contaminadas, escancarando desigualdades e deixando milhões de desempregados em uma crise cuja resolução será o maior desafio do próximo (ou do mesmo) presidente.
A Flórida foi uma das regiões mais atingidas pelos novos surtos que assolaram ao menos 43 dos 50 estados americanos no meio do ano, em um alerta de que a crise não estava sob controle e que a rota de reabertura traçada por Trump havia fracassado.
O primeiro caso confirmado de Covid-19 nos EUA foi em 21 de janeiro. Somente em 13 de março, com 2.000 diagnósticos e mais de 40 mortes, o presidente declarou emergência nacional e adotou medidas de distanciamento social que foram estendidas até o fim de abril.
Apesar da cautela de sua equipe técnica, liderada por Anthony Fauci, o presidente passou a defender a reabertura econômica, com medo de que o impacto da crise e do alto índice de desemprego —que saltou de 3,5% em janeiro para 14,7% em abril— prejudicassem sua campanha à reeleição.
Nessa seara, Trump estava certo. Segundo o Instituto Gallup, ele tinha 49% de aprovação em março, índice que despencou para 38% em julho, quando os EUA foram atingidos pelos novos e graves surtos do vírus.
O presidente recuperou um pouco o fôlego e chegou a 42% em setembro, época em que as transmissões pareciam ter dado uma trégua —especialistas, no entanto, afirmam que deve haver novos repiques nos próximos meses, com o fim do verão americano e o retorno das aulas em escolas e universidades do país.
Até lá, Trump tenta controlar a narrativa com a ideia de que uma vacina contra a Covid-19 será aprovada e distribuída em breve. Seu desejo é que isso aconteça antes da eleição, o que é pouco provável.
Biden, por sua vez, tem um comportamento diferente do de Trump, marcando a oposição com uso de máscara e participação reduzida em eventos públicos. O democrata defende que a vacina, quando aprovada, siga critérios de distribuição, priorizando trabalhadores essenciais e grupos de risco.
Mas, antes disso, ainda é preciso saber como estará a percepção da pandemia sobre estados-pêndulo como a Flórida em novembro. Essas regiões vão determinar a escolha de quem, à frente da Casa Branca, precisará refazer um país colapsado pela tragédia de saúde pública somada à recessão econômica.
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