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Diário de confinamento: 'As piedras no caminho'

Chovem críticas ao plano de desconfinamento em quatro etapas na Espanha

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Barcelona

Dia #47 – Quarta, 29 de abril. Cena: Escutando no repeat “Mistério do Planeta”, dos Novos Baianos.

"Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália está ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses resiste ainda e sempre ao invasor..."

Lembrei das historinhas do Asterix da minha infância (obrigada, pai, por emprestar sua coleção) quando vi uma notícia solta desses dias: um homem foi preso na localidade de Lugones, em Astúrias, fazendo cooper pelado durante o confinamento.

Lugones é um pitoresco pueblo de pouco mais de 13 mil habitantes. O nome, de origem celta, me remeteu aos acampamentos romanos dos comics de Goscinny e Uderzo.

De fato, existem vestígios de presença romana por ali. O lugonense nudista assim explicou à polícia sua atitude: "Estou bem louco de coca e saí pra correr!".

Criança brinca com pipa em praia de El Masnou, próxima a Barcelona, após algumas restrições serem levantadas na Espanha - Albert Gea 29.abr.2020/Reuters

O governo espanhol anunciou nesta terça (28) um desconfinamento nacional em quatro etapas, a ser realizado de forma gradual e "assimétrica" ao longo de até oito semanas, segundo o perfil epidemiológico de cada região.

Menos de 24 horas depois, chovem críticas ao projeto.

Teodoro García Egea, secretário-geral do principal partido de oposição, o PP (Partido Popular), comentou que "não há plano", mas uma série de "imprecisões".

Representantes da oposição se queixaram de terem sido excluídos das decisões novamente, como já havia acontecido com a prorrogação do estado de alarme.

Ao contrário de outros países europeus, a Espanha optou por uma desescalada modular, sem datas fixas.

A ideia é que comunidades autônomas menos atingidas pelo vírus, como as ilhas Canárias, possam adiantar o processo de desconfinamento.

Algumas administrações locais de orientação nacionalista criticaram o que consideram uma tentativa de "recentralização" do governo com o novo plano.

Uma das vozes mais críticas é a Catalunha. Aqui, segunda região do país em número de mortos e contágios, mais de mil leitos de UTI ainda se encontram ocupados por pacientes de coronavírus e outras enfermidades —o dobro de todos os leitos disponíveis antes da pandemia.

A comunidade já soma quase 50 mil casos confirmados e 5.000 mortos.

O setor de restaurantes e bares de Barcelona, um dos mais afetados pela crise e pelas novas medidas, anunciou que 72% dos estabelecimentos com mesas ao ar livre da cidade dispõem de 16 cadeiras ou menos.

Segundo o plano de desescalada, isso significaria reabrir os negócios com capacidade máxima de cinco pessoas.

"Que estabelecimento pode funcionar com uma lotação máxima de 4,8 pessoas? (...) É hora de ampliar as terraças", cobrou Roger Pallarols, representante do Gremi de Restauradors de Barcelona.

O que eu sei é que hoje está especialmente difícil escrever. #ProntoFalei. A neovida encaixotada é assim, tem dias em que a mente se turva, os troços de mil informações/desinformações/opiniões/críticas/notícias-de-corredores-nudistas-cheirados-presos se sobrepõem e formam uma maçaroca sem-cara de Cousas Fugazes.

Tô com vontade de ver aquele filme "Feitiço do Tempo" aka Dia da Marmota de novo, só pra ninar meus ânimos vendo o Bill Murray falar: “O que você faria se estivesse preso em um lugar, e cada dia fosse exatamente igual, e nada que você fizesse importasse?”.

“Músicas para Quarentenas” podem ser escutadas aqui.

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