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Diário de confinamento: 'Separados por confinamento, casais marcam encontro no supermercado'

Aplicativos de relacionamento em tempos de coronavírus fizeram surgir os 'coronamatches'

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Barcelona

Dia #22 – Sábado, 4 de abril. Cena: tirando selfies de pijama.

El País publica uma reportagem sobre casais separados pelo corona que combinam de se encontrar “casualmente” no supermercado.

A estratégia é limitada (se tua metade da laranja não viver na vizinhança, digo) e controversa. “Em sua casa você está em sua casa, mas, na rua, deixa de ser livre”, filosofa uma entrevistada.

Uma caixa de supermercado se queixa de que tem que enxotar casais jovens do estabelecimento. O supermercado é a nova disco, o último reduto do footing, sei lá, tô velha. Espera, vou ao mercado.

Casal usando luvas e máscaras de proteção em um banco em Sevilha, na Espanha - Cristina Quicler - 14.mar.20/AFP

Voltei. Sobre esse novo problema dos tempos do vírus, um policial pondera: “Não sei se seria sancionável”. Afinal, sair pra comprar ainda pode. E estar acompanhado ainda não é motivo de multa. E beijar... beijar em público pode?

Pra coroar o Desafio do Confinado, os solteiros e os casais separados pelo isolamento social (eu! e o Antonio Banderas, que tem uma namorada confinada na Suíça) têm que dormir com o travesseiro. Abraçado, não, que abraço não pode.

Ou, claro, entra no Tinder/Grindr/FinderDeAmorNosTemposDoVírus (os solteiros, os solteiros). O Tinder registrou um crescimento de 25% no volume de conversas durante o confinamento na Itália e na Espanha.

Todos esses apps têm soltado suas pérolas, na linha do “isolar-se não é desconectar-se”. Os matches de Tinder recebem recomendações da OMS pra evitar contágios, o que inclui levar álcool em gel para os encontros (soa estranhamente erótico, só que não).

Já o Meetic, plataforma de encontros popular na Europa, estreou o capcioso termo “slow dating”. E também o podcast Amor e Quarentena, com conselhos pra a fauna emoticon-sexualmente ativa, emparelhada ou não.

Depois do “speed dating” que estava na moda aqui na Espanha para conhecer um monte de gente de uma sentada, agora a gente tem tempo. Muito tempo.

Tenho conhecidos com dificuldades em administrar tantos coronamatches e futuros-quiçás-dates. Entre os perfis, algumas exceções convidam pra uma escapada “proibida”.

No outro lado do espectro amoroso, conheço casais que estão passando o confinamento juntos numa boa. E alguns que se separaram. E seguem vivendo juntos. Até que o fim do confinamento os separe.

De videochamada em videochamada com o digníssimo, vou cantarolando musiquitas pessoais, recuperadas de manuscritos de uma era distante, quando caminhávamos de braços dados pela rua:

“Estou só

estamos todo no seguro do carro

esperando as trepadeiras do céu

tombarem sobre os nossos corpos”.

(“A Casa” - cantar em ritmo de marchinha)

“Músicas para Quarentenas” podem ser escutadas aqui.


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