Conservador, Tennessee retrata a força dos grupos de ódio nos EUA
Estado sulista tem maior proporção de entidades racistas; tema cresceu no governo Trump
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Cinquenta dias antes da eleição americana, a Folha começou a publicar a série de reportagens “50 estados, 50 problemas”, que se debruça sobre questões estruturais dos EUA e presentes na campanha eleitoral que decidirá se Donald Trump continua na Casa Branca ou se entrega a Presidência a Joe Biden.
Até 3 de novembro, dia da votação, os 50 estados do país serão o ponto de partida para analisar com que problemas o próximo —ou o mesmo— líder americano terá de lidar.
Com sede em Knoxville, no estado americano do Tennessee, a Igreja Batista de Todas as Escrituras vai logo avisando, em seu site: “Não espere nada liberal, diluído ou contemporâneo aqui”.
O ultraconservadorismo se manifesta de maneira um tanto mais sinistra quando a igreja trata do que vê como o maior perigo para humanidade: a homossexualidade.
“Acreditamos que a sodomia é um pecado contra a natureza. [...] Deus disse que a homossexualidade deve ser punida com a pena de morte, como escrito em Levítico 20:13”.
A igreja fundada em 2017 é um dos grupos de ódio que operam no estado, de acordo com o Southern Law Poverty Center, instituto dedicado ao combate à discriminação.
A entidade mapeou 38 dessas organizações no Tennessee, cuja população é de pouco menos de 7 milhões de habitantes. Isso faz do estado do sul dos EUA o que tem maior proporção per capita no país de entidades que se dedicam a atacar minorias como gays, negros, muçulmanos ou judeus.
Muitos deles operam abertamente, como a rádio Blood River, sediada na cidade de Bartlett, que tem claras simpatias neonazistas. Sua programação é dedicada a combater “a maré crescente do genocídio branco global e servir como defensora da raça branca”.
Sua tese é a de que a maioria branca está ameaçada e que é preciso combater “mentiras” sobre a Guerra Civil Americana (1861-65) e o nazismo. “Mostraremos a verdade sobre o Partido Nazista, os soldados, a população alemã e as SS [organização paramilitar do regime]”, diz a rádio.
O estado tem ainda ao menos quatro grupos que são de alguma forma ligados à Ku Klux Klan, espécie de mãe de todas as organizações racistas americanas, criada no século 19.
A atuação de grupos de ódio nos EUA ganhou maior relevância na atual campanha presidencial, em razão de um tratamento visto como mais condescendente dispensado a essas organizações pelo presidente Donald Trump em diversas ocasiões ao longo de seu mandato. Em 2017, por exemplo, o presidente foi criticado por ter relativizado um conflito entre supremacistas brancos e grupos antirracistas na cidade de Charlottesville, no estado da Virgínia, dizendo que “ambos os lados” eram culpados.
Mais recentemente, ele recusou-se a se distanciar dos Proud Boys, também considerados um grupo de ódio, durante o primeiro debate presidencial com Joe Biden. A organização atua em diversos estados americanos, incluindo o Tennessee.
Um dos estados americanos que declararam secessão dos EUA no século 19 para manter o sistema escravocrata, o Tennessee é um reduto conservador no país e uma base política sólida do Partido Republicano, que venceu lá as últimas cinco eleições.
Em 2016, Trump obteve 61% dos votos, contra 35% de Hillary Clinton. Neste ano, não deve ser diferente. As pesquisas têm dado 54% ao atual presidente no estado, dianteira confortável sobre Joe Biden, com 41%.
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