Sabe aquelas antigas propagandas que diziam que determinado lugar —um restaurante, por exemplo— tinha ambiente "familiar"? Pois é, prestes a completar seu primeiro ano, o Paramount, especializado em drinques e coquetéis, poderia ter um "reclame" assim. De trás do balcão, José Francisco de Oliveira Neto, 43, o Netinho, vê suas três irmãs o ajudarem a pôr em pé sua segunda maior realização.
Metade dos seus 24 anos de São Paulo esse piauiense passou fazendo coquetéis no badalado Astor, na Vila Madalena. Quando Laura, 3, sua filha —essa, sim, sua maior realização—, estava prestes a nascer, aflorou nele também o desejo de ter seu próprio bar.
Entre o sonho e a estabilidade do emprego certo, ficou com o primeiro. Surgiu assim, no espaço de uma antiga pastelaria, na rua dos Pinheiros, o Boteco Paramount. "Todo mundo me falava que eu ia abrir um comércio bem no meio da crise, mas eu precisava fazer alguma coisa minha", diz Netinho.
Sem luxo e afetações dos bares que perseguem o clima de botecos, o ambiente é simples. Pequeno e com mesas na calçada, abre mão da mobília e da decoração milimetricamente ensaiadas.
Você pode encostar no balcão apertado e conversar com o dono e, de quebra, ainda experimentar uma Carolina —purê de agrião, limão-siciliano, xarope de açúcar e gim, a grande estrela da casa. Com ele, peça um Fitzgerald (limão-siciliano, gim, açúcar e três gotas de Angostura) ou um Larangin (gim com geleia de laranja, grãos de café e twist de laranja-baía).
Dá para ir embora sem a sensação de que o nome e a badalação vêm juntos na sua conta. Assim, um negroni sai por R$ 18,90 e o gim-tônica, R$ 19. "O segredo do preço é procurar o fornecedor certo", explica Netinho. Para tanto, ele conta, claro, com a ajuda de outro irmão. Afinal, é um boteco familiar.
*
Boteco Paramount. R. dos Pinheiros, 1.179, Pinheiros, tel. 3297-8185.